Aqui está uma banda consolidada no underground brasileiro nos apresentando seu mais novo trabalho numa magnifica viagem interior com temas densos e musicalidade inteligente e cheia de sentimento trágico. Estou falando da veterana Blazing Corpse, que lança ao cosmos seu segundo álbum de estúdio “Inert”.
Tudo aqui soa muito soturno e sombrio, é um Doom Metal com cargas generosas de Death e Black Metal dos mais nobres, musicas opulentas com arranjos magistrais. Uma guitarra que fica soando seu drive por longos segundos deixando a musica fluir sobre nossos sentidos, é assim que consigo ler sua primeira ode em “Elegia”, segunda faixa do álbum, abrindo os trabalhos com passagens acústicas cativantes e vociferações malignas.
“Dust” já começa com um piano lamentoso, choroso e cheio de feeling e logo entram outros instrumentos dando a tônica mais pesada à obra. “Dust” é uma típica canção de Doom que nos remete à bandas como Theatre of Tragedy e mesmo a brasileira Silent Cry em sua melhor performance das primeiras demos e álbuns. Essa faixa traz a introdução instrumental cheia de expectativa, porém não é tão arrastado é um tempo bem cadenciado, mas quando a voz chega é cheia daqueles perversos entoares. Aliás a ambientação provocada pelo material gráfico do álbum já nos transmite essa atmosfera sombria, porém perversa em muitos momentos.
O teclado é muito presente neste álbum, ele consegue fazer com que a atmosfera do álbum esteja permanentemente para baixo, densa e, em muitos momentos, “deprê”, por outros horrenda e cheia de mistérios e suspenses. Incrível a forma com que a banda consegue conduzir sua sonoridade e preencher as lacunas com uma solução inteligente para os arranjos que, aqui não soam tão diversos, são até simples, mas muito cheios, cavernosos como em “Fever”, “Somber” e “Dissolve”.
Em poucos momentos, raros momentos, dá pra ver que a banda até arrisca acelerar o ritmo ou mesmo flertar com sonoridades fora do Metal como o Gótico. Nestes casos, são passagens muito sutis e rápidas e que enriquecem muito a musicalidade do álbum. A produção do material é assinada por Pedro Drago e a própria banda, porém duas musicas foram assinadas por outros produtores e gravadas em outros estúdios em tempos distintos como: “Dissolve” gravado no Klave Studio em janeiro de 2021 produzido e mixado por Igor Jurgensen e “Somber” gravado no Omni Studio em fevereiro de 2017 produzido e mixado por Hugo Taboga, a capa assinada por Cayo Farias. A versão que recebi do selo é a digipack, que vem com encarte de oito páginas, e digipack de dois painéis, algumas fotos da banda e fotos de elementos que fizeram parte do cenário para as fotos da banda, gostei muito do resultado e representa muito bem, quero crer, a intenção em volta da música da banda
Recomendo aos amantes de um Doom Metal com um conteúdo denso e muita dinâmica de Death e Black Metal cadenciado, flertando com a sonoridade do Gótico, mas ainda assim muito pesado e muito bem executado.
Track list:
- Decessum 02:35
- Elegia 05:18
- Dust 05:56
- Fever 05:10
- Inert 06:16
- Vampire 06:54
- Lucretia 05:21
- Somber 07:21
- Dissolve 07:12
- Dolor 01:54