MEMÓRIAS DO COMBATE
Terminada a história da 1ª fase do War Metal, gostaria de compartilhar várias curiosidades que fizeram parte da história do HOLOCAUSTO:
– Pra começar, o HOLOCAUSTO foi cogitado para abrir o “Metal BH II Festival”. Se no 1°, ainda em 1984 e que tocaram SEPULTURA e SARCÓFAGO, eles estavam na plateia, por muito pouco eles não participaram do 2°. A banda chegou a participar da reunião de planejamento do evento, mas como tinham apenas a música “Massacre” na época, ficou decidido que quem abriria o festival seria o CHAKAL.
– Ainda na citada reunião para a organização do “Metal BH II” foi que Igor Cavalera, que então estreitava mais contatos com o pessoal do ASMODEU, perguntou sobre a adoção do tema da guerra pela banda e sugeriu o nome HOLOCAUSTO.
– O episódio que culminou com a morte do baixista Marco Antônio foi durante uma época de carnaval, no mesmo dia do famoso show do SEPULTURA em Americana, com VULCANO e KORZUS. O pessoal da galera do HOLOCAUSTO, mais alguns amigos e amigas optaram por ir a esse acampamento, em detrimento do evento. Uma decisão, aparentemente, corriqueira e que acabou causando um evento traumático e que entrou para a história do metal extremo.
-Ainda sobre Marco Antônio, após o seu falecimento – que aliás, se deu nome mesmo ano que o falecimento do baixista do METALLICA, Cliff Burton – sua mãe e irmã presentearam Rodrigo com o seu baixo. Um tempo depois, a casa de Rodrigo, então o local de ensaio da banda foi arrombado e os ladrões roubaram este baixo e outros instrumentos, como por exemplo o baixo de Marília, da banda PLACENTA, que ensaiava com o HOLOCAUSTO e os pedais de Valério.
– O futuro baixista do HOLOCAUSTO foi convidado a integrar a banda, após a morte de Marco, por Valério. A banda da qual ele fazia parte, o MASSACRE, depois veio a se tornar o DECAPTATION e, por fim o GREY FLOW, que participou da Warfare Noise Vol. III. Com a entrada de Anderson, foram compostas as musicas constantes na WARFARE NOISE e mais uma, chamada “Guerra” e que não veio a ser registrada. Essa música é importante porque foi a primeira vez onde apareceu a divisão vocal entre Rodrigo e Anderson, inserindo assim os viscerais gritos que ele já trazia do MASSACRE.
– O primeiro show do HOLOCAUSTO – que, aliás, se deu no mesmo dia do famoso show do SEPULTURA, DORSAL e MUTILATOR – ocorreu e correu de forma bem inusitada: Era época da empolgação causada pelo Rock in Rio as bandas FREAX – que na época contava com Gerald Incubus do SARCÓFAGO – e o HOLOCAUSTO, foram contratadas para tocar em Geceaba, um município com cerca de 6 mil habitantes, no interior de Minas Gerais. Já começou estranho: Hotel com piscina, recepção pela policia e pelas autoridades da cidade e show no Automóvel Clube. Pra um show de metal extremo, em 1985? Algo não estava cheirando bem. Na hora do evento, começou a aparecer o típico público cowboy, do interior do Brasil…E, por incrível que pareça, uma turma de headbangers de Belo Horizonte resolveu ir de trem para o evento, devidamente paramentada. A cena deve ter sido dantesca. E quando o HOLOCAUSTO pisou no palco, também devidamente paramentado e tocou a primeira música, com direito a palavrões e gestos obscenos, o público local – que provavelmente esperava algo tipo um Ultraje a Rigor – já estava horrorizado. Mais horrorizado ainda com os bangers agitando! Na metade da segunda música, uma garota headbanger foi agredida por um dos cowboys locais. Os bangers revidaram e começou uma pancadaria generalizada! Em síntese, o primeiro show do HOLOCAUSTO, durou uma música e meia!
– O nome da coletânea WARFARE NOISE foi dado, por acaso, por Igor Cavalera. Logo após o lançamento do Split SEPULTURA/OVERDOSE, a Cogumelo resolver lançar uma coletânea nos moldes da coletânea paulista SP METAL. O primeiro nome sugerido foi BH METAL, rapidamente descartado por ser muito semelhante. Rodrigo que já se interessava e escrevia sobre guerra sugeriu “Barulho de Guerra”, que até fez eco, mas todos concordaram que deveria ser um nome em inglês, algo como “Noise of War”. Foi quando Igor corrigiu: “é Warfare Noise”. E assim fez-se a história.
– No show de lançamento da WARFARE NOISE, Nedson já havia saído da banda e quem tocou a bateria foi Rodrigo. Rodrigo não tinha nenhuma experiência como baterista, a não ser ficar brincando na bateria, no final dos ensaios e ter acompanhado ensaios de monstros como Igor Cavalera, D.D.Crazy e Armando Nuclear Soldier. Este foi o segundo show do HOLOCAUSTO.
– Mal sabia a banda que, desde a redenominação por Igor Cavalera, o HOLOCAUSTO estava condenado a ser uma banda maldita. Como foi dito, a intenção era apenas chocar, mas suásticas, fuhrer, campo de extermínio, um judeu atacado por um cachorro na capa do álbum…Foi realmente muito pesado e o álbum foi proibido e não pode entrar em vários países. Até na Cogumelo o album nunca ficou exposto e tinha que ser procurado nas bancas.
– No citado álbum perdido do HOLOCAUSTO, aquele gravado em uma fita k7 a qual, supostamente, Silvio “Bibika” teria perdido, uma das músicas iria contar com Wagner Antichrist, do SARCÓFAGO, nos vocais, inclusive ele chegou a ensaiar a música. Essa música, alias, veio a ser gravada quando o HOLOCAUSTO retornou, no álbum “De volta ao Front”. Inclusive trata-se da música “De Volta ao Front”, não integralmente, mas algumas passagens.
– Quando a banda se esfacelou, com a saída de Valério e Armando, Rodrigo e Anderson até tentaram dar sequência ao trabalho nos moldes anteriores. Mas Valério era insubstituível. E a banda seguiu por outro caminho, mais próxima ao Crossover e compondo em inglês. Conscientes de que não era mais o HOLOCAUSTO e não era mais War Metal, renomearam a banda como MINDCRIME. Foi quando a Cogumelo disse que só lançaria se fosse HOLOCAUSTO. E por força contratual e pressão da gravadora, o MINDCRIME lançou o álbum “Blocked Minds” sob o nome de HOLOCAUSTO.
E com essas curiosidades, eu M. Prophanator, em conjunto com meu amigo e coautor Ian Lead Injektor, concluímos essa nossa homenagem ao HOLOCAUSTO. Esperamos sinceramente que tenha ficado à altura. Hail War Metal!