A AASVERUS foi criada em 2002, ainda me recordo (e tenho no meu humilde acervo) do lançamento do primeiro trampo deles, o EP “L.U.A.R.”, isso em 2009 quando ainda me correspondia via carta com o Sokram Malediction (guitar), este EP chamou bastante a atenção por um cover inusitado (uma versão, assim digamos) para “Nuit” do Raul Seixas. Já em 2018 lançaram o primeiro full CD com o título de “Enigmas de Aasverus” com 4 sons, se caracterizaria como EP mas estes 4 sons gigantescos somam 01:17:46 de um Funeral Doom Metal repleto de essência old.
Já agora em 2024 fui agraciado com a surpresa de receber em minha casa o primeiro LP da Aasverus, fiquei muito honrado e abascado com este vinil, o trampo possui um esmero underground extremo e de simbologias (classicismo mesmo), o encarte muito bem diagramado, a capa é uma arte bem interessante reverenciando os poetas mortos.
A primeira faixa é “Ressurreição”, com seus quase 10 minutos de um mergulho profundo e denso na melancolia, uma jornada de desolação e reflexão, com a construção lenta e os riffs pesados complementados por vocais guturais que evocam a velha sensação nostálgica da música tétrica.
“Kether” já tem uma abordagem ligeiramente mais melódica e totalizados em seus 08:26 de duração com arranjos de guitarra são mais variados criando um equilíbrio entre a agressividade e a melancolia atmosférica.
Em o “Esquecimento – O Ato” o ritmo continua lento, mas as variações na dinâmica e na estrutura dos seus 07:58 de música mantém a essência mais envolvente, um ambiente de isolamento e tristeza.
E, mais uma vez o Aasverus nos surpreende, aqui em “Canção Agalopada” que é uma versão/cover da música do Zé Ramalho, uma versão sombria e ao mesmo tempo envolvente, a transformando em uma peça teatral de funeral doom mostrando a impressionante criatividade da banda ao adaptar músicas fora do gênero de origem para seu próprio estilo.
“Decálogo da Loucura” aqui a Aasverus mostra sua capacidade de criar uma sensação de crescente desorientação e caos, enquanto os elementos de Doom e Black Metal se entrelaçam de maneira complexa nos seus 10:52. Uma dosagem bem equilibrada, com momentos de extrema lentidão intercalados com passagens mais intensas. A combinação de elementos extremos e atmosféricos reforça a natureza perturbadora e emocional do álbum.
E para fechar o álbum temos um “Outro” (01:34), uma conclusão breve e eficaz para o álbum oferecendo uma despedida que ecoa o tema do álbum, a produção enxuta destaca a eficácia da banda.
Uma jornada densa e envolvente passeando pelas nuances do Funeral Doom Metal, uma uma experiência desafiadora, mas recompensadora para os fãs do gênero, oferecendo um mergulho nas profundezas da melancolia e do desespero.
A formação que gravou este disco é bem coesa e talentosa, a AASVERUS sempre está bem equipada/preparada, a combinação das habilidades de Animus Noctis no baixo, Mantus na bateria, Sokram Malediction na guitarra e Thrasher nos vocais, resultaram em um som que é ao mesmo tempo pesado e atmosférico, capaz de capturar a essência sombria e introspectiva do Funeral Doom. E vale ressaltar que após a gravação do disco Animus Noctis e Mantus deixam a banda, e são convocados Louisiana e o Luiz Toledo para assumirem as lacunas.
A atual formação da AASVERUS é:
Sokram Malediction – Guitar.
Thrasher – Vocals.
Louisiana – Bass.
Luiz Toledo – Drums.
“Dos que afirmam saber, nenhuma pergunta
Dos que pensam não saber nenhuma resposta”
Contatos: @aasverus/