O tempo passa, e “passa vuando” como diz o ditado popular, me veio à mente agora uma demo que o Felipe Borges (que na época usava o pseudônimo Lethal Sanguinary) me enviou lá por 2003 ou 2004, e até uma música desta demo está na primeira coletânea da Anaites Recs que lancei, a música é The Pale Woman Who Sets Me on Fire, a banda na época era o Infernal Blasphemy, a demo era a Macabre Sex, ai agora após 2 décadas, me chega o CD do Tllus Terror, banda formada em 2012 e, ao conferir o encarte vejo os dados da formação e vejo que meu amigo Felipe Borges é um dos fundadores da mesma.
Bom, eu já conheço o Tellus Terror por vis de divulgação, sempre chamou a atenção o modus operandi profissional com o qual cuidam da banda.
Bom, mas vamos ao que interessa, o sucessor do aclamado (pela crítica) álbum “Z Life DV8”, este novo álbum está muito mais rico e intrínseco musicalmente falando, e com certeza o Tellus Terror já fincou sua marca no underground, e mostra claramente o processo evolutivo da banda, algo que me chamou bastante a atenção foi o fato de a banda ter influencias diversas do metal do início dos 90’s, a influência de Cradle of Filth e Dimmu Borgir do início de carreira é bem forte, notei alo de Covernant da época Nexus Polaris, aliás, ao seguir do CD notamos influencias do Animatronic também. Eles até criaram uma denominação pro seu estilo (M.M.S.) Mixed Metal Styles (juro que resisti ao trocadilho, hehe), uma denominação que a influência ferve nas veias da liberdade musicada sem se importar se está a agradar, sejam gregos ou troianos, tanto faz, um conceito muito pouco explorado dentro da música extrema.
“DEATHinitive Love AtmosFEAR” é um álbum que desafia as convenções do metal extremo, incorporando uma variedade de influências e estilos para criar uma experiência auditiva verdadeiramente única e cativante; misturando a agressividade, melodia e atmosfera sombria, a banda Tellus Terror demonstra sua habilidade de transcender os limites do gênero e criar música que é ao mesmo tempo poderosa e emocionante.
A arte de capa, algo intrínseco que vem logo à mente as artes de Gigger, uma das influencias olds também nas artes das bandas 90’s, aqui neste CD foi criado pelo conceituado/talentoso artista gráfico Seth Sito Anton ( @sethsiroanton ), remete muito as capas do Septic Flesh, (aliás, banda a qual Seth é bass/vocal).
Ao meu ver, o álbum é orquestrado em um opus vampiresco com climas sombrios e hora destoando para algo mais gothic ou moderno, uma variação bem incomum, não há elementos e peripécias fervilhantes mas a forma como os integrantes conduzem as músicas é algo impressionante, músicos competentes e que sabem o que estão a criar, sim, como citado acima, o M.M.S., mas ao meu ver possa ser entendido como um Death Metal Experimental e com a essência de manter um legado “Old School”.
“Amborella’s Child”, primeira faixa do CD estabelece um clima sombrio e atmosférico, com uma mistura de elementos do metal extremo e do gótico, os vocais guturais contrastam bem com os momentos mais melódicos, criando um clima intrigante.
“Absolute Zero”, já cai de cara mais aprofundada nas raízes do death metal, com riffs pesados e uma energia total do já citado Cradle of filth, a instrumentação é habilmente executada, com mudanças de ritmo que mantêm uma cadencia de duetos vocálicos do início ao fim.
“Darkest Rubicon”, intensa e visceral, que se destaca pelos seus momentos de pura agressividade, os vocais rasgados combinam perfeitamente com a instrumentação poderosa e sombria.
“Psyclone Darxide”, esta é totalmente The Kovenant, já na fase pós Nexus Polaris, com uma abordagem mais experimental, esta faixa incorpora elementos eletrônicos e industriais ao som característico da banda.
“Cry Me a River”, já começa com um blast beat, uma balada sombria e melancólica, que mostra um lado mais extra de profundidade à música, enquanto os arranjos orquestrais criam uma atmosfera intensa.
“Shattered Murano Heart”, “Abyssphere”, “Brain Technology, Pt.2 (…and Humanity Have Feelings No More…)” e a “Sickroom Bed” exalam raiva e desespero, capturando perfeitamente a essência, uma incursão épica em territórios mais progressivos com mudanças de tempo intrincadas e uma abordagem mais técnica à instrumentação, acho que as 4 funcionariam com 1 faixa com 4 atos, os vocais distorcidos e os sintetizadores criam uma atmosfera distópica e envolvente.
“DEATHinitive Love AtmosFEAR”, faixa título, sem medo digo que esta faixa representa todo o CD, o peso e a dosagem de agressividade musicada encapsulam perfeitamente a essência da banda, o Death Metal Sombrio.
“Lone Sky Universum”, digamos que esta é a faixa mais épica do CD, expansiva e que transporta o ouvinte para além dos confins do espaço e do tempo, o contraste do dueto de vocais estilo Beauty and the Beast (clássico), Bertha Maria Marzall aqui deu aula de vocalização e domínio na voz/canto.
E para fecha o CD temos a “Empty Nails”, esta faixa já tem algo de Joy Division com Paradise Lost (da fase Draconian Times), garantindo que o álbum termine em alta, deixando aquela impressão duradoura no ouvido mais incauto.
Os competentes músicos undergrounds presentes nesta gravação são:
Felipe Borges – All Vocals.
Leandro Pinheiro – Guitars
Lucas Bittencourt – Guitars
Marcelo Val – Bass
Rafael Lobato – Drums and Percursion.
Contatos: @tellusterror