O Death Metal é certamente um dos gêneros em maior evidência no Metal na atualidade. Nos últimos anos, além de lançamentos relevantes de bandas veteranas como Immolation, Incantation, Obituary e Deicide, também surgiu uma “nova onda” de bandas que têm como referência justamente essas bandas clássicas. A New Wave of Old School Death Metal surgiu no início da década passada principalmente na América do Norte, com bandas como Tomb Mold, Necrot, Blood Incantation e Gatecreeper. As três últimas lançaram cada uma delas seu terceiro álbum neste ano e tais lançamentos estão entre os mais discutidos no cenário internacional. Os últimos álbuns do Necrot e do Tomb Mold ainda não foram lançados em mídia física no Brasil e a explicação é óbvia: ao contrário de Blood Incantation e Gatecreeper, eles ainda não assinaram com grandes gravadoras.
Vamos falar então de Dark Superstition do Gatecreeper, lançado pela Nuclear Blast e em CD no Brasil pela Shinigami Records. O “Obi” do selo nacional apresenta o terceiro álbum de estúdio da banda do Arizona como tendo sido produzido por Fred Estby, baterista do Dismember. Na verdade, ele fez apenas a pré-produção do álbum, cuja produção final é assinada por Kurt Ballou e pela própria banda. Embora a informação seja imprecisa, a referência ao Dismember é bastante pertinente, uma vez que a sonoridade da banda nesse seu terceiro trabalho remete diretamente à banda sueca. Sim, a banda está soando mais melódica que nunca, mas o “melódico” aí remete ao Dismember e ao Death Metal sueco clássico, não ao som de Gotemburgo. Mesmo assim, o álbum foi recebido com ceticismo por aqueles que não se convenceram com esse direcionamento e que temem que uma banda tão promissora se perca diante das pressões comerciais. Pelo menos nesse álbum, porém, a qualidade não foi para o espaço e a banda parece trilhar um caminho seguro, por enquanto.
Dark Superstition nos apresenta 10 faixas distribuídas em 37 minutos e 19 segundos. Todas as faixas são devidamente pesadas e cativantes ao mesmo tempo. Algumas talvez soem melódicas demais, como a quinta “Superstitious Vision” e a oitava “Flesh Habit”. A décima e última faixa, “Tears Fall From the Sky” é a mais Death-Doom e a que mais se aproxima da sonoridade inicial da banda. Mas o elemento sombrio e denso está presente em diversos momentos do álbum, tornando todas as suas faixas interessantes e dignas de constantes novas audições. Nas fotos do quinteto no encarte do CD é possível ver suas preferências: estão com camisetas de Obituary, Sentenced, Candlemass, Siebenbürgen e The Sisters of Mercy. De alguma forma, todas essas influências estão presentes. Talvez alguém lamente a falta de Bolt Thrower e Autopsy que pareciam as principais inspirações iniciais da banda, que agora parece se orientar mais para Dismember, Hypocrisy e Paradise Lost antigo. Outros, verão aí uma evolução. O álbum, apesar de dividir opiniões, já tem aparecido, com justiça, nas listas de melhores do ano que começam a pipocar nessa época.
Vale destacar a bela arte da capa, que em sua simplicidade, remete ao início dos anos noventa, o que também está presente no layout do encarte e mesmo no modo como foi editado o vídeo abaixo da faixa “The Black Curtain”.