CORAÇÃO SATÂNICO – Filme

1987 – Terror / Mistério ‧ 1h 53m

Cinema

Sem dúvida alguma Alan Parker pode estar no hall dos diretores de primeira prateleira. Mississipi em Chamas, Expresso da Meia Noite, Pink Floyd, The Wall, A Vida de David Gale, são alguns espetáculos de filmes que o diretor assinou ao longo de sua carreira. Entremeio a tudo isso, Parker, precisamente em 1987, nos oferece um filme investigativo, simbólico, misterioso e ousado.

Coração Satânico, além de ter um jovem ator em ascensão, conta também com o já experiente e notável Robert De Niro, onde numa trama policial, muito similar a um neo-noir, precisamente Chinatown de Polanski. Porém, deixemos o estilo noir de lado, já que a obra não se encarrega de se encher de elementos do estilo. Apenas uma breve farejada nele.

A trama se passa em 1955, onde o detetive particular Harry Angel é contratado pelo misterioso Louis Cyphre (Lúcifer, Robert De Niro) para encontrar um cantor. Nesse conceito, o filme se desenrola, ato após ato, onde o protagonista investiga e todos os personagens deixam um mistério no ar.  Coração Satânico é aquele filme onde se guarda o melhor para o final, porém, até isso acontecer, as coisas soam de forma empacada. Na época, a cena tão aguardada de quando Angel transa com a mística Epiphany Proudfoot (Lisa Bonet), e as paredes começam a escorrer sangue, fora censurada num primeiro momento tanto nos E.U.A. quanto aqui, porém Parker conseguiu colocar sua cena nas versões em VHS, no que a meu ver, se teletransportando para o ano que fora lançado o filme, não causou tanto impacto. Vale muito a espera das coisas se desenrolarem por uma honesta fotografia e uma trilha sonora e sonoplastia regada a blues, R & B, e músicas gospel que transpiram o meio ambiente calcado em mistérios, misticismos e suspense. O maior problema de Coração Satânico, é como tudo vem à tona e se acaba de forma muito rápida. Onde poderiam ter explorado mais para fazer um final majestoso e até filosófico.

Apesar de tudo isso, Coração Satânico ainda consegue atrair altas notas, como uma ótima história, uma ambientação digna e atuações em certos pontos memoráveis, como de Lisa Bonet, no ato de um ritual, De Niro como um lascivo e elegante diabo e Rourke dividido entre o cômico e o trágico.

Disponível de graça no Youtube.

Rodrigo Leonardi.

Escritor, músico e entusiasta do cinema.

Como escritor, tenho 5 livros publicados, participação em diversas antologias.

Como músico, fui baixista e vocalista da banda Abuso Verbal e atualmente vocalista da banda de Metal Punk “Roto”.

No cinema, já escrevi críticas para o site Cineset, diversos fanzines como, Sindicato dos Assassinos e também divulgo análises no feed do meu instagram.

@rodrigoal81/