DEEP HATRED – Death Metal da Ilha do Caos e do Virus Hominum

Entrevista

A DEEP HATRED foi criada fruto da mente inquietante de Alexandre, um viciado em Death Metal, com um ódio porfundo à toda à humanidade, como um vírus e a sonoridade que infesta o mundo!

Conversamos um pouco com a banda, para sabermos um pouco mais deste vírus hominum!

E aí mah, como está esse ódio profundo? Quando e como se deu o início da banda, e o porquê dessa sede de Death Metal?

ALEX: Eu senti a necessidade de criar um projeto paralelo às bandas de que fazia parte na época. Acreditava que valeria a pena, pois estava gostando muito das linhas e elas não se encaixavam com a Cranium e Unblooded. Então externei a ideia para Adriano (parceiro da Unblooded) e ele incentivou bastante, inclusive me ajudou a chegar no nome em inglês. Depois disso conversei com Will que comprou a ideia na hora e me mostrou as redes sociais de Débora. Na época eu nem imaginava que pudesse contar com um vocal feminino, mas foi uma decisão super acertada pois ela, apesar de ter pouquíssima experiência antes da banda, demostrou uma evolução super-rápida, além de se destacar bastante no palco na questão de presença e interação com o público.

Rogers Rocha, guitarra

A Deep Hatred carrega em seu corpo músicos já conhecidos da cena, vindos de outras bandas, apresente os maníacos dessa fase!

ROGERS: Alexandre é o membro formador, já era conhecido da cena pelas bandas Cranium Crushing, Unblooded e Sociopathical Urge. Ele se juntou a Will, seu parceiro de banda na Unblooded e frontman da Torturizer, logo recrutou Selv Lopes, que tinha alguns projetos na época, mas aparentemente ainda bastante incipientes. Com a entrada de Selv, logo Mano foi recrutado, pois fazia parte de alguns projetos com ela. A banda maturou várias composições com essa formação e fez algumas apresentações, até que eu fui chamado para adicionar um pouco mais de corpo nas guitarras e complementar as linhas.

Alexandre já é uma inquietante mente musical, está sempre a criar rifs/sons, mesmo após o lançamento do CD/EP “Virus Hominum” já me relatou ter material para um novo CD, ou quem sabe um novo projeto.

ALEX: Apesar de já possuir material sobrando, no momento não pretendo iniciar mais um projeto, pois atualmente estou com 3 bandas ativas: A Cranium está em studio gravando um full, a Unblooded acabou de gravar e está em fase de mix/master e a Deep, que lançou material recentemente, está se preparando para gravar um clip da música Sacerdote de Sodoma (passando aqui em primeira mão, haha).

Além disso, em breve entraremos em studio novamente para gravar um single, que servirá mais ou menos de amostra da sonoridade que está por vir: um death metal mais amadurecido e brutal, como deve ser. Hail, Satan!

Falemos agora deste “Virus Hominum”, como foi o processo de conclusão, da gravação ao CD lançado?!

MANO: Todas as músicas do Virus Hominum foram compostas entre 2018 e 2019. Na época, Alexandre já tinha os riffs prontos e faltava colocar a bateria, baixo e vocais. Então frequentemente ele mandava os riffs em áudios de whatsapp para termos uma noção do som e trabalharmos ou então tocava no estúdio durante os ensaios e tentávamos improvisar e criar na hora. Eram muitos riffs rs ele os organizava e enviava pra banda. Se precisasse alterar alguma coisa que seja, decidíamos nos ensaios, então era na raça. Muitas vezes ensaiávamos no quintal da casa do pai de Alexandre. Eu levava a bateria, Débora o seu microfone e Alexandre guitarra e amp. As músicas fluíram muito rápido, bem sangue no olho mesmo. Levamos bem a sério esse processo para ter o melhor resultado. Em 2021 Rogers entrou na banda e incluiu as linhas da segunda guitarra e solos, deixando as músicas mais amadurecidas para gravar, na pegada de Death Metal que queríamos fazer. A gravação não foi tão complicada. Na verdade, demorou mais a mixagem e masterização das músicas. Apesar disso, o resultado final do EP foi bem satisfatório. A receptividade do público quanto ao EP Virus Hominum é realmente muito boa e ficamos muito satisfeitos de ter o nosso primeiro trabalho lançado fisicamente através dos selos Anaites Records e Metal Island.

Lucas Mano, bateria

A arte da capa é fruto da mente insana do talentoso Emerson Maia, e retrata todo este contexto clichê da humanidade, comente um pouco acerca da ideia e concepção da arte.

DÉBORA: Sempre que começamos a trabalhar em composições novas, eu já mentalizo a parte gráfica, estética, artística em geral. Foi o caso do EP “Virus Hominum”, cuja capa e toda ideologia foi preconcebida lá atrás desde sua gênese. Então pedi para Emerson exatamente cada detalhe que tem expressa na capa que ele executou com maestria e colocamos na arte da camisa do EP. Fizemos também uma releitura da arte com Lucas Malheiros, que deu uma característica do realismo na composição e o formato em si para impressão no CD.  O trabalho feito no “Virus Hominum” foi feito com a intenção, mesmo que dado como clichê, de marcar a fase inicial da banda, algo cru, puro e nada além de death metal. Como algo que acaba de nascer, até porque na época, metade da banda nem sabia tocar death metal.

Virus Hominum é o primeiro trampo oficial físico, mas a banda é bastante divulgada nas plataformas digitais. Como tem sido a divulgação do CD, tanto físico quanto nos streamings?

ROGERS: Desde o início, a banda já tinha hábito de postar vídeos de ensaio que, mesmo improvisados e amadores, apresentavam mais ou menos a sonoridade que estava por vir. Com a produção dos primeiros vídeoclipes e o lançamento do EP, essa divulgação se intensificou e possibilitou atingir mais público. É bastante gratificante ver gente de longe dando feedback sobre nosso trabalho, ansiando por nos assistir ao vivo, comprando merch, escutando no streaming etc. As redes sociais somam bastante nesse aspecto.

Quanto ao CD físico, as dinâmicas atuais desfavorecem a venda massificada desse tipo de material, pois não é todo jovem de hoje que ao menos tem player para tocar esse tipo de mídia. A gente entende bem esse lado, até por conta do contexto, mas a mídia física ainda sobrevive e nós particularmente gostamos demais.

Selv, vocal

Recente vocês lançaram também um primeiro vídeo clipe oficial, “Minotauro”, comente um pouco acerca da produção até a finalização do vídeo.

DÉBORA: Na verdade, não foi nosso primeiro vídeo clipe, antes veio “Frenesi” e “Poço dos Miseráveis”. Mas a produção do Vídeo Clipe de “Minotauro” foi algo diferente dos outros clipes, que foram filmados em um formato mais simples em estúdio. “Poço dos Miseráveis” por exemplo foi gravado e editado pela própria banda durante as gravações do EP. Porém, no caso de “Minotauro” pela primeira vez a banda estava realizando um trampo mais elaborado e completo, com um cenário, atores e uma produção roteirizada pelo ShotbyRoger (Rogério e Lourena Myrla). Foi uma experiencia ímpar da qual até os membros mais velhos da banda nunca experienciaram em outros projetos, então foi algo totalmente novo e artesanal, tudo feito com nossas próprias mãos e com muita ajuda de amigos apoiadores do nosso trabalho.

Algo muito visto na cena atualmente é o fator banda + selo, como vocês avaliam esta parceria, e, o fato de os custos tanto de gravação quanto de produção/confecção do tão almejado CD aumentaram muto os preços.

ALEX: Os custos de gravação e pós-produção são muito altos, de fato. Depois de fazer todo esse investimento, não sobra nada para investir em produção de material físico, que também é muito custoso.

Mas ainda bem que temos essa parceria firmada de longa data com Metal Island e Anaites Records, sem a qual, não conseguiríamos registrar esse trabalho no formato físico. Somos extremamente gratos por confiarem na nossa proposta e mais uma vez somarem com a gente.

Creio que todos da banda tenham no máximo 30 anos cada, nos relate o valor agregado a banda visto o lançamento do “1º CD”, ou, a atual massificação de plataformas de streaming os agrada mais. O valor do físico X digital!

ROGERS: Ano que vem faço 40 anos hahaha. Alexandre já passou dos 34, mas de fato Selv e Mano ainda não chegaram nos 30.

Acredito que seja meio que consenso entre nós que streaming e mídia física podem (e devem) coexistir sem problema algum. Nós valoramos muito a mídia física, até porque a parte gráfica se trata de um trabalho artístico que complementa a arte musical, eu praticamente cresci lendo encartes de CDs e vinis, sou fissurado por tudo isso. Entretanto, o contexto atual desfavorece a massificação deste tipo de mídia, nós entendemos, embora acreditemos que esse tipo de mídia jamais irá morrer, uma vez que sempre haverá admiradores que fazem questão de adquirir CDs e vinis.

Willian Vieira, baixo / Alexandre Costa, guitarra

O fato de o vocal ser executado por Débora, uma mulher de vocal portentoso e técnica old school lhes dá mais engajamento? Pergunto, pois, a maioria das lives e entrevistas sempre são com Débora a frente.

ALEXANDRE: Nós tentamos revezar a participação nas entrevistas, mas é bastante natural que Selv apareça um pouco mais, pois é vocalista, letrista e responsável por toda estética e identidade visual da banda. O trabalho dela na banda vai muito além do palco, desde desenvolver capa, temática do disco, confecção de artes para merchandising, até gerenciamento de redes sociais. Então por isso ela fica à frente nas lives e entrevistas, porque é a integrante com mais propriedade para falar desses assuntos. Assim como eu e Rogers somos mais indicados para falar de riffs, estrutura das músicas etc., Lucas é mais indicado para falar de linhas de bateria, blast beats, viradas etc. Assim se faz uma banda.

Essa pergunta é muito boa, pois nos ajuda a desmitificar esse tipo de pensamento, muitas pessoas ainda estranham o fato de as mulheres ocuparem cada vez mais esses espaços e estranham mais ainda quando esse espaço é ocupado com protagonismo, como deve ser.

MA-Cabra Fest, achei interessante o dissecamento do nome, a junção de uma gíria com a sigla do estado. Nos conte o intuito por trás da ideia de começarem a produzir também eventos.

DÉBORA: A Deep Hatred sempre foi uma banda muito ativa, mesmo que não tenha shows pra tocar, sempre estamos ativos de algum jeito. Com isso surgiu a necessidade de ficar ativo na cena de um jeito diferente e abrimos a Hate Productions, que é nossa mini produtora por assim dizer. Idealizei toda a parte de identidade visual, divulgação e criação em geral dentro do evento. Com o intuito de colocar o MA-Cabra Fest como um evento que valorizasse essa identidade da cena nordestina, em especifico a maranhense.

Em um patamar de vírus apocalíptico, quais bandas locais nos indicariam a conhecermos?!

LUCAS: Posso indicar a Unblooded que finalizou as gravações do seu novo EP com nova formação e as músicas estão em processo de mix e master, Insidious Nature que lançou seu debut recentemente, a Cranium Crushing que voltou das tumbas desgraçando todo o underground com o seu novo single marcando a nova fase da banda, Decapitador que surgiu recentemente com músicos de bom tempo do underground. Enfim, é banda pra caramba que vale a pena dar uma sacada.

Creio ser tudo por hora, agraço o tempo cedido e, deixo espaço para recados ou algo mais que desejem relatar! Valeuz!

Agradecemos demais pela oportunidade de trocar essa ideia, que fortalece bastante nosso trabalho. Também agradecemos aos nossos parceiros de batalha da Metal Island e Anaites Records que possibilitaram nosso lançamento, mesmo em meio a esse contexto caótico, cheio de dificuldades.

Também convidamos a galera que não nos conhece a dar uma sacada no que fazemos, acompanhar a gente nas redes sociais, adquirir nosso EP e merch, ou mesmo nos chamar para tocar na sua cidade.

Apoiem o underground!

Contatos: deep.hatred18@gmail.com

Redes Sociais: @deephatredband

Vídeos Clipes Officiais: