DEFORM – The Great Day of Disgrace

CD 2024 - Underground Voice Records

Álbum

A Underground Voice Records, vem resgatando a história do underground brasileiro  com  lançamentos que trazem teores de nostalgia, resistência e força para continuar a fazer o que se gosta, no caso, música extrema e barulhenta. Assim como foi o lançamento, e justa homenagem a banda Corpse’s Conductor, o grande dia da desgraça sonora aconteceu com o lançamento do álbum da banda DEFORM, uma grande homenagem aos áureos tempos da cena noventista.

Após quase 35 anos de sua criação, a DEFORM tem seu primeiro álbum lançado: “The Great Day of Disgrace“. Como dizem que antes tarde do que nunca, este lançamento é uma viagem ao túnel do tempo, numa época de descobertas da cena underground brasileira, onde essa cena alternativa era um liquidificador de estilos que se cruzavam em shows, lojas, estúdios, bares e fanzines, e na cidade paulista de Jundiaí não era diferente com bandas como DEFORM, Brutal Noise, Secretion e que até hoje tem grandes representantes como Moriendi e Corporate Death.

The Great Day of Disgrace” traz uma sequência de nada mais nada menos de 30 faixas que ecoam um autêntico death grind crust! Caos social, violência,  corrupção, religiõe$ são temas que envolvem este trabalho e que não saem de moda após décadas.  ‘Love in Peaces‘  é sobre um fato real, onde um médico envolvido num romance, acaba por motivos de ciúme, assassinando brutalmente essa mulher é desmembrando seu corpo. Mas,  temos também “pornô gore”, se assim nos permitem classificar.

O vocalista Gustavo tem um timbre de voz bem característico, não sendo nem gutural nem rasgado. É rouco e abafado, ponto para explodir em raiva e ira. Algumas faixas não dá para nem apreciar seu vocal, devido aquela característica grind, de 3 à 5 segundos, e olhe lá! Faixas como ‘Worms’, ‘Dogs’, ‘Your Rotten Ass Bleeds‘, ‘The Truth About Justice’,  ‘ Broken Bongs’ e You Pussy Stink But I Suck It‘ são exatamente assim. Já outras faixas são caracterizadas por uma pegada hardcore, crust que agrada mais de uma tribo, como em ‘Dance of the Death, ‘Let the Blood Run Red’, ‘Pancreatic Symphony’ e ‘The End‘.

Em ‘Extreme Deformity‘ e ‘ The Son of Evil‘ o baixo de Gabriel da a voz  entre bases pesadas de Henrique e Marcelo numa pancadaria desenfreada.  A faixa ‘Does Nobody Loves You‘ é  fora da curva desse trabalho, mais trabalhada e com mais liberdade nos instrumentos, Murillo desenvolve bem a bateria.

É interessante os caminhos que a música pode nos levar, onde damos formas próprias em composições realizadas por outrem, em que muitas vezes é totalmente diferente do objetivo e forma que o autor desejou.  ‘Go To Church‘ me levou pra algo do punk que o RDP fazia nos anos 80, assim como ‘Give Him Your Money‘ me trouxe à lembrança do Ratos, bem como algo dos Garotos Podres. Única faixa cantada em português,  apesar do título.

Algo mais atual vem  em minha mente ao ouvir ‘The Dark Side of Mind‘ e também ‘Life is Like This’, está última me lembrou algo de Lemmy e sua banda.

Parabéns ao selo Underground Voice Extreme Music por esse resgate nacional.

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