DEATH GORE FEST

São Luis / MA - 22 Fevereiro 2025

Shows e Eventos

Por: I.N.R.I.

(NECROMANIA / FOLHA SUBTERRANEA)

@henrique_cruiz

 

INRI: Uma procissão os aguarda nestas pútridas escrituras, nascidas dos recantos mais ilustres e abissais da minha percepção. Agradeço profundamente aos irmãos e irmãs que transformaram essas malditas palavras em vontade e certeza. Aqui, o subterrâneo é tratado como deve ser, com devoção, respeito e entrega. Nesta resenha, exaltamos com a mais profunda e genuína gratidão as bandas que fizeram deste festival um verdadeiro culto à lúgubre arte.

 

CRANIUM CRUSHING.

Que destruição foi aquela… O show começou como uma morte iminente, com a Cranium Fucking Crushing espalhando o caos primitivo que só eles têm. Aquele manejo old school sujo e brutal fez o palco virar um altar de podridão. Quando tocaram Fuck Off, parecia que as portas do inferno se romperam — o som ficou mais grotesco, e eu vi nos olhos de alguns o medo puro, como se estivessem em um ritual maldito. O chão vibrava como se algo quisesse emergir dali, e o cheiro de suor e decadência tomava o lugar. Era impossível saber se os gritos vinham da banda ou do próprio público sendo consumido pela atmosfera pútrida. Cada nota, cada blast, era como um soco direto na alma. O som não só reverberava nas paredes, mas rasgava a carne, levando todos à total entrega. Quando a banda explodiu em seu ápice, não havia mais separação entre a plateia e o palco, tudo se misturava em um frenesi de raiva e destruição. Se eu fosse resumir aquele show em uma palavra? Abissal. Um caos grotesco, visceral e sem controle que vai ecoar por muito tempo nas mentes perturbadas que estavam lá.

 

DECAPITATOR.

A Decapitador trouxe um ataque mortal e violento digno do Death Gore Fest… um massacre sonoro tão brutal que parecia erguer até os cadáveres mais profundos daquele antro, enquanto os vivos ali presentes mal conseguiam suportar a pressão, como se a única saída fosse o próprio enforcamento. A apresentação foi um espetáculo sanguinolento e impiedoso — cada grito estridente lapidava o altar de ossos, transformando o palco em um verdadeiro templo de carnificina. O público respondeu à altura, retribuindo o caos com socos, chutes e uma energia animalesca que rasgava o ambiente. Risos insanos se misturavam ao som pútrido, enquanto o fétido cheiro de carne podre parecia impregnar o próprio ar, tornando tudo ainda mais sufocante. A Decapitador, com sua fúria devastadora, cortou mais do que cabeças naquela comunhão macabra — eles despedaçaram almas. Um verdadeiro banho de sangue sonoro que marcou o Death Gore Fest com cicatrizes profundas e irreversíveis.

 

DEEP HATRED.

A Deep Hatred foi a encarnação do caos absoluto… que desgraça sonora foi aquela? O vocal surgiu como uma entidade animalesca, grotesca, um urro primal que rasgava o ar de forma tão insana que chegava a ser bizarro até para os ouvidos mais calejados. Cada palavra parecia sair das entranhas de algo que nunca deveria ter despertado. E o instrumental? Um ataque podre e brutal que até agora ecoa nos meus ouvidos como se transbordasse o odor pútrido daquela noite amaldiçoada. O público foi sugado por essa tormenta sonora, entregando-se completamente à loucura. Parecia o flautista de Hammelin, mas dessa vez era a Deep Hatred guiando almas ao mais profundo abismo, atravessando camadas infernais sem piedade. Fechei os olhos em alguns momentos e pude sentir uma horda de mortos urrando por aniquilação — uma visão quase palpável de puro desespero e destruição. Aquilo ultrapassou qualquer limite do que é humano. Um ritual de insanidade pura, vomitado em forma de som. Não recomendo isso para nenhuma mente sã… porque o que a Deep Hatred entregou ali foi desumano em essência e condenável por qualquer alma que ainda tenha um fiapo de sanidade.

 

TANATRON.

O Tánatron trouxe uma destruição absurda ao palco, mostrando o verdadeiro metal da morte enraizado na essência old school ludovicense. Aquele palco já estava sujo, contaminado pelas maldições das bandas anteriores, mas quando o Tánatron começou, foi como se uma cratera se abrisse, rasgando o chão direto para o inferno. A sonoridade pútrida deles se espalhou pelo ambiente, como se transbordasse raiva através das veias dos presentes cada riff parecia um soco no peito, brutal e certeiro, e a bateria martelava como se invocasse os próprios demônios do submundo. Ouvir aquilo despertava uma raiva primal, a essência pura do death metal — não há espaço para leveza ou piedade ali. Foi um ataque sonoro direto ao purgatório, onde almas perdidas absorviam aquela fúria. O Tánatron moldou sua apresentação de forma impecável, mantendo a energia agressiva do começo ao fim. Um verdadeiro culto à raiva e à podridão, digno de se tornar uma cicatriz eterna na memória de quem presenciou aquela profana celebração.

 

MORTOS.

O Mortos trouxe uma calamidade sonora que ultrapassou todos os limites da brutalidade. Me senti hipnotizado, como se estivesse em transe, afogado na destreza insana daqueles riffs cortantes e no peso absurdo do baixo que ressoava como um trovão sepulcral. Aquilo não foi apenas uma apresentação — foi uma comunhão sádica entre o palco e as almas pútridas que ali assistiam cada música era como ser puxado ao inferno e cuspido de volta em um ciclo interminável de dor e caos. O público, enfeitiçado, mal piscava, absorvendo cada nota enquanto aqueles solos macabros cortavam o ar gélido como lâminas. A performance foi tão precisa quanto insana, como se o Mortos estivesse realizando uma cirurgia brutal — mas, propositalmente, errando cada corte para garantir o máximo de sofrimento. E foi isso que eles fizeram: nos entregaram uma pilha de cadáveres sonoros para que, como verdadeiros canibais do metal da morte, nos banhássemos naquela podridão. Em uma noite mergulhada no frio e desprovida de qualquer sanidade, o Mortos marcou sua presença com um espetáculo de puro horror. E aquela sensação grotesca vai ecoar e torturar minha mente por um bom tempo.

 

UNBLOODED.

A Unblooded foi um verdadeiro espetáculo escatológico e vulgar, mergulhado em pura insanidade e genuinidade. Logo de cara, aquele visual grotesco, ensopado em sangue como se tivesse saído direto de um filme snuff, me deixou perplexo. Era como assistir a um ritual profano acontecendo bem ali, diante dos olhos — cru, sujo e totalmente insano O som? Um maldito procedimento do mal! Os pig screams dilacerantes ecoavam pelo ambiente, às vezes lembrando aquela podridão dançante do Gutalax, mas com uma aura ainda mais sádica e brutal. A cada acorde, cada batida, a banda vomitava pura insanidade sobre o palco, criando uma atmosfera sufocante de caos extremo. Era como se a morte estivesse dançando, embriagada em sangue e tripas os gritos, os movimentos grotescos e a energia absurda fizeram da Unblooded uma das minhas apresentações favoritas. Eles entregaram o inesperado, ultrapassando qualquer limite imaginável. Marcaram o Death Gore Fest com lâminas afiadas, deixando cicatrizes profundas e inesquecíveis. Do começo ao fim, a Unblooded foi o reflexo perfeito do nome do evento — puro gore, pura insanidade, e uma celebração profana da morte!

 

FLAGRVM.

A Flagrvm… mais uma vez resenhando e tentando expressar o quão brutal e insano foi aquilo. Logo no começo, algo me fisgou de imediato — a cena teatral grotesca do cara sendo degolado pelo homem do talho. Um ritual bizarro e doentio, onde a arte e a brutalidade se entrelaçaram em um espetáculo de puro horror. Era como assistir um pesadelo ganhar vida, uma celebração escatológica encenada diante de olhos sedentos E o som? Não há muito o que dizer que vocês já não saibam — a Flagrvm simplesmente destruiu todas as camadas da existência. Cada riff era como uma lâmina enferrujada rasgando carne viva, enquanto a bateria ecoava como golpes secos em ossos quebrados. O baixo, sujo e pútrido, amarrava tudo em uma muralha sonora que parecia arrancada direto dos portões do inferno. Ali, naquele palco, quase deu pra sentir Satanás vacilando em seu trono, temendo virar mais uma vítima dos espectros homicidas que destilavam caos e violência sem piedade durante o show, era como se um anjo tivesse despencado do céu, suas asas brutalmente arrancadas, caindo direto naquela comunhão macabra. A Flagrvm dominou o ambiente com uma aura de tortura e perversidade, e todos ali — inclusive eu — fomos meros corpos expostos à carnificina sonora. Aquele palco virou um altar sangrento, e a Flagrvm, os carrascos que ditaram o fim.

 

Fotos: @johncruzz /@end.duarte