Formado no ano de 2020, na cidade de São Cristóvão/Aracaju, Estado de Sergipe, o BESTIALGOAT milita pelos caminhos de um gênero maldito, o War Metal. No entanto, inusitadamente, e ao contrário da grande maioria dos adeptos do gênero, o BESTIALGOAT é tudo menos um trabalho “lo-fi”. Hoje, no 06 perguntas para, recebemos o BESTIALGOAT.
1- Salve camaradas! Para mim, como um admirador do War Metal desde o seu início em fins dos anos 80 e início dos anos 90, é sempre um prazer entrevistar bandas do gênero. No entanto, como eu disse no caput da matéria, o BESTIALGOAT tem uma peculiaridade pouco comum no War Metal que é o fato de não ser uma banda “lo-fi”. Como vocês se inserem e se veem no contexto do War Metal?
I. Lead Injektor: Salve, M. Prophanator e equipe do Lucifer Rex! É sempre um prazer participar do trabalho de vocês. Então, acho que somos meio que algo à parte nesse contexto por conta de algumas peculiaridades, de fato, como ainda permanecermos utilizando uma programação de bateria nos álbuns, bem como pelo fato de ainda não termos tocado ao vivo etc., mas, além disso, há também o fator da forma como gravamos e produzimos, pois, mesmo utilizando métodos modestos, nós naturalmente buscamos o melhor resultado possível, que é nitidez no som dos instrumentos e vocais, mas sem perder o peso e a atmosfera que esse tipo de som propõe. Para mim, a essência do War Metal está na música instintivamente caótica, rítmicas marchantes, e no peso e ferocidade das composições e da execução, além da temática, é claro. Ou seja, é muito mais que ostentar um visual terrorista e tocar rápido, executando um som tosco e sem sentido, a meu ver.
A. Mutilator: Nekrohailz, Marcel e Lucifer Rex! Obrigado pela oportunidade de mostrarmos ao mundo nosso projeto. Embora as principais referências do estilo e consequentemente minhas maiores inspirações para compor utilizem de métodos de gravação mais “lo-fi”, desde o começo do projeto, nosso processo de gravação e composição sempre foi praticamente o mesmo, mas sempre buscando a melhor forma de fazê-lo. Acima de qualquer coisa buscamos brutalidade e qualidade, mesmo que utilizando poucos recursos e muita força de vontade.
2- O BESTIALGOAT conta com dois materiais lançados: o EP “Anihilation.Blasphemy.Torment” e o recém lançado full “ra”. Eu gostaria que vocês apresentassem o material, da perspectiva não do músico, mas do fã do War Metal. O que vocês buscavam com esse material?
I. Lead Injektor: Bom, o EP foi uma espécie de extensão da demo que havíamos lançado de forma totalmente independente em 2020, proposto por Andrey do selo Nascemos Mortos – a quem somos muito gratos, por sinal – em que remasterizamos e incluímos uma faixa demo caseira como prévia para o Full que ainda não tinha previsão de lançamento. Nesse tempo o Full já estava sendo composto, mas, o Nascemos Mortos não pôde lançá-lo, então surgiu a oportunidade de estrear o selo Brasilis Produções, que acabava de ser fundado através da minha outra banda, a Effigies Mundus, que vem fazendo um trabalho extremamente minucioso e todos ficamos muito satisfeitos com o resultado. Quanto a perspectiva de fã, cara… Acho que mirava um War Metal mais original, mas ao mesmo tempo insano e brutal como no Campo de Extermínio do Holocausto e no I.N.R.I. do Sarcófago, e que nos arremetesse à Guerra, é claro, com rítmicas que soassem como marchas militares etc., e que os riffs seguissem um sentido, uma lógica pensada para soarem perversos e caóticos, jamais colocados de forma aleatória como parece ser feito por diversas bandas por aí.
A. Mutilator: Nossa primeira demo, foi algo composto principalmente para realização pessoal, não tinha nenhuma pretensão de continuar com o projeto após ela, tanto que a maioria dessas cópias independentes citadas acima, foram entregues apenas a Irmãos de Guerra bastantes próximos nossos. Até que surgiu Andrey e deixou claro sua admiração pelo projeto e fez uma reedição de nossa demo em forma de EP. Após umas críticas construtivas, e o retorno imediato de apoiadores do projeto, surgiu novamente o impulso de profanar a cena do Black Death Metal novamente, então, comecei a compor as demos ainda sem uma previsão de lançamento ou até mesmo de gravação. Mas enfim, programei a bateria, gravei os vocais os e passei para I. Lead Injektor compor a parte dele. Na composição dos sons tanto da Demo/EP como do Full, nada foi planejado, os ritmos marciais, as batidas ritualísticas, enfim toda a massa sonora que os materiais se tornaram, foi composições nossas inspiradas pelos “Bestial Warlords”.
3 – Ainda sobre o War Metal, percebe-se hoje, no Brasil, o surgimento de algumas bandas que militam no gênero. Bandas como BESTIALGOAT, WOLFLUST, UNFATHOMABLE, OSCULUM INFAME, TORMENTADOR entre outras. Todas as citadas são duos. Mero acaso ou tem algo por trás? Quais seriam as vantagens e desvantagens em um duo?
I. Lead Injektor: Sobre isso, eu creio que a resposta para a segunda justificará a primeira: EU acredito que, devido às circunstâncias, há mais vantagens em um War Duo como a praticidade na tomada de decisões, bem como a produção musical mais centralizada, além do alinhamento de ideias ficar mais estreito, visto que mais opiniões e influências podem gerar mais discordâncias etc. Sobre desvantagens, como já acontece com qualquer banda mais independente, sobra mais trabalho, como compor para e gravar 2 instrumentos, por exemplo, além da parte gráfica, produção e tudo mais, porém, também tende a ser gratificante para nós ser tão ativos e produtivos. Simplesmente “faça você mesmo” e curta o processo.
A. Mutilator: Parece até ser algo pré-fabricado, mas é no nosso caso principalmente o que I. Lead Injektor disse se aplica perfeitamente a nossa situação, menos problemas, mas, mais trabalho. Mas, a conclusão justifica o processo.
4-Ainda sobre o material lançado, fiquei muito feliz em receber o CD em mídia física, além da camiseta. Qual a relação de vocês com a mídia física e merchan – camisetas, patches etc.? Existem planos para lançamentos em k-7, vinil etc.? Como adquirir o material e o merchan do BESTIALGOAT?
I. Lead Injektor: Fico feliz que tenha curtido o nosso material, é muito gratificante saber disso! Eu consumo esse tipo de material o tempo todo, principalmente camisas, CDs e vinis. Sobre lançamento em outros formatos, cogitamos lançar em K7 pela Brasilis Produções também, mas esse é um plano que ficou congelado devido a circunstâncias atenuantes, mas que não está descartado. Quanto a vinil, é um sonho distante por conta dos custos, obviamente, mas, quem sabe um dia. Para adquirir o CD, basta acessar o Instagram da Brasilis Produções, lá o interessado é direcionado ao Whatsapp do selo, que envia para todo o Brasil, enquanto camisas, bem, fizemos uma tiragem limitada que já está praticamente esgotada, muitas por aqui pelo nosso Estado e algumas para fora, então, se resolvermos fazer uma nova, anunciaremos no Instagram do BESTIALGOAT.
A. Mutilator: Muito bom que tenha gostado dos materiais, cara, tudo foi feito na base da força bruta e ficamos bastante satisfeitos com o resultado. Sou um apreciador e consumidor de material físico, dou muito valor as mídias físicas, seja ela LP, CD ou K7. A nossa aliança com a Brasilis Produções foi muito importante para materializar esse lançamento, quem pegar uma dessas cópias limitadas vai sentir o peso e o valor de todo o suor que foi derramado para conseguir concretizar isso.
5-Até onde eu sei, o BESTIALGOAT ainda não se apresentou ao vivo. Existe o interesse e a possibilidade da banda se apresentar ao vivo? Se sim, como contactar vocês para agenda? De qualquer maneira, apresente suas redes sociais e contatos. E por falar em apresentações ao vivo, gostaria também que vocês comentassem sobre o excelente vídeo para “Bloodsplattered Holocaust”.
I. Lead Injektor: Bom, sobre o vídeo da “Bloodsplattered Holocaust”, foi um lance bastante inusitado e totalmente fora da curva, pois não havia planos para isso. Acontece que foi uma ideia proposta pela Brasilis Produções – que produziu todo o vídeo, então convoquei 2 aliados muito competentes para completar a tropa na bateria e no baixo (cujo é o único membro do TERROR, também da Brasilis Produções) e fazermos acontecer. O propósito principal era dar suporte na promoção do Full – que estava prestes a ser lançado – e que eu acredito ter dado certo. Além disso, curtimos muito o processo todo e ainda mais o resultado final. Quanto a shows, da minha parte, houve um interesse mais recente nisso, quando recebemos sondagens para tocar ao vivo, e o fato de termos gravado um ótimo vídeo “live studio session” com uma banda completa funcionando bem (ensaiando apenas duas vezes) me animou bastante para essa possibilidade, mas, por fatores logísticos, infelizmente tivemos que recusar.
A. Mutilator: Apenas completando, minha ideia inicial sobre o BG era apenas uma demo, hoje estamos com lançando nosso full album e ainda gravamos uma live session, que foi uma experiência muito foda, fazia tempo que eu não frequentava estúdios e posso dizer que foi um retorno triunfante. Muito obrigado Brasilis Produções pelo convite e a Induxdivato P. e D. Executer pelo apoio no baixo e na bateria, respectivamente. Enfim, já fomos muito além da ideia inicial e pretendemos ir ainda mais longe, mas não por agora. CONTATOS:
Instagram: https://www.instagram.com/bestialgoat/ | Facebook: https://www.facebook.com/bestialgoat666 | Bandcamp: https://bestialgoat.bandcamp.com/
6 – Para encerrar eu trago sempre uma pergunta padrão, onde eu trago algumas informações sobre a trajetória do entrevistado e pergunto o que o motiva a continuar e se tudo valeu a pena. Vocês são uma banda nova, com integrantes jovens, então vou adaptar a questão: O que motiva vocês a militarem no underground? E por que vocês acreditam que pode valer a pena?
I. Lead Injektor: Minha motivação principal se dá pela minha Verdadeira Vontade, pois se trata praticamente de um instinto, um impulso criativo que transcende o mero desejo de ter uma banda. Então, eu acredito que integrar o Underground é consequência disso, já que também não somos profissionais da música, o que provavelmente proporciona esse regozijo imensurável, pois sei que, apesar das glórias, viver de música implicaria uma incerteza muito grande, o que certamente acabaria refutando todo o propósito, enquanto no Underground, fazemos o que queremos, sem pressão, cobranças exacerbadas, julgamentos descabíveis, exposição constante, exigências externas etc., sem nada que interfira na nossa arte, ou que limite a nossa expressão. Trata-se de algo que depende somente de nós mesmos e de mais ninguém. Na minha visão, é isso que faz valer a pena.
A. Mutilator: Independente do “sucesso” ou não, o underground é a minha vida, tudo que eu faço gira em torno do underground, o Metal Negro é a melhor forma de expurgar todo o ódio contra essa humanidade falha repleta de crenças inúteis. E é isso que me motiva a sempre seguir em frente.
HAIL WAR HAIL SATAN!!!
