Quando se depara com obras de baixo orçamento, não nos importamos com certos aspectos técnicos e nem ao menos nos importamos com uma qualidade e representações de alto nível. Tudo isso porque simplesmente as coisas podem soar amadoras.
Porém, em alguns casos, a criatividade e a diversão sempre ganham o público, com misturas excêntricas que vai do humor em falas à mortes horrendas e mal maquiadas.
Bingo Macabro é sim uma obra de baixo orçamento, que nos traz atores desconhecidos, personagens contraditórios e muitos, mais muitos excêntricos.
A trama se passa em torno de uma antiga cidade, Oak Springs, onde a sexagenária Lupita (Adrianna Barraza) tenta manter os moradores, que estão se mudando devida ao bairro ser paupérrimo e antiquado. Com o amor à cidade, Lupita e sua melhor amiga, Dolores (L. Scott Caldwell) fazem bingo nas noites para entreter os moradores.
Porem algo de inusitado chega à cidade, o Mr Big com seu bingo com altas premiações e promessas de uma vida melhor através do dinheiro ganhado nos jogos.
Os moradores se entusiasmam com o novo bingo, menos Lupita, que percebe algo de muito errado em tudo aquilo.
Bom, sem mais spoilers, a trama e no minimo curiosa, ao ver que a heroína e seu cast, não são os padrões típicos do cinema e sim, idosos.
Em mais alguns aspectos, a trama entrega uma atmosfera oitentista, trash e muito, mais muito hilária em boa parte da obra.
As questões abordadas porem, segue com um apelo crítico ao sistema, onde a incontrolável sede por dinheiro se propaga e deixam todos a beira de um colapso mental.
Adrianna Bazarra, surpreende entre ao caos, a originalidade e o engraçado, nos alimentandos de cenas entre o comico e o tragico. Mr Bing por sua vez, e interpretado por Richard Brake, onde brilha como uma espécie de demônio. Brake ja tem experiencia com esse tipo de personagem, onde interpretou de forma interessante Frank, em Barbarian.
A diretora mexicana Gigi Saul Guerrero, merece todos os aplausos possíveis, não apenas por Bingo Macabro, mas tambem, por outras obras como a serie Uma Noite de Crime e V/H/S85, esse último, por ter escrito e dirigido, como fez em Bingo Macabro.
Ao meu ver, o desgastado cinema mainstream, perde credibilidade se filmes como Bingo Macabro começarem entrar na moda, onde o que mais conta e a originalidade e criatividade ao invés de um amontoado de efeitos especiais que as vezes mais atrapalham do que ajudam.
Escritor, músico e entusiasta do cinema.
Como escritor, tenho 5 livros publicados, participação em diversas antologias.
Como músico, fui baixista e vocalista da banda Abuso Verbal e atualmente vocalista da banda de Metal Punk “Roto”.
No cinema, já escrevi críticas para o site Cineset, diversos fanzines como, Sindicato dos Assassinos e também divulgo análises no feed do meu instagram.