Tive a honra de ver essa banda nascer. Primeiro, como um projeto, no Tributo ao IMPURITY, lançado pela Cogumelo, no ano de 2019. Depois como “oneman band“, participando o “Power Thrashing Death On-line Festival”, que ajudei a organizar, junto com o conhecido Reinaldo Sacred Steel.
A sonoridade é totalmente calcada naquele Black Death Metal que se fazia no final dos anos 80, início dos anos 90, aqui no Brasil.Também pudera, o SATANICRISTO é formado por dois dos mais lendários representantes daquela época: Ron Seth, mais conhecido por fazer parte do IMPURITY, fazendo a guitarra, os vocais e o baixo e Armando Leprous, que tem em seu curriculo nada mais nada menos que SARCOFAGO e HOLOCAUSTO.
E pra mim, também filho direto e orgulhoso daquela época, é uma honra receber no “06 Perguntas para” ninguém menos que o poderos Ron Seth!!
1 – Salve grande Ron Seth, seja bem vindo ás páginas do portal LUCIFER REX!Pra iniciar essa nossa conversa, eu diria que o SATANICRISTO faz um resgate daquele metal bruto do final dos anos 80, com influências diretas de nomes como o VON, o HELLHAMMER e claro, IMPURITY e SARCÓFAGO. É essa mesma a proposta? Pra você, o que é, como você vê o SATANICRISTO?
Ron Seth: Saudações a você Prophanator e a todos que acompanham a Lúcifer Rex. Afirmativo, no que concerne à essa questão da proposta da banda, que nada mais é do que uma sequência do que você mencionou acima: com influências oriundas da velha escola dos primórdios dos anos 80, como o HELLHAMMER, do período intermediário, como o SARCÓFAGO e algumas do final dos anos 80, como o VON. A síntese da obra está aí descrita, em um conceito amplo e restrito.
2-Seguindo, eu sei que o SATANICRISTO começou como um projeto pessoal seu. No entanto, ao ouvir o recem-lançado EP “Bastardizing the Holiness“, percebemos você muito bem acompanhado, por outra lenda mundial do metal extremo, o Armando Leprous. Como foram as tratativas para que Leprous viesse a integrar o SATANICRISTO? E mais, sabendo da importância do SARCOFAGO dos primórdios nas nossas vidas, como é tocar com alguém que participou da primeira e mais importante coletanea do metal extremo nacional, a Warfare Noise?
Ron Seth: A referida personalidade, Leprous, com a qual travei forte amizade desde quando fui chamado pelo Rodrigo F. para integrar as quatro cordas, como membro suporte, na banda TORMENTADOR, foi quem me propôs a ressurgência do SATANICRISTO, o qual dei início em 2018 junto ao Rodrigo F..
Por motivo de força maior Rodrigo F. não pôde continuar e aí então apenas gravei um registro para a coletânea tributo ao IMPURITY, junto ao baterista Lélio Metralha, com o qual também toquei em outra banda daqui de BH, o SEPULCHRAL VOICE.
Desde então a banda ficou estacionada, por assim dizer. Aí então, o Leprous perguntou a mim se, por acaso, eu não tinha interesse em reerguer a banda e que o mesmo estaria disposto a seguir adiante comigo em mais essa empreitada. De pleno acordo, assim foi feita a ressurgência e estou seguindo adiante junto a esse que foi e continua sendo influência e um forte aliado, tanto musicalmente quanto no processo de criação das músicas. Uma honra!
3 – Eu gostaria que você comentasse agora justamente sobre o EP “Bastardizing the Holiness”. A capa é sensacional, as fotos são incríveis, a gravação é brutal e as músicas são um massacre. De quem foram as composições e o projeto visual?E por quais selos e em quais formatos,vai sair? Aliás, além do EP, vocês pretendem lançar algum merchandising? Camisetas, Patches, etc? Como podemos ter acesso a esses materiais?Se puder já passa suas redes sociais, bandcamp, contato, etc.
Ron Seth: As composições são criadas em conjunto, por mim e o Leprous, além da questão estética visual, sendo um somatório do que outrora fora feito por bandas pelas quais passamos e que também nos influenciaram nessa parte. Inicialmente, o nosso ep de estreia está sendo lançado pelo selo japonês Sex Desire Records, formato CD, e posteriormente será lançado aqui no Brasil pela Brazilian Ritual, em formato 7ep e nos Estados Unidos pela Nuclear War Now, possivelmente nesses dois formatos e talvez em fita k7.
Já estamos nos preparando para lançarmos também camisetas e patches, tanto por recursos próprios quanto através de fábricas de merchandsings que trabalham com materiais undergrounds. Para breves informações, entrem em contato pelo nosso Instagram @satanicristo, que lá disponibilizaremos o acesso aos materiais para venda.
4 – Lendo no bandcamp o release sobre o SATANICRISTO, encontramos a seguinte citação: “Hoje em dia, aquela singularidade do som black death metal de cada país, inclusive o Brasil, está se perdendo por causa do globalismo…tempos difíceis para o black metal...” Como você se posiciona com relação a essa afirmação?
Ron Seth: Francamente, eu não tive acesso a tal informação, mas apesar disso, enxergo fortes nuances de coerência no que aí foi dito. Porque tenho visto coisas decorrentes das novas tendências de música contemporânea, na qual a vertente mencionada de alguma maneira está inserida nesses padrões, se resumir em clamorosa decepção. A globalização trouxe modismos espúrios que em nada contribuíram para o fortalecimento da vertente; muito pelo contrário, cada vez mais faz com que muitas pessoas sigam um mesmo estilo, em uma mesma época, sepultando assim o verdadeiro underground .
5 – Outra questão é que sabemos que tanto você, com o IMPURITY, quanto o Leprous, com o TORMENTADOR, tem nestas as suas bandas principais. O SATANICRISTO deve ser encarado como um projeto de vocês ou uma banda efetiva, com pretenção de se apresentar ao vivo e lançar outros materiais??
Ron Seth: Posso afirmar categoricamente que somos uma banda, determinados a permanecer em constantes atividades, como já estamos fazendo, não apenas um projeto, inclusive já estamos trabalhando novos sons para uma coletânea internacional da qual faremos parte. A respeito de shows, tencionamos tocar sim, mediante futuras oportunidades que estão por vir.
6 – E pra encerrar, a pergunta padrão da série: Ron Seth, você é filho direto do metal extremo dos anos 80.Participou e participa de bandas lendárias e cultuadissimas no cenário mundial. Se apresentou em vários países, vive da arte e teve sua arte reconhecida.Se pudesse, você faria algo diferente?Enfim, pensando retrospectivamente esses quase 40 anos no cenário extremo mundial, VALEU A PENA?
Ron Seth: Me sinto lisongeado por suas palavras de consideração e apreço, no que concerne ao reconhecimento das minhas produções artísticas, pois tento fazer o melhor que posso dentro dos meus próprios limites, seja através da música, das capas dos trabalhos desenvolvidos através de pinturas que fiz para grandes bandas do cenário brasileiro, enfim, deixar um legado de contribuição realmente nos imortaliza de alguma forma. Perecemos, mas os registros deixados permanecem. Vale muito a pena sim, pois como dizia o grande poeta e ocultista Fernando Pessoa: “Viver não é necessário. Necessário é criar”.
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