1- Saudações Sr. Forster! Bem-vindo às páginas do portal LUCIFER REX! É uma honra para nós recebê-lo! Como falei no caput da entrevista, o DEATH WORSHIP se apresentou no Brasil em maio de 2023, no Brazilian Ritual Final Attack. O que você pode nos contar sobre essa experiência?
Ryan Forster – Quando comecei esse projeto ao vivo do Death Worship, havia alguns países que estabeleci como metas para trazer a banda. Eu sabia que teríamos que fazer shows na Polônia, EUA, México, Chile, Tailândia, Finlândia, Canadá e Brasil! E até agora atingimos quase todos os alvos!
A razão pela qual o Brasil estava na lista foi, antes de mais nada, passar algum tempo com meu velho amigo Eduardo Beherit, da Brazilian Ritual (e, claro, outros que conheci no Brasil ao longo dos anos). E também pelos maníacos na plateia e, claro, pela longa história do metal bestial brasileiro! Quero prestar minha homenagem à cena que me inspirou a criar essa minha música!
Como sempre o Brazilian Ritual foi o ápice do puro culto! O line up do festival estava incrível! Reunir esse calibre de bandas em um projeto foi uma loucura! Eu queria ver tantas bandas do festival que eu mal queria subir no palco! E eu tive que fazer dois shows naquele fim de semana com Blasphemy e Death Worship!
2 – Aproveitando que estamos falando de uma apresentação do DEATH WORSHIP no Brasil, qual a sua relação com a cena extrema brasileira e sul-americana? Você conhece apenas clássicos como SARCOFAGO, HOLOCAUSTO, VULCANO, ou acompanha/tem contato com bandas mais atuais também?
Ryan Forster – Os clássicos estarão sempre no meu aparelho de som! Mas sim, acompanho bandas ativas e atuais como o Tormentador e Cerimônia. E gostava muito de Goatpenis (RIP) e muitas outras bandas!
3 – A Brazilian Ritual Records acaba de lançar um álbum ao vivo do DEATH WORSHIP, gravado no Brazilian Ritual Final Attack. Aliás, este é o primeiro full-lenght da banda, precedido de 03 EP’s. Existe alguma razão pela qual DEATH WORSHIP só lançou Eps? Aliás, o que você poderia dizer sobre a BRAZILIAN RITUAL RECORDS?
Ryan Forster – Acho que 30 minutos ou menos de duração é o tempo perfeito para esse tipo de música. Depois de cruzar esse limite, as coisas começam a ficar difíceis demais para o cérebro humano aguentar. Não gosto que a minha experiência de ouvir um disco se torne chata ou cansativa. Gosto daquele equilíbrio onde é o suficiente ou me deixa querendo mais!
4 – O DEATH WORSHIP está diretamente relacionado ao lendário ROSS BAY CULT. Para você, Ryan Forster, o que significa ROSS BAY CULT?
Ryan Forster – Para Ryan Förster significa simplesmente o sentido da minha existência! Sou apaixonado por esse tipo de música desde que me lembro e fico emocionado que outras pessoas de todo o mundo também estejam nessa loucura! Meus irmãos no BLASPHEMY foram atraídos pelas correntes malignas que emanavam daquele cemitério, e logo os segui por causa da porta que eles abriram
5 – Continuando dentro do contexto que tornou o ROSS BAY CULT e suas bandas lendárias, ele criou um gênero – para mim o mais extremo do metal extremo – onde temos bandas do Bestial Black Death Metal como BLASPHEMY, GOATPENIS, DEATH WORSHIP, CONQUEROR, GLORIFICATION, INFAUSTES, TORMENTOR, etc., e selos como NUCLEAR WAR NOW E BRAZILIAN RITUAL RECORDS. Você acredita que existe um cenário de gênero consolidado no mundo hoje? A propósito, como você se sente sobre o termo War Metal?
Ryan Forster– Eu particularmente não gosto do que a cena underground se tornou. Parece que cada pessoa toca um instrumento e faz uma banda. E isso não me incomodaria nem um pouco se todas essas bandas tentassem trilhar seus próprios caminhos.
Mas parece que todo esse pessoal opta por um certo gênero e então decidem que querem apenas copiar o som exato de sua banda favorita . Por exemplo, “Transilvanian Hunger” foi lançado e então 666 bandas apareceram tocando com aquele exato estilo de guitarra, bateria e produção sonora. Mas cada banda que fez isso foi apenas uma versão pior do Darkthrone. Então qual foi a vantagem?
Tudo o que aconteceu, no final, foi que apenas uma minoria de bandas relevantes são lembradas e pilhas e pilhas de lançamentos de lixo arruinaram aquele gênero sonoro – para mim – para sempre. Se eu for conferir uma nova banda e ouvir aquele som de “black metal cru”, eu desligo em segundos!
E, infelizmente, a mesma coisa está acontecendo com esse underground do “War metal“. Blast beats, máscaras de gás e palhetadas slides só porque descobriram minha antiga banda, Conqueror.
Eu ouvi Blasphemy, Beherit e Sarcófago e então criei meu próprio estilo, que foi perfeitamente complementado com a visão de J. Read. Então as bandas que se destacam para mim são aquelas que pegam o som e criam uma visão única do estilo musical.
A única razão pela qual eu aceito o termo “war metal” é para separar minhas bandas do gênero black metal arruinado. Em geral, quando as pessoas pensam em black metal, elas pensam em algumas das bandas mais ruins que eu já ouvi! E eu não quero ser relacionado a nenhuma dessas bobagens. Mas no final, estou apenas criando a minha versão de black metal, que vem das minhas inspirações. De Hellhammer, Bathory e Sodom a Blasphemy e Sarcófago. Essa é a linhagem do black metal da qual você pode rastrear minha música.
6 – Por fim, em 06 perguntas, sempre faço uma pergunta padrão: Sr. Ryan Forster, você faz parte de um dos contextos mais extremos do mundo do metal; participou e participa de nomes como BLASPHEMY, CONQUEROR, DOMINIUM INFERUM e DEATH WORSHIP. Em relação a esses mais de 30 anos dedicados ao underground mais extremo, VALEU A PENA?
Ryan Forster– Sim! Valeu a pena. Não consigo imaginar minha vida sem essa música. Uma saída criativa e saudável para minha mente. A música é importante para mim desde criança e estou feliz por ter conseguido causar ao menos um pequeno impacto no cenário mundial, mesmo que seja insignificante comparado a outras bandas. Fiz do jeito que imaginei e é isso que importa.
* Eu, M. PROPHANATOR e todos nós do LUCIFER REX gostaríamos de agradecer ao Sergio Torales da banda GLORIFICATION e às meninas da banda INFAUSTES pelo comprometimento e intermediação na organização desta entrevista.