Tarantino antes de ser um dos maiores diretores do mundo, e mesmo antes de ter lançado o clássico cult Pulp Fiction, já sabia muito bem o que queria fazer. Como um exímio diretor, na época, tendo lançado apenas uma obra (Cães de Aluguel), o mesmo também é um bom contador de histórias transcritas no papel.
Assassinos por Natureza é um roteiro de Quentin, que ao meu ver, já botava as manguinhas de fora para ter o seu próprio estilo no qual é conhecido mundialmente.
Mick & Mallory (Woody Harrelson e Juliette Lewis) se conheceram e entrelaçam num desejo mútuo de amor e juntaram o que tinham em comum, a paixão pela violência, onde Mick `rouba` Mallory da casa dos pais e partem numa viagem de massacres e violência gratuita por onde passam, sempre deixando um vivo para contar os fatos. Numa espécie de Bonnie & Clyde, o casal chama atenção da mídia sensacionalista, especificamente do repórter (também sensacionalista) Wayne Gale (Robert Downey Jr. que infiltra a parte divertida da obra). Robert passou semanas com o repórter australiano Steve Dunleavy, como laboratório para criação de seu personagem, criando assim Wayne, um repórter obcecado pela fama barata e perversa do sensacionalismo. Assassinos por Natureza é um filme onde de fato não existe o `mocinho`podendo dizer que é um filme 100% de antagonistas.
Voltando para o Roteiro, Tarantino o escrevera de forma sequencial ao filme Amor à Queima Roupa (True Romance 1993), onde nessa primeira obra em que Quentin também é o roteirista, o casal se encontra e se apaixona, se envolvendo num mar de confusões. Fato que, se Tarantino estivesse na direção, os dois filmes com certeza soariam de maneira diferentes, como uma sequência, que ao conhecermos o mesmo, seria de um alto nível.
Felizmente ou infelizmente, o Assassinos por Natureza caiu no colo de ninguém menos que Oliver Stone. Oliver estava em alta nesse período, vindo de um Oscar com Platoon (1986), mais uma indicação ao jornalístico JFK (1991) e o poético The Doors, onde o mesmo retrata os excessos de Jim Morrison.
Coube a ele, dirigir então um dos filmes mais violentos já filmados, entrelaçando a mesma vibração xamânica de seu trabalho anterior (The Doors).
Sensacionalismo, violência gratuita e o lado no mínimo podre da fama, são quesitos indispensáveis para Nascer Assassinos por Natureza, onde podemos ouvir uma ótima e distinta trilha sonora, seguido de diálogos carregados de palavrões cabeludos.
Oliver Stone teve uma baita dor de cabeça com a censura da obra na época, e mesmo tentando `aliviar` certas cenas, o filme ainda é considerado um dos filmes Hollywoodianos mais violentos já feitos.
Fotografias certeiras, atuações caricatas, seguido de diálogos acalorados, o filme mostra bem o lado trivial e divergente dos três fatores principais da obra: as autoridades, a mídia e os assassinos.
Um filme indispensável para cinéfilos ou não. É daqueles filmes que se tem que assistir pelo menos uma vez na vida, entrar de cabeça na época e digerir toda a voracidade que a obra proporciona.
Escritor, músico e entusiasta do cinema.
Como escritor, tenho 5 livros publicados, participação em diversas antologias.
Como músico, fui baixista e vocalista da banda Abuso Verbal e atualmente vocalista da banda de Metal Punk “Roto”.
No cinema, já escrevi críticas para o site Cineset, diversos fanzines como, Sindicato dos Assassinos e também divulgo análises no feed do meu instagram.