CAPITULO 01 – O INICIO….
Início dos anos 80, o Heavy Metal era um gênero musical muito, mas muito incipiente no Brasil. Com exceção daquele pessoal de origem mais hippie, que ouvia bandas como Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath, Pink Floyd, entre outros, o metal, salvo por pequenos grupos, não era muito conhecido.
Isso começou a mudar por volta de 1983, quando o Kiss veio tocar no Brasil e se consolidou mesmo, no ano de 1985, com o primeiro Rock in Rio! Já em dezembro de 1984, por influência desse show da lendária banda americana, um movimento musical começava a tomar forma em BH, e o SEPULTURA executava seu lendário primeiro show, abrindo para o OVERDOSE, no chamado BARROLICHE.
Presentes do evento, dois meninos de 19 e 16 anos, chamados Valério Salles e Rodrigo Magalhães – Seguidores obstinados do então IRON MAIDEN mineiro, a banda OVERDOSE – se entreolharem e disseram “é isso que a gente vai tocar!”. Nesse momento, conforme comenta Valério, o ASMODEU, a banda dos dois meninos, passou a mirar o estilo do SEPULTURA para moldar o seu próprio som.
Sobre a formação do ASMODEU, como se trata de história oral, cada um dos fundadores tem uma lembrança: Segundo Valério, foi no ano seguinte (1985) que Valério e Rodrigo resolveram que sua proto-banda de Rock ia fazer metal extremo. Até aquele momento, a banda tinha o nome de ASMODEU, dado pelo André “Maldito”, então candidato a vocalista, que gostava de satanismo. Com os amigos João Klein, um exímio guitarrista, e o baterista – também muito bom – chamado Heitor “Bruxo”, Valério formou o protótipo da banda, que viria a decidir o vocalista entre o próprio André Maldito – que tinha um estilo mais Hard Rock como o do AC/DC – e Rodrigo Magalhães – que já possuía um vocal mais agressivo – na volta do Rock In Rio daquele mesmo ano.
Então, após o retorno do evento no Rio de Janeiro, no qual Rodrigo Magalhães, Valério Salles e André “Maldito” foram juntos, foi feito o teste entre André e Rodrigo, tendo sido o último o escolhido para a vaga, visto que seu vocal combinava mais com o estilo da banda, que já havia sido definido por Valério e Rodrigo. Com isso, vieram a ocorrer as primeiras baixas, pois, ao ser apresentado ao metal extremo do SEPULTURA e outras bandas, João Klein decidiu deixar o grupo, seguido por Heitor “Bruxo”, dada a incompatibilidade musical – ambos seriam adeptos daquele rock mais anos 60/70, de bandas como Led Zeppelin, Deep Purple, Jimmy Hendrix, Janis Jopplin -. Heitor veio a ser substituído por Nedson, que os rapazes já conheciam do “Metallic Space Bar”.
Abrindo um aparte, o “Metallic Space Bar”, aparentemente, foi o ponto de encontro de toda essa garotada que veio a criar o que conhecemos por Metal Mineiro: desde Max e Igor Cavalera, passando por Wladimir Korg e os membros do SARCÓFAGO, Gegê, Zéder e Dudu, todo mundo frequentava esse espaço.
Sobre a origem do ASMODEU, segundo as lembranças de Rodrigo ela se deu em 1984 e os citados João e Heitor não teriam feito parte da banda, mas sim de uma outra banda, pré-ASMODEU, que Valério tentava montar. Ainda com relação ao teste citado por Valério, segundo a versão de Rodrigo, ele sempre foi o vocalista do ASMODEU, mas ele teria um problema de “travar” durante os ensaios. Foi quando a banda “deu uma pressão” em Rodrigo e ele cantou, consolidando assim a posição.
Falando a respeito das origens de Rodrigo, embora também originário do bairro Lagoinha, o mesmo passou um período, por volta de 82 e 83, num bairro chamado Planalto. E foi ali que ele teve seu primeiro contato com o Metal, mais precisamente com a New Wave of Brittish Heavy Metal. Ali, também, ele teve sua primeira proto-banda: junto com amigos como Claudio Freitas, que depois veio a tocar no INSULTER e Helbert de Sá, futuramente na banda R.I.V., formaram a “air-band” IRON KILLERS. Por volta de 1983, Rodrigo voltou a morar no bairro Lagoinha, período em que veio a conhecer Valério Salles, dono de uma guitarra Gianinni Supersonic!
Sendo assim, a banda teve seus primeiros membros definitivos para a primeira formação: Valério Salles na guitarra, Rodrigo Magalhães no vocal e Nédson na bateria. Pouco tempo depois, o trio viria a recrutar o baixista Marco Antônio para completar a banda. Já como HOLOCAUSTO, essa formação veio a criar a música “Massacre”, que se tornou a única musica na demo autointitulada, que serviu de cartão de visita para a compilação Warfare Noise. A música foi composta pelo quarteto, sendo o primeiro riff feito pelo Marco Antônio, o restante da música pelos demais membros, e a letra escrita pelo Valério.
Uma história que vale a pena contar é a de como o baixista Marco Antônio entrou para o ASMODEU: Num belo dia, cansados de procurar um baixista para a banda, Valério e Rodrigo resolveram andar pelo bairro onde moravam, procurando alguém que pudesse se encaixar no perfil. Passaram por uma residência onde perceberam que alguém ouvia Alice Cooper e, num comportamento perfeitamente adolescente, resolveram bater palmas!
Apareceu na janela um garoto cabeludo, fã de Cliff Burton, falecido baixista do METALLICA e que, por acaso, tinha um baixo da marca Tonante. E foi assim que o núcleo do ASMODEU se formou, tornando-se ainda, a garagem da casa de Marco o local de ensaio da banda e de outra banda, chamada MASSACRE e que tinha entre seus membros um rapaz chamado Anderson Rezende. Voltaremos a ele no futuro.
Uma história curiosa a respeito desse primeiro local de ensaio é que, segundo Rodrigo, os primeiros ensaios do HOLOCAUSTO, sequer foram na citada garagem, mas em um galinheiro, existente no mesmo terreno!
Outra história a respeito desse local de ensaio e que denota a importância do HOLOCAUSTO no cenário extremo mineiro, contada por Rodrigo foi referente a “dois meninos magrelim assistindo ao ensaio, pedindo pra entrar…Uns meninos melequentos, cara, tudo maltrapilho sabe? Sujo, nariz escorrendo…Deviam ter uns 11 anos, 12 anos. E aí, depois que a gente veio conhecer e eram o Ameba e o Nado, do ATTACK EPILEPTICO”. Pra quem não sabe uma das mais importantes bandas punk-hardcore do cenário mineiro e nacional.
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