FERNANDO DROWNED – Designer Gráfico e Músico

Por Rodrigo Leonardi

Entrevista

Fernando Lima é conhecido na cena underground por ser o vocalista e fundador da banda mineira de death metal, Drowned. Com mais de 30 anos de carreira e vários discos lançados, o Drowned, junto com Fernando estão initerruptamente na ativa desde seu início.

Fernando também é designer gráfico, realizando artes para capas de diversas bandas. Abaixo confiram a entrevista com Fernando, assim conhecendo o homem por trás de sua arte.

Como surgiu seu interesse por música, especificamente pelo Rock?

Desde criança tive contato com música na família. Meus pais foram consumidores de LPs. Lá em casa tinham alguns discos dos Beatles, Paul McCartney, Secos e Molhados, Blitz e outros de rock nacional. Sempre ouvíamos música em casa e entre samba e MPB rolava sempre um disco de Rock. Foi daí que eu fui me interessando por Rock e futuramente com amigos, conheci Heavy Metal.

 

Você é membro fundador da banda de death metal mineira Drowned. Não podemos negar que, é uma banda muito bem conhecida e respeitada no cenário nacional e mundial. Como foi esse processo de criar uma banda e como está sendo lidar com a longevidade da mesma?

Desde quando comecei a ouvir Metal, queria estar do lado de uma banda e não só como ouvinte. Fui aprendendo algo sobre música na adolescência e assistindo ensaio das bandas da cena aqui de BH. Um dia, fomos assistir ao ensaio da banda de outros amigos e resolvemos fazer a nossa. Foi muito legal esse momento de ensaiar e criação de uma banda e das coisas começando a funcionar como víamos nas outras. Algumas formações depois, conseguimos nos juntar e gravar nossa primeira e única demo, “Where Dark and Light Divide”. Como o reconhecimento dessa demo, assinamos com a Cogumelo Records a gravação do nosso primeiro álbum, o “Bonegrinder”.
É muito gratificante ter uma banda a tanto tempo. Sei que grande parte disso é por causa das pessoas que nos escutam, adquirem coisas da banda e vão aos shows. É muito bom saber que somos relevantes para o Metal e estamos firmes e fortes, fazendo música com a mesma ou mais fúria do que no início.

 

Minas Gerais é um celeiro de responsa no metal brasileiro, Sepultura, Sarcófago, Mutilator, Holocausto, Chackal, Overdose e mais uma pancada de coisas boas surgiram aí. Certamente como músico de death metal e sendo de Minas, quase impossível não ter tido influencias de seus conterrâneos. Quais dessas bandas mais lhe chamava atenção em tenros tempos de adolescência?

É muita banda! (risos)…
Difícil listar, porque de tempos em tempos curtia uma banda diferente, ia em shows e empolgava com a banda da vez. Mas posso falar que o Chakal é uma das principais para mim. “Abbominable Anno Domini” e “The Man is His Own Jackal” são discos que ouvia muito nessa época e ouço até hoje. Outra banda que eu gosto muito é o Sarcófago. Os discos “I.N.R.I.” e “Rotting” são referência. Claro que o Sepultura, Overdose e The Mist também fizeram e fazem parte dos meus discos mais ouvidos.

 

Sobre seus outros projetos musicais, percebi estilos distintos. Projetos como AK-47 (Death/Crust), Korozyon (Doom/Stoner) e o Vértebra (Death`n`Roll). O quão distinto é o seu gosto musical?

Olha… eu gosto de muitas coisas na música. Claro, a trilha sonora da minha vida é o Metal, Metal Punk. Mas mesmo no Metal eu gosto de vários tipos. Não gosto muito de rotular, mas gosto de metal extremo, como Monger Cadavre?, Podridão, Payback, Mortfer Rage… Bandas punk e crust tipo Ratos de Porão, Kaos Attack, Atack Epléptico, Abyecta… metal e rock antigos tbm eu gosto muito, Led Zeppelin, Black Sabbath, Beatles, Judas Priest… Essa foi a pergunta mais difícil… (risos)

 

Você está responsável pelo design gráfico de relancamentos da Cogumelo Rec. ‘Até quanto você pode inovar nas capas de álbuns já relançados? e como funiona essa técnica de ter que fazer releituras de algo já lançado?

Na verdade, eu trato esse trabalho a princípio como de alguém registrando a história. Um historiador, digamos. Eu entro no acervo visual da gravadora e vou coletando e catalogando tudo referente ao disco a ser relançado. Recolho desde fotos da época (ou negativos para revelar) do LP, flyers do lançamento, material de divulgação e propagandas de revistas até a pintura original da capa se for o caso. O que eu faço é respeitar a obra gráfica original acrescentando material extra da época. Eu acredito que assim, mantemos a memória viva e com o mínimo de interferência atual.
Geralmente quando a banda regrava um álbum eu faço a capa com a referência da original, como foi o caso da regravação do Chakal “The Man is his Own Jackal (1990)” que virou o “The Man ia s Jackal 2 Man (2017)”.

 

Ainda sobre designer grafico, quando surgiu esse ofício na sua vida e para quais bandas já realizou trabalhos?

Desde meu contato com Iron Maiden “Killers” e Judas Priest “Screaming for Vengeance” fiquei aficionado por capas de LPs e comecei a consumir isso sem parar! (risos). Eu curtia não só os “desenhos”, mas a forma como os logotipos expressavam a personalidade das bandas. Eu ficava desenhando reproduções das capas do Iron, Judas e Motorhead de lápis no papel e vendia para meus colegas da rua.
Quando foi para decidir uma profissão não teve outro jeito, (risos) teve que ser designer gráfico.
Como designer gráfico já fiz arte para o Sepultura, Sarcófago, Chakal, The Mist, Payback, Overdose e muitas outras…
Como ilustrador, fazendo a capa, já trabalhei com Overdose, Inventtor, SeaWalker, Grindcore Goszilla Extravaganza, Daimonos, In Nomine Belialis, entre outras.

 

Dentre todas as suas artes, ainda é possível viver delas no Brasil?
Eu trabalho e vivo da minha arte/design. Não faço somente capas para álbuns de bandas de Metal. Trabalho com publicidade, design e ilustração em geral.

 

Fora a música, existe alguma influência, sendo filmes, literatura, teatro ou algo distinto?

Series e filmes de ficção, alienígenas, catástrofes e zumbis, muitos zumbis me influenciam nas artes para bandas de Metal/Rock. A realidade brasileira também é uma ótima influência para minhas artes tanto gráficas quanto musicais. É tudo muito caótico… (risos)

 

Percebi nas capas e nomes dos últimos singles do Drowned, tem um forte conceito político. Já arrumou alguma dor de cabeça ou chateação devido a essa posição?

Sempre tem alguém em redes sociais que entra e comenta, chora, reclama, dá chilique… mas eu realmente não me importo (risos)! O Drowned é o mesmo desde 1998. As pessoas estão mais sensíveis e corajosas de um tempo pra cá, graças às redes. Mas não passa disso.

 

Deixo aqui espaço para agradecimentos e divulgação dos seus trabalhos.

Muito obrigado pela oportunidade! As pessoas que divulgam os artistas underground são tão importantes quanto as bandas, pois ajudam a movimentar e expandir esta contracultura metálica.
Quem quiser conhecer meus trabalhos como artista gráfico e/ou me chamar para fazer a arte do seu álbum, single ou EP, pode acessar este link:

https://fernando-lima-art.webnode.page/

Aqui você fica sabendo mais sobre o Drowned:

https://www.instagram.com/drowned_band

Entrevista realizada por:

Rodrigo Leonardi.

Escritor, músico e entusiasta do cinema.

Como escritor, tenho 5 livros publicados, participação em diversas antologias.

Como músico, fui baixista e vocalista da banda Abuso Verbal e atualmente vocalista da banda de Metal Punk “Roto”.

No cinema, já escrevi críticas para o site Cineset, diversos fanzines como, Sindicato dos Assassinos e também divulgo análises no feed do meu instagram.

@rodrigoal81/