BRAZILIAN RITUAL (Final Attack)

25 e 26 de março 2023, Hangar 110 – São Paulo

Shows e Eventos

Ainda em estado de êxtase, após ter dado como certo a minha ausência neste maligno festival, eis que as entidades demoníacas conspiram para que o contraditório aconteça e amigos velhos de guerra possam demonstrar aquele sangue contaminado pela mácula perversa em suas veias e proporcionar um dos instantes mais preciosos de minha existência e de minha trajetória neste underground de pouco mais de 35 anos nesse meio tão hostil e injusto.

Pois bem, estive lá para testemunhar tamanha reunião de demônios em um só local após tantos anos só tendo notícias de eventos desse porte fora de nosso país, obviamente que já em Brazilian Rituals passados, já houve reunião de grandes bandas, como a própria Blasphemy, mas não ainda com essa dimensão de 11 bandas, sendo que uma delas fora anunciada às vésperas do evento, nada mais, nada menos que a infame Blasphamagoatachrist!

Pude acompanhar meus infames irmãos da Kastiphas que iria fazer seu show de estreia e que seria num palco com gigantes do Metal Negro da Morte mundial, quanta honra! Eu, imagino que esses caras devem ter sentido, porque eu sentiria, sem sombra de dúvidas, estar num só evento ao lado de Deuses da Guerra Satânica como Blasphemy, Beherit e Mystifier (mais em minha memória do passado distante que do passado recente), no caso da Beherit um fator surpresa e cheio de nostalgia que narrarei mais adiante.

Primeiro dia 25/03/2023

Pois bem, estamos no sábado, dia 25 de março, na cidade de São Paulo (BRA), num espaço já tradicional para eventos undergrounds no histórico da capital paulista e chego cedo ao local avistando os integrantes da Witchcraft (FIN) na porta do espaço e nos corredores integrantes da Blasphemy (CAN), Bode Preton(BRA), Goat Semen (PER), Tormentador (BRA)… claro que bem ambientado, cumprimento à todos e fico ali a espreita da passagem de som e eis que já tenho uma previa da devastação que será ao subir no palco os baluartes do Metal mais extremo do planeta, Blasphemy, e era só uma passagem de som, mas eu já me dei por satisfeito.

Blasphamagoatachrist

As 16:30, em ponto, temos a honra de presenciar uma apresentação da Blasphamagoatachrist em solo brasileiro, banda que mescla membros da Goat Penis, Impurity, Blasphemy e Antichrist. O set foi bem curto, mas conseguiu abrir o evento com chave dourada, nada mais marcante que o lendário Nocturnal Grave Desecrator and Black Winds numa performance insana, que dava para notar claramente seu prazer e empolgação, afinal, toda a atmosfera daquele encontro estava muito apropriada para que as emoções fossem e estivessem afloradas. A banda abre sua apresentação com “Tyrannic Empire”, música de sua primeira demo “Black Metal Warfare” lançada em 2018, seguida pela faixa título e fechando com “Fire Demons of Blokula” que faz parte da demo, mas também aparece no álbum “Bastardizing the Purity” de 2020. Uma apresentação que nos deixou com aquele gosto de quero mais, porém foi daquelas apresentações meteóricas, apesar do som ainda não estar em sua perfeita qualidade, foi possível sentir o feeling da banda, que estendeu bandeiras plotadas no palco, trazendo as principais iniciais do nome da horda além de todos os sortilégios que já fazem parte do cenário próprio do festival com pentagramas, estandartes e crânios de animais chifrudos.

Após a magnifica abertura da Blasphamagoatachrist, sobe ao altar a estreante do dia: Kastiphas, banda oriunda de

Kastiphas

Salvador, contendo em sua composição experientes músicos como Occvltvs Saatanallivs F.D.S.C.F. (In Infernal War, Eternal Sacrifice), Sextrash (Morbid Perversion, Leprovore) e o multi instrumentista e multi bandas Sado Baron Szandor Kastiphas. Uma apresentação selvagem, animalesca, doentia, cheia de vocalizações insanas e integrantes em transe pérfido, fazendo com que as musicas soassem ainda mais malignas ao vivo, transitando muito bem entre as partes rápidas e as mais arrastadas, entregando uma energia fora do comum, ainda que estivesse com algumas falhas no som, principalmente no vocal de Kastiphas que por muitos momentos sumia para nós que estávamos na plateia, mas nenhum destes imprevistos foi suficiente para ofuscar essa brilhante e empolgante apresentação da banda que, ainda que estreante como Kastiphas, deu a verdadeira essência de músicos experientes que já tem seu legado em outras bandas no histórico, tirando de letra todos os pequenos obstáculos. Da metade do set em diante, o som melhorou e a voz ficou mais audível, crendo que isso contribuiu para que a banda ficasse ainda mais dinâmica e conseguisse expressar toda sua perversidade, luxúria e misticismo.

Cavalo Bathory e Kastiphas

Kastiphas abre sua apresentação com “Blaspheming the Holy Trinity”, música que integra seu primeiro álbum lançado ano passado pela Brazilian Ritual sob o título “Intense Bewitched Instinct”, seguida por “Soul Projection Into Exalted Energies (Blood, Flights and Penetration)”, “The Nervous Dust that Invokes the Exalted Dimension (Satanic Drugs in Insane Rites With Alcohol)” e “Babalon, Mother of Abominations (The Woman with Scarlet Soul)” também do mesmo registro. O momento mais surpreendente da apresentação da Kastiphas foi a homenagem à veterana horda brasileira Mausoleum, onde eles executaram uma de suas músicas mais emblemáticas “Irmandade Obscura”, música que foi lançada originalmente no material “O Retorno à Batalha” de 2000 (primeiro em k7, depois em lp no ano de 2006). Nessa homenagem, Kastiphas contou com a participação do lendário vocalista Cavalo Bathory (ex-Mausoleum, The Black Spades, Vobiscvm Inferni) vociferando no palco feito um herege, a plenos pulmões e fazendo o público delirar, entrar em verdadeiro êxtase, fazendo com que esse momento fosse único e memorável. Kastiphas, de fato, entregou uma apresentação soberba, fantástica, mostrando toda ira e energia perversa dos magos soteropolitanos, representou com toda honra e glória.

Bode Preto

Seguindo as apresentações do dia, sobe ao palco a Bode Preto, outra grande banda do underground brasileiro que também tem um recém (não tão recente assim, 2021) lançado álbum via Brazilian Ritual, qual vem a ser seu terceiro álbum de estúdio. A Bode Preto se apresenta de forma impecável, trazendo em sua bateria uma lenda do underground brasileiro o Adelson, grande amigo de longas datas, lá dos idos dos anos 90, cara que fez parte simplesmente da The Endoparasites. Bode Preto abre sua apresentação com uma música bem antiga da banda “Sweet Fever”, que fez parte do seu primeiro material lançado em 2010, o EP “Dark Night”, seguida por “Deep Reality”, do seu segundo álbum “Mystic Massacre” e “Inverted Blood” que faz parte do seu primeiro álbum homônimo. Bode preto fez uma apresentação bem dinâmica, cheia de maldade e violência sonora, com aquelas bases sujas e baixo nervoso. Outras músicas que fizeram parte do seu set list foram: Children of Suicide, Golden Darkness, Amorphophallus Titanum, Unknown Woman, The Realm of Satan; Serpent Inferior, Verminoso, Absurds of Violence e The Erection of the Cross que passeiam por praticamente toda a discografia da banda.

Mausoleum com Cavalo Bathory

A quarta banda a subir ao palco neste dia foi a magnífica Mausoleum, que aqui encerrou sua jornada, selando seu túmulo num rito fúnebre digno, numa cerimonia que celebra toda sua jornada, sua história dentro do underground e os anos nessas trincheiras espalhando a praga do Metal Negro. Mausoleum, faz jus ao que chamamos de honrarias mortuárias quando Von Labarthe passa o machado às mãos de Cavalo Bathory, num gesto simbólico e muito poderoso o qual fará de Cavalo Bathory o mestre desta cerimonia funerária. Abrindo os trabalhos com “Bestial Massacre” após sua intro, Cavalo encarna um demônio e faz uma apresentação majestosa, onde interage com o público que vibra em delírio sublime do inicio ao final da apresentação da banda, ali fica claro o porquê da Mausoleum ser essa sumidade e unanimidade na cena Nacional há tantos anos. A energia de Cavalo prossegue por mais três hinos poderosos da banda: “Hino Épico da Morte”, “Reverenciação dos Filhos Mórbidos a Deusa Hécate” e “Rituais Profanos” quando Cavalo em mais um rito de passagem entrega o machado de volta ao Labathe que dá prosseguimento a esta cerimonia funérea cantando outros hinos maléficos como: “Crepúsculo Pagão”, “Irmandade Obscura”, “Litania a Pã Soberbo”, “Lascivos Encantos aos Olhos de Lilith” e “Beltane”. Durante a apresentação, houve alguns problemas com o áudio, principalmente com a altura da voz que sumiu algumas vezes e a própria banda se queixou de ter muitas dificuldades de se escutarem em cima do palco, de fato, para o músico se ouvir no palco é essencial para dar-lhe segurança e tranquilidade durante a apresentação e, isso pude ouvir o relato deles após o show, foi algo que os estressou e fez com que ficassem um pouco mais tensos, mas garanto que isso não foi notado pelo publico em geral, que estava em total transe e delirando aos hinos finais da Mausoleum que decidiu encerrar suas atividades definitivamente neste evento.

Kadeniac – Death Worship

Após a marcante passagem da Mausoleum pelo palco do Hangar 110, eis que sobe uma das bandas mais fantásticas que o culto de Ross Bay foi capaz de produzir, Death Worship fez o show mais fantástico e perfeito que pude ver e ouvir naquele festival. Death Worship conseguiu extrair uma massa sonora tão impactante e perfeita que surpreendeu a todos com sua performance impecável, musicas cheias de ódio, sentimento de destruição e foi de fato uma devastação sonora. Foi esplendoroso ouvir aquela banda ao vivo e, com toda certeza, vai ser o show mais inesquecível que tive a chance de ver na vida. No começo da apresentação ocorre algo que havia acontecido com as bandas anteriores, o vocal bem baixo, quase inaudível, mas, após alguns ajustes, logo ficou poderoso!

A apresentação do Death Worship foi tão surpreendente que ao final faltaram as palavras para comentar o que ali havia acontecido. A banda tocou o seguinte: “Stand Witness to Atrocity”, “Evocation Chamber”, “Abomination Storm”, “Masters and Monolith Altar”, “Mass Murder Majesty”, “Slaughtersiege”, “Desolation Summoning”, “Superion Rising”, “The Chaos Trance”, “Reaped Through Violence” e “The Poisoned Chalice”.

Finalmente, eles, os mestres, os verdadeiros criadores de tendência, de estilo, de estética: Blasphemy. Um dos ícones do Black/Death Metal mundial que marcou como referencia e criou uma marca em cima do Black Metal skinhead (apenas referencia pelas cabeças raspadas que era totalmente inverso do estereótipo do Metal cabeludo), a Ross Bay Cult em sua mais primorosa forma. Eu, em particular, meio que anestesiado, após mais de 30 anos, ver pela primeira vez ao vivo tamanha referencia. Abrindo sua apoteose: War Command, lá dos idos de 1989 de sua grotesca demo “Blood Upon the Altar” tantas vezes reeditada em diversos formatos diferentes, mas sem perder aquela essência maligna, seguida de “Blasphemous Attack” também constante na mesma demo. Há essa altura já estávamos

Blasphemy

todos refeitos da apresentação matadora da Death Worship e para nos aniquilar, nada mais nada menos que “Gods of War” música que dá título ao fabuloso segundo álbum lançado em 1993. E olha que sequencia mais perversa: “Blood Upon the Altar”, “Darkness Prevails”, “Desecration”, “Nocturnal Slayer”, “Emperor of the Black Abyss”, “Hoarding of Evil Vengeance”, “Goddess of Perversity” o pescoço já estava bem prejudicado, pois bater cabeça nessas musicas era imprescindível, não tinha como ficar apático diante de tamanha aberração sonora, Nocturnal Grave Desecrator and Black

Winds estava em estado de êxtase, empolgadíssimo e chamando o público a interagir com aquela celebração.

Blasphemy fecha sua apresentação com as faixas: “Weltering in Blood” demo de 89, “Blasphemy”, “Fallen Angel of Doom” música título do seu primeiro e clássico álbum, “The Desolate One”, “Necrosadist” do álbum Gods of War, “Demoniac” demo 89, “Atomic Nuclear Desolation”,

 “Empty Chalice” Gods of War 93 e fechando com “Ritual” do Fallen Angel of Doom. Saímos, tenho certeza, com aquela sensação que estávamos num evento que merecíamos ter há muito tempo, mas que nunca essa oportunidade aconteceu e era só o primeiro dia, de casa cheia.

Segundo dia 26/03/2023

Eis que então chega o segundo dia desse grande festival, um dos mais fétidos dos últimos anos, com toda certeza. Depois de um dia anterior recheado de bandas fantásticas e apresentações ímpares, mais uma vez chegamos cedo a tempo para passagem de som feita pela banda Mytifier e a banda Tormentador que tocaria na abertura. Apenas aqueles que ali estavam puderam ver as surpresas guardadas para a apresentação da Mystifier, além da presença marcante do seu primeiro e emblemático vocalista Meugninuosoan (hoje atende pelo codinome Lord Hades e membro da banda fundada pelo próprio Ad Baculum).

Repetindo um pouco do que foi o primeiro dia, muita confraternização nos bastidores entre os membros das bandas, muita troca de materiais, registros ao lado de muita admiração mútua, respeito e uma convivência tranquila independente de qualquer outra questão de fórum mais íntimo, digamos assim!

No domingo os shows começaram mais cedo, desta vez as 15h tendo como banda de abertura a surpreendente Tormentador que traz em sua formação nada menos que figuras históricas do Metal Extremo Brasileiro como Leprous ex-Holocausto e ex-Sarcófago na bateria e Rodrigo Führer ex-Holocausto, ex-Impurity, ex-Mutilator e atualmente na grandiosa Bode Preto como guitarrista, a banda ao vivo contou com mais dois integrantes o Josh (guitarrista da Bode Preto, grande irmão) e o lendário Ron Seth (Impurity, Blasphamagoatachrist) no Baixo.

Tormentador

Tormentador fez uma daquelas apresentações marcantes com aquela sonoridade do metal extremo mineiro na sua melhor forma dos anos 80, mas sem perder o feeling da atualidade. A banda teve seu primeiro álbum lançado ano passado pela própria Brazilian Ritual e é um material poderoso chamado “Morte Negra”. Seu setlist não poderia ser outro se não o pautado no álbum de estreia e que apresentação meus amigos! Confesso que ainda não conhecia o trabalho deles e fiquei muito entusiasmado com a apresentação e procurei imediatamente adquirir o álbum. As musicas foram: “Intro – A morte à Espreita”, “Morte Negra”, “Labirinto dos Ratos”, “War Metal Attack”, “Satanic War”, “Necroatormentador”, “Outro”. Destaque para a performance de Leprous que arrebentou nas baquetas e nos trouxe toda uma nostalgia, não só ao ambiente, mas sobre nossa memória dos tempos áureos da Cogumelo Records e suas pérolas mineiras.

Witchcraft

A segunda banda do dia foi a fantástica e underground Witchcraft, uma banda de garotos que resgataram toda a essência do metal maligno feito no final dos anos oitenta e início dos anos noventa do século passado, com tanta propriedade e sentimento que poderíamos fechar os olhos e acreditarmos piamente que estávamos lá, naquela época ouvindo nossas fitas cassetes em nossos quartos com aquele tocafitas precário cheio de ruídos. Ali pude constatar que sim, é possível que tenhamos a chance de ainda termos esperança numa geração do metal que tem respeito ao passado, valorizam aqueles anos e sabem de fato usar a influencia maldita.

Não bastasse esses caras tocarem suas músicas ainda teve uma surpreendente sessão com as músicas do Beherit tocadas simplesmente por seu baterista… Quanto a Witchcraft, pudemos presenciar uma apresentação de excelência e a banda não possui nenhum álbum lançado, mas tem alguns splits e muitas demos tapes, isso mesmo, eles preservam intacta arte de lançar demos em fita cassete. Sua apresentação começa com “Intro : Bewitchment at the Avernus Gate” e “Taoghomet” música que está em uma de suas demos lançadas em 2022 “Sodomythic Temple”, depois “Grave Immolation” uma música das suas primeiras composições que está em quase todas suas demos desde 2013, “Mouth of Hell” de sua demo de 2014 “Tumultuous Dark Offertory”, “Blasphemy, the Unholy Sins” da demo “Ghastly Demonolatria” de 2022 e fechando suas músicas próprias “Diablerie” de demo homônima lançada em 2017 numa apresentação empolgante e impecável.

Witchcraft e Sodomatic Slaughter (Beherit)

A segunda parte, aí sim a “surpresa” da participação do Sodomatic Slaughter (baterista da lendária Beherit) subindo ao palco para tocar músicas emblemáticas como “Intro: Black Mass Prayer”, “Sodomatic Rites” do primeiro álbum “Drowing Down the Moon” de 1993, “Paradise, of Thy Demonic Host” música sem registro que aparece num Unreleased Studio Tracks de 1991, “The Oath of Black Blood” música que dá título a um trabalho que é classificado como compilação, mas para muitos e para mim também é o primeiro álbum da banda de fato e se não era passou a ser! (risos), por fim, essa sessão nostálgica do Beherit “witchcraftiana”: “Nocturnal Evil” do Drowing Down the Moon. Mas, isso não era tudo, ainda tinha mais uma surpresa, quando o Leprous é chamado ao palco para tocar simplesmente “Satanas” do Sarcófago fazendo o público delirar… que encontro! Mesmo com uma das cordas da guitarra de Black Moon Necromancer of Funeral Fornication arrebentando, o som continuou assim mesmo só baixo de Goat Prayer of Black Baptism (vale ressaltar que esses músicos da Witchcraft também fazem parte de inúmeras bandas do underground finlandês e, inclusive Necromonarchia Daemonum que já teve material lançado em tape aqui no Brasil pela fudida Angel of Cemetary Records) e bateria e foi fenomenal.

Agora vamos à apresentação da Peruana Goat Semen, uma das bandas mais seminais da América Latina com seu som original e devastador, mostrando uma performance matadora, foi realmente um pandemônio sua apresentação e o público ficou muito envolvido pelo som deles. Seu setlist começa com “Intro – Goat Semen” dando o cartão de visitas da banda, musica que consta de suas duas primeiras demos “Southamerican Terrorist Black Death Destruction” de 2000 e “Goat Semen” de 2003 que, por sinal, eles trouxeram camisa com estampa dessa demo para vender no espaço do show! Provavelmente devido ao relançamento desse material em LP ano passado através do selo Austral Holocaust Productions (PER). O material dessa demo é praticamente um long-play mesmo, pois constam de quatorze faixas.

Goat Semen

A sequencia de sons de sua apresentação foram: “Sodom Graves”, “Death Will”, “Apologia”, “Postarmagedon”, “Crucified”, “Camara de Tortura”, mais uma intro e “Holocausto”. “Oracle of the Sands”, “Madre Muerte”, “Warfare Noise”. A banda apresentou um setlist bem próximo do material da sua demo de 2003 e, mesmo com essa extensa carreira de 23 anos, a banda só lançou um álbum de estúdio “Ego Svm Satana” que também teve músicas tocadas neste show, basicamente musicas destes dois registros, provavelmente os mais importantes da banda.

Em seguida, uma das bandas que tinha uma grande curiosidade em ver ao vivo, mas confesso que fiquei um pouco frustrado, pois esperava um visual mais bestial da banda e acabou sendo um visual “normal”! talvez essa minha expectativa não faça muita diferença para algumas pessoas, mas para mim isso é algo que cria muita atmosfera pra banda e, nas minhas memórias, a banda usava muito cinto de bala, máscaras de gás, spikes e nada disso pode ser mostrado em sua apresentação. Por outro lado, no quesito musical a banda foi muito bem na sua apresentação, o baixista e a nova guitarrista agitaram de forma animal do inicio ao fim dando um ar selvagem a apresentação da banda.

Morbosidad

Morbosidad é uma banda Norte Americana de origem, porém seu fundador Tomas Stench é nascido no México e talvez isso explique o nome da banda e uma grande quantidade de músicas e títulos de lançamentos serem em espanhol, como a banda é bem antiga e tem muitos lançamentos, suas músicas buscaram contemplar essa vasta discografia. A banda então inicia tocando a música: “Intro – Muerte Suicidio” música integrante do seu álbum “Corona de Epidemia” de 2017 (teria sido um presságio?), “Cadaver Descompuesto em lá cruz” do seu segundo álbum de 2004 “Cójete a Dios por el culo” e mais: “Bajo el Engendro”, “Entre la Muerte”, “Intro – Altar de Sangre Negra”, “Inferno Immortal”, “En Las Gallas”, “Crudeza”, “Escupe la Maldita Cruz / Verdugo”, “Morboso Metal” e “In My Blood”. Bom, apresentação muito boa, mas ficou devendo no visual.

E por fim, encerrando esse grandioso festival, sobe ao palco a Mystifier trazendo consigo seu primeiro e emblemático vocalista Meugninuosoan que já a postos abre o certame com a música “Osculum Obscenum” do poderoso e histórico álbum “Wicca” lançado originalmente pela Heavy Metal Maniac Records em 1992. Primeiro, fica bem evidente que a performance de Meugninuosoan já está bem diferente de quando pude ver muitos shows da banda naqueles anos 89, 90, 91 do século passado, mas não tem como dizer que o feeling é completamente diferente da Mystifier de hoje, nada paga a expressão artística e estética que esses caras representaram e essa apresentação tem esse teor, de reverenciar esse passado, afinal é uma reunião histórica, com bandas históricas em sua maior parcela e que moldaram o movimento underground anos a fio.

Mystifier

Na sequencia, ainda com Meugninuosoan, tocam: “An Elizabethan Devil-Worshiper’s Prayer-Book” do álbum “Wicca” e regravado no álbum “Goetia” lançado originalmente em 1994 pelo selo francês Osmose Production devassando as fronteiras do mundo para um fenômeno do Death Black Metal que despontou na frente das demais bandas da cena da cidade de Salvador, qual ainda tinha outras bandas com a mesma carga energética, criativa e estilística que a Mystifier, porém que foram ficando pelo caminho ou mudando seus discursos e sua sonoridade. “An Elizabethan Devil-Worshiper’s Prayer-Book” é cantada em dueto com o atual vocalista da Mystifier: Sorcerer Do’Urden.

Os clássicos seguem com “(Invocatione) The Almighty Satanas” também do primeiro álbum, porém gravada originalmente na demo de 1989 “Tormenting the Holy Trinity” e “Cursed Excruciation” também originalmente gravada em sua demo e depois nos dois álbuns supra citados. Nesta música foi convidado ao palco um dos vocalistas que já passaram pela banda e deixou um legado importante na mesma, o Kastiphas que subiria novamente ao palco para interpretar a faixa “Beelzebub” do álbum “Goetia”.  Também participa da música “Beelzebub” um convidado que gravou partes no projeto solo de Armando Beelzeebubth, o Diego Ozuna da banda Escafandro.

Beelzeebubth e Lord Hades (Meugninuosoan)

A apresentação da Mystifier é muito concisa e tem uma performance muito selvagem em alguns momentos, no geral foi uma apresentação linear e conseguiu mostrar bem seu poderio. As demais musicas tocadas foram: “The Realm Of Antichristus”, “The True Story About Dr Faust’s Pact With Mephistopheles”, “Give The Human Devil His Due” e “Nightmare (Sarcofago Cover)”, no caso estas duas últimas eu não pude assistir, pois precisava correr para o aeroporto que estava com voo marcado, apesar de ter sido cancelado em cima da hora (risos)… Porém, sei que todo o evento foi fechado com chave de ouro.

Quero aproveitar o espaço para parabenizar toda a produção do evento pela excelência, pela receptividade e demonstração de amizade, pela organização e pela inciativa de ter reunido tamanha legião de demônios em só local. Sem sombra de dúvidas, este festival entra como marco definitivo para o underground brasileiro que vai passar a ser lembrado como antes e depois do Brazilian Ritual Final Attack.

Todas as fotos usadas nesta matéria foram feitas por Anton Naberius