BEYOND CHAOS – Fanaticvs Sanctvs

CD 2024 - UBL (Union of Black Labels)

Álbum

É fato que sempre tive um pé atrás com projetos one-mand-band. Um ranço que ainda procuro explicação. E entre esses pensamentos, me dei conta que cada vez mais tem surgido projetos, e ao contrário do que pensava, com pessoas sérias que levam seu trabalho também com seriedade. Posso listar sem muito pensar: Impure Essence, Mortiferik, Harmony Hate, Christ Rotten Flesh, Denial of Light, Homoboros, Schating Nocturnal, Nightmare Slaughter, Withblood, Deep Memories…

Aí me surge mais um projeto que ao dar aquela rápida e primeira audição comentei: “ esse cara sabe fazer Death Metal!”. Estou falando do Thiago Alboneti e seu projeto BEYOND CHAOS. Mais surpreso fiquei ao saber que “Fanaticvs Sanctvs” é o seu quarto full lenght, lançado digitalmente ano passado e agora em formato físico pela UBL (Union of Black Labels) formada pela Black Seal Productions, Impaled Records, Sangue Underground Records, Gerunda Produções, Storm Records, Black Empire Productions, Belial Songs e Invisible Force of Evil.

A destruição começa com a faixa titulo do álbum. Rápida, com uma pegada que me lembrou logo o Benediction e também o Paganizer. Porém, repentinamente cai o tempo, com o baixo dando um peso excepcional e de repente a faixa muda de forma, com um refrão mais ao estilo Black Metal, vocais duos, gutural e rasgado, demonstrando as características primordiais deste trabalho, um laboratório sonoro que vagueia entre o Death, o Black e o Thrash Metal. A segunda faixa, ‘The Emperor’, tem uns riffs rápidos e bem trabalhados, às vezes tensos e bem pesados, acompanhado de uma linha de baixo que acrescenta muito bem na estrutura da composição. Thiago também faz umas variações de voz, saindo estranhamente do comum. Continuamos com ‘Unheard Screams’, mais cadenciada e com riffs melódicos. As bases cavalgadas e quebradas caracterizam a faixa.

É interessante quando ouvimos um trabalho e vai dando uns insights. Mas não é no sentido de fazer comparações e tirar o mérito do mesmo, na verdade, é dizer o quanto aquele trabalho é bom e nos traz memórias, muitas vezes, puramente individuais. Foi isso que senti ao ouvir ‘Legacy of Sin’, me transportando ao velho som feito pelo Dismember. Bases fortes, bateria alta, riffs soltos e navegando por toda faixa. A cozinha destrói, baixo e bateria faz a faixa ficar mais fudida. A música ‘The Unseen Agony’ é a mais longa do álbum, sem deixar cair a qualidade e suas características próprias com variações simples e na medida certa. Em seguida, surge ‘Carnage’s Embrace’ e suas bases quebradiças, riffs poderosos e bateria bate estaca. Vale ressaltar o nível de gravação do álbum, ficou excelente.

Uma coisa é tentar, outra coisa é fazer Death Metal. Como tinha dito anteriormente, o cara sabe o chão que pisa e faz isso ficar nítido em ‘Vortex of Torment’. Em ‘Malevolence Within: The Damned Asylum’, os riffs continuam dando regra do jogo, acompanhados de vocais guturais e rasgados, dando o clima à mais necessário. A penúltima faixa, ‘A Soul’s Redemption’ tem umas passagens mais Thrash Metal, porém não perde o peso e a violência do Metal da Morte, ora cadenciado e melódico, ora mais visceral. Por fim, chegamos em ‘The Cult of Despair’ que tem um espécie de coro ritualístico surgindo no decorrer da composição entre teclados, dividindo o espaço com riffs potentes.

Vale destacar que a arte ficou também por conta do Thiago Alboneti e o design pelo já  “macaco velho” Alan Luvart. O encarte é simples, daqueles que abre-se em apenas três partes, mas enalteço-o pela nitidez nas letras das músicas’ o contraste do fundo preto com letras amarelas fez toda diferença. Algo que tem perdido a atenção em muitos CDs lançados com encartes ininteligíveis.

E sobre as letras? Fiquem com a descrição do próprio Thiago: “...nesse álbum eu quis fazer algumas críticas a religiões e seus dogmas aos quais prendem as pessoas num conceito distorcido de certo e errado. E nele eu não falo apenas de uma religião, e sim crítico todas.”