AHAB – The Coral Tombs

CD 2023 / Napalm Records - Shinigami Records

Álbum

Em seu quinto álbum de estúdio, os alemães do Ahab nos levam para uma viagem às profundezas do Funeral Doom. No caso, uma viagem submarina, inspirada no livro “Vinte Mil Léguas Submarinas” de Jules Verne (1870). História que tem início no naufrágio da embarcação do Prof. Arronax que o leva para adentrar os vastos oceanos. Para essa que é a primeira faixa do álbum, a saber, “Prof. Arronax descent into the vast oceans”, o grupo conta com a participação do vocalista Chris Noir da banda de Black Metal alemã Ultha. De fato, o álbum tem um início bombástico e aflitivo, mas depois de um minuto já estamos imergindo para a calmaria do fundo do oceano e com isso adentramos na lentidão do Funeral Doom. Ou Nautik Funeral Doom, já que a banda lida exclusivamente com temáticas ligadas à literatura marítima, de onde vem seu nome, o Capitão Ahab do “Moby Dick” de Herman Melville. Ao final da primeira faixa já nos é apresentado o principal personagem da história, o Capitão Nemo que abandonou a civilização e decidiu explorar os mares com o submarino Náutilus. A segunda faixa apresenta o confronto do Capitão Nemo contra o “Colossus of the liquid graves”, uma das faixas mais pesadas do álbum ao lado da terceira que vem na sequência, “Mobilis in mobili”, essa mais atmosférica, com uma introdução que nos convida a uma nova navegação e nos brinda aos 4 minutos e meio com um belo interlúdio que remete à clássica “Rime of the ancient mariner” do Iron Maiden. A essa altura da audição já temos certeza de que se trata de mais uma obra prima desse quarteto formado em 2004. A quarta faixa é a poética “The sea as a desert”, na qual os vocais limpos predominam e na qual ouvimos as seguintes sentenças: “O mar é um deserto, sinta sua vida agitando-se no subsolo; É o infinito vivo. Todas as suas dúvidas vão se afogar. A vida começou com os oceanos, e aí terminará para ti”.

A faixa título “A coral tomb” nos apresenta o momento mais triste do álbum, eliminando qualquer dúvida sobre o caráter fúnebre desse assim chamado “Nautik Doom Metal”. Temos aqui uma verdadeira marcha fúnebre marítima. A penúltima faixa, “Aegri somnia” mantém o padrão elevadíssimo de qualidade das composições e execuções do disco, evidenciando traços de Metal Progressivo que nunca se deixam arrastar para os vícios do gênero como firulas desnecessárias e virtuosismo dispensável. Por fim, “Maelstrom” encerra de maneira épica e sombria o álbum com a participação de Greg Chandler do Esoteric, que além de oferecer dramaticidade a esse grand finale, torna ainda mais especial essa obra. E como não poderia deixar de ser, o álbum vem acompanhado de belíssimas ilustrações na capa, contracapa e encarte assinadas por Sebastian Jerke.

Enfim, Cornelius Althammer na bateria, Daniel Droste nos vocais e guitarra, Christian Hector na guitarra e Stephan Wandernoth no baixo apresentam uma obra prima capaz de introduzir um gênero tão pouco acessível quanto o Funeral Doom para o grande público. Um lançamento que é acompanhado por grandes relançamentos do gênero, como os dois primeiros álbuns do Funeral pela Sphera Noctis e álbuns de bandas como Bell Witch, Esoteric e Evoken pela ColdArt Industry, lançamentos que colocam o Funeral Doom em evidência. Sinal de tempos sombrios!