Na última quinta-feira dia 11 de janeiro o Enslaved lançou pelo canal do YouTube da Nuclear Blast um vídeo “visualizer” da faixa “Gangandi”. Não se trata de uma nova faixa de um futuro novo disco, mas de uma faixa bônus de uma versão “Deluxe” do álbum “Heimdal”, décimo sexto “full-lenght” de estúdio da banda, lançado mundialmente em março do ano passado. Essa nova versão “Deluxe” está prevista para ser lançada no dia primeiro de março de 2024 pela Nuclear Blast Records. Heimdal (Deluxe) incluirá o álbum completo, além da faixa bônus “Gangandi”, bem como versões alternativas de duas faixas, “Congelia” e “Forest Dweller”, ambas com a participação do violoncelista Jo Quail. Além disso, o álbum contará com “The Otherworldly Big Band Experience”, o evento que o Enslaved realizou e transmitiu via streaming junto com seus compatriotas Shaman Elephant em dezembro de 2021. O álbum será lançado tanto no formato digital quanto em mídia física, contendo o supracitado show como disco bônus em Blue Ray.
O curioso é que essa nova faixa, “Gangandi” já apareceu aqui na versão brasileira de Heimdal em mídia física lançada pela Shinigami Records ano passado. O “obi” que apresenta o décimo sexto LP da banda não anunciava a faixa, que aparece como a sétima do disco, como uma faixa bônus e só agora percebi que de fato ela não fazia parte de outras versões oficiais de Heimdal. De fato ela destoava das outras faixas do álbum por ser a única canção escrita totalmente em norueguês. Em pronunciamento divulgado em seus canais de comunicação, o vocalista e baixista Grutle Kjellson comenta:
“‘Gangandi’ foi a última música que fizemos antes de começarem as sessões de gravação para Heimdal. Lembro-me de Ivar dirigindo até minha casa de Bergen numa sexta-feira à noite para tocar uma demo de uma nova música, e eu fiquei tipo ‘woah! Isso é bom!’. Eu amei, mas ao mesmo tempo, senti que estava um pouco afastado do resto do material. Quando comecei a pensar no que cantar sobre a música que Ivar me passou, acabei escrevendo um poema em rima cruzada, em norueguês arcaico do oeste, o que separou muito mais tudo o que havia sido feito da música. Então, no final, acabamos por não incluir a faixa de outra maneira que não fosse como uma faixa bônus nas versões mais limitadas e ‘exclusivas’ de vinil. Dito isso, não significa que não apreciamos a música! Pelo contrário! Amamos esse híbrido de folk rock, com algo do primeiro Mayhem e King Crimson! Acabou sendo o primo estranho do restante das músicas. Algo assim como o próprio Enslaved, na verdade”.
De fato, o percurso do Enslaved partiu da segunda onda do Black Metal nos anos noventa na Noruega ao lado de seus conterrâneos de Bergen, o Immortal, e foi cada vez mais trilhando o caminho do Viking Metal e do Metal progressivo e embora muito elogiado pela crítica, a banda foi cada vez mais se desvinculando da cena mais ortodoxa do Black Metal. Mesmo assim, a banda é merecedora do respeito da crítica musical devido à elevada qualidade de seu trabalho e por não se deixar levar por ondas comerciais como talvez tenha sido o caso de bandas como Dimmu Borgir ou Satyricon. “Heimdal” foi em minha opinião o melhor disco relacionado ao Black Metal lançado ano passado e essa nova versão será uma oportunidade para que o público explore ainda mais essa obra genial e aprecie a sonoridade atual dessa banda, uma espécie de King Crimson do Metal extremo!