06 Perguntas para Místico – HEIA

"O Black metal me surpreende a cada dia"

Entrevista

A poucos meses eu tive a oportunidade de presenciar uma apresentação de uma das mais lendárias e obstinadas bandas do nosso underground obscuro. E eu consegui perder a oportunidade de fazer essa entrevista pessoalmente. Remediando isso, hoje no “06 perguntas para”, eu tenho a honra de entrevistar o Mistico, frontman e lider da entidade subversiva oculta conhecida como HEIA!

1 – Saudações, grande Mistico! Seja bem-vindo às páginas da LUCIFER REX! Em primeiro lugar, meus parabéns pela brutal apresentação aqui na minha região, ao lado do NIGTHFALL! Como eu lhe disse pessoalmente, eu fui a este evento especificamente pra assistir ao HEIA! Como foi a turnê?

R: Muito obrigado! Primeiramente gostaria de agradecer e dizer que é uma honra para mim participar dessa entrevista e estar nas páginas da grande Lucifer Rex. Muito obrigado pelo apoio, e respondendo sobre a turnê, foi uma grande oportunidade que nos foi dada, só temos a agradecer a Tumba records e o Grande Edu Lane. E também ao Nightfall, que é uma grande banda, com grandes músicos e pessoas incríveis, todos os shows foram marcantes para nós (eu falo em nome de toda a banda) todas as cidades foram incríveis, o público compareceu em peso. Então para nós foi um grande aprendizado e de grande experiência e de novo só temos a agradecer a oportunidade.

2 – O grande HEIA, pelas minhas pesquisas, está completando 25 anos este ano. Vários splits, um álbum ao vivo, 03 full lengths e, na minha opinião, um clássico, que consiste no álbum “Magia Negra”. Me parece que você tem conseguido realizar a vontade da maioria das bandas e lançar o seu material em vinil. Quais são os materiais que você tem produzido em vinil? E como adquirir esses materiais? Não só esses, mas todos os materiais do HEIA, sejam eles cds, vinis, camisetas, patches, o que for.

R: Excelente pergunta, obrigado M. Prophanator, eu coleciono vinis Lps e acredito que Vinil LP é o melhor formato em que uma banda pode fazer os seus lançamentos. O vinil é o topo da pirâmide (digamos assim) nós fizemos um Four Way split em 2019, em 2021 saiu Magnum Opus e agora em 2024 – Magia Negra e eu devo enfatizar que, de 2021 para 2024 o preço do Vinil LP na fábrica aumentou demais, só para termos uma ideia ele aumentou mais de 100% no valor.

Tivemos a abertura de mais uma fábrica de vinil no brasil, agora temos 3 fábricas, só que, a primeira fábrica (digamos que a maior fábrica) que é a Polyssom, ela não atende mais encomendas de quantidade pequenas de Vinil, a demanda aumentou muito, e hoje em dia eles só atendem grandes artistas. Ou seja, as bandas de Metal extremo que prensam a quantidade mínima (300 vinis) acabaram que perderam uma fábrica. E continuando, nós temos lançamentos em tape cassete e vários em CDS, os interessados em adquirir é só buscar Heia nas redes sociais, nós estamos em todas e sou eu que responde tudo, temos também camisetas e pachts e palhetas. Ok Só procurar e mandar mensagem. 

3- Ainda a respeito de materiais, o último álbum do HEIA saiu em 2021, portanto há 03 anos. Existe previsão pra algum novo álbum? Vocês estão em processo de composição? Aliás, percebi que a banda teve alterações em sua formação. Você poderia falar a respeito desses assuntos?

R: Isso, em 2021 saiu Magnum Opus em vinil LP, e depois dele a gente lançou um split com os Americanos do Sardonic Witchery. E esse split saiu em CD e Tape cassete, e depois da Tour com o Nightfall eu entrei pro estúdio comecei a gravar, estou com algumas músicas novas e não consigo falar ainda se vai ser um full álbum ou só um single. Mas estamos gravando.

4 – Uma curiosidade minha: No álbum “Maldicíon de la Serpiente – Live in Cochabamba”, vocês gravaram um cover para a música “An Elizabethan Devil Worshipper’s Prayer Book”, do MYSTIFIER. No show que tive a honra de assistir, vocẽs apresentaram um cover para “Midnight Queen” do grande SARCÓFAGO. Eu vejo bem forte essa relação do HEIA com o cenário brasileiro e sul americano, inclusive pelo fato de os dois primeiros álbuns serem cantados em português. No entanto o terceiro álbum “MAGNUM OPUS”, veio todo em inglês. Mudou alguma coisa ou é justamente uma influência de bandas como as citadas que, embora caracterizem o metal extremo local, compõem em inglês e tem um alcance maior?

R: Isso, a ideia é simplesmente alcançar um público maior lá fora, claro que nossas raízes estão aqui no Brazil, más não podemos negar as novas referências no Metal Negro pelo mundo todo. Cantar em inglês nos dá um alcance bem maior na nossa aceitação e distribuição pelo mundo, inclusive depois do Lançamento de Magnum Opus, nós lançamos split com Sardonic Wichtery, esse split já foi lançado na Europa, por um selo da Hungria, um da Holanda e outro de Portugal, ou seja, já está abrindo portas

5 – Alias, ainda correlacionada com a questão anterior, o HEIA tem um bom histórico de apresentações pela America do Sul e pelo Brasil. Esse metal extremo sul-americano que citei existe realmente? Existe um sentimento comum, uma atmosfera comum entre os cenários sul-americanos? Ou cada um tem sua identidade muito definida? Como você sentiu o cenário nos países por onde passou? Já aproveita e passa o serviço pros organizadores de evento que desejem contar com o HEIA em seus casts.

R: Excelente! Vamos lá, durante a nossa passagem pela Bolívia nós tivemos  oportunidade de ver bastante bandas da cena e o público também (público boliviano), e observamos que a cena da Bolívia é extrema como a nossa. Em 2019 eu tive no Chile fui para Santiago e a cena de lá é incrível parece São Paulo capital, coisa gigantesca.

Uruguai o que a gente observa é que a cena é somente na Capital Montevidéu, o que já não acontece na Argentina, pois lá nos deparamos com uma cena com muitas bandas e muito publico como no Chile e na Bolívia. Argentina é muito bom. Quanto aos shows a nossa agenda esta livre, ok?  Para contactar para shows pode mandar email: misticodesign@hotmail.com ou buscar nas redes sociais e nós estamos em todas as redes e sou eu quem responde tudo. Então é só chamar ok.

6 – E pra concluir, a pergunta padrão: MISTICO, você tem uma grande vivência no cenário metálico extremo nacional e sul-americano. Está a, pelo menos, 25 anos na estrada e é o único membro original do HEIA. Como a maioria do nosso underground, gerencia sua carreira, eventos e lançamentos em paralelo com outra atividade profissional. Tocou pelo Brasil e America do Sul Deve ter passado por muitos momentos fudidos e outros execráveis. Qual sua reflexão pessoal sobre tudo isso. VALEU A PENA?

R: Caralho!!! Pergunta que exige uma reflexão. Esse nosso underground é um lugar para poucos, todos os dias vemos bandas surgindo e bandas acabando. Gravadoras, selos, zines, enfim. Tudo gira muito rápido nessa roda do tempo (posso dizer assim). Mas nesse tempo dedicado as artes negras pude vivenciar momentos incríveis, únicos na verdade e que estão gravados em minha memória, sejam, no palco ou fora dele. O Black metal me surpreende a cada dia, e com toda a certeza vai continuar me preenchendo e me surpreendendo por décadas. Muito Obrigado pela oportunidade, Ave Lúcifer !