Chegou essa semana, finalmente, depois de alguns anos de expectativa, sim! Esse era um dos álbuns que eu ansiava por possuir, afinal trata-se de uma das bandas mais obscuras e undergrounds dos anos noventa e uma das pioneiras bandas de Black Metal Finlandesas.
“Jesus Perversions – Raping the Virgin Mary” é o primeiro álbum da banda, incrivelmente lançado em 2012, após quase dez anos de existência, afinal estar no underground é um sacrifício que impõe certos obstáculos e um deles é conseguir concretizar sua obra. Materializar sua arte num processo de registro de seus pensamentos, de suas energias demanda muito mais do que o público comum possa imaginar, mas não por isso Azazel foi uma banda desconhecida, suas demos e seu maravilhoso EP “The Night of Satanachia” de 1996, foram muito importantes para que o nome da banda fosse cunhado nesse Metal Obscuro e criasse alguma boa expectativa sobre sua carreira.
Este álbum foi lançado pelo selo Werewolf Records, pertencente a Lauri Penttilä conhecido como Werewolf mentor da banda Satanic Warmaster. Polêmicas a parte, sem entrar no mérito, Azazel tem um lançamento digno das hostes negras que o Black Metal enseja, e toda sua energia está canalizada ao ocultismo e satanismo, sem nenhuma alusão a fatos mundanos sobre ideologia política, aliás, fiz um minucioso estudo sobre suas letras, suas histórias e pude constatar isso… o motivo de ressaltar tudo isso é simples, muitos integrantes de bandas da Escandinávia estão envolvidos com ideologias do Nacional Socialismo e isso não é segredo pra ninguém, mas, particularmente não sei até que ponto o líder da banda Azazel, Lord Satanachia, está envolvido com tudo isso e no fundo nem me interessa, sem deixar de notar aqui e ali os indícios de atos que divergem dos meus pensamentos e que me atinjam diretamente.
“Jesus Perversions” é disco cadenciado, tem muito daquele Black Metal simples e sujo praticado nos anos 1990, sem deixar de perceber uma forte influencia de Hellhammer e Celtic Frost no som do Azazel, além de forte produção dentro do que ficou conhecido como Unholy Black Metal tão bem difundido pelo Dark Throne naquela época. Todas as músicas começam com a microfonia das guitarras ensejando aquele descompromisso com a perfeição e a polidez das bandas de Metal em geral. Azazel prima sim por uma sujeira, uma rispidez em seus rifes e um vocal que passeia bem entre o gutural e o rasgado, não tão agudo, mas que deixa claro aquele ar de solto, frouxo, sem muita métrica ou melodia… é puramente esporrento e doentio.
Se tem algo que me deixa um pouco frustrado com algumas bandas de black metal é a falta de encarte em seus materiais e o Azazel é uma dessas bandas que dão pouca importância para o conteúdo do encarte, apesar da arte ser muito boa, ser assertiva, a falta das letras no encarte e a exploração da imagem da banda empobrecem muito o material. Mesmo assim tem uma foto bem perversa dentro, uma freira fazendo sexo oral em uma mulher, suponho que outra freira… não dá pra perceber pela caracterização então eu supus.
Infelizmente, a simplicidade e ocultação de informações do encarte, me impede de me aprofundar tanto nas letras desse álbum, fiz até uma busca, mas não tive sucesso. As faixas que integram o álbum são: Jesus Perversions/ Rotting Nazarene/ Black Metal Night/ Philosophy of Dark and Light/ Raping the Virgin Mary/ Christian Slut/ Father Satan/ Satan’s Little Cunts/ Palace of Blasphemy/ (Hidden track) … Azezel por tanto é uma dessas bandas cheia de referencias odiosas e repletas dessas polêmicas, inclusive de terem tocado bêbados em um festival em 2017 e por causa dessa apresentação ser convidado para aparecer na TV finlandesa em horário nobre, vai entender. Por fim, trata-se de um excelente disco, primitivo, obscuro na atmosfera do início dos anos 1990 em que muitas bandas da cena europeia estavam mergulhadas nesse transe de resgatar a sonoridade do Hellhammer e promover uma mistura com o que eles entendiam sobre Unholy Black Metal, essa tônica do Metal Negro da época deu essa reputação a muitas bandas incluindo o Azazel, que na contramão de muitas outras, não mudou sua sonoridade em em nome da “evolução musical”.
Com isso, inauguramos a seção “Chegou essa Semana” para mostrar, indicar títulos dos mais variados estilos dentro do Metal Extremo e nos mais variados formatos: CD, LP, K7, revista, zine, jornal, DVD assim como todo e qualquer material físico que julguemos necessário, importante ou relevante falar aqui. É importante ressaltar que essa seção não substitui o Rexview que tem seu propósito exclusivo de resenhar lançamentos, mas de enriquecer o conhecimento e as informações de tudo que gera assunto no underground extremo. Outro ponto importante desta seção é o fato do material aqui apresentado pertencer ao acervo pessoal do editor e não ser um material promocional enviado pela banda, selo ou assessoria!