Um álbum ao vivo, dependendo de vários fatores como: qualidade da gravação, performance e energia do público, podem ficar muito evidentes quando uma banda lança esse tipo de material. E quando isso acontece em plena pandemia, quando os shows eram feitos a distância e transmitidos virtualmente através das plataformas de streaming como o YouTube? Eis a questão.
Essa foi uma das empreitadas realizadas por uma das mais antigas bandas de Death Metal brasileiras a resistirem por quatro décadas na história, uma das raras a resistirem as mudanças de “sonoridade” do próprio estilo e vários modismos, ao contrário, Headhunter D.C. foi uma banda que conseguiu imprimir a sua música ares de originalidade, sobretudo após o “…And the Sky Turns to Black… (the dark age has come)” 2000 – Mutilation Records – a partir deste álbum a sonoridade da banda ganhou muito mais corpo e pressão, aprofundando muito mais suas linhas sonoras e configurando uma tomada de rédeas que até então estava ainda bem marcada por suas influencias que apareciam muito claras em seus primeiros álbuns. E assim, a Headhunter chega a pandemia de 2020 no interstício do seu último álbum “…In Unholy Mourning…” 2012 – Mutilation Records – e alguns lançamentos de ao vivo, vídeos e álbuns de covers, gravarem um ao vivo em plena pandemia.
A verdade é que o álbum ao vivo “Pandemic Unredemption – Live at Dopesmoke Festival 2021” é um split de dois shows acontecidos um em 2017, no Palco do Rock (Festival que acontece na cidade de Salvador no calendário do carnaval) e no Dopesmoke (Festival da cidade do interior da Bahia, Feria de Santana). No caso do primeiro, obviamente o registro ainda nem se pensava que poderíamos passar por um processo viral tão violento num futuro tão próximo e este registro ainda havia público, do outro lado o Dopesmoke foi um festival transmitido online e contou com várias bandas da cena nacional, mas principalmente, bandas baianas como Mystifier, Bahavior, Papa Necrose, Infected Cells, God Funeral, Pestis e tantas outras.
O álbum traz uma variedade de músicas que abarca toda a rica carreira da banda, apresentando músicas de todos os seus álbuns com uma excelente qualidade de gravação, o que é bem difícil de conseguir com limites econômicos de uma produção underground, mas o disco deixa muito bem definido seu recado, entregando uma excelente audição, sem citar a execução dos músicos que mostraram grande entrosamento mesmo tendo, a época, passado por uma reformulação de integrantes bem grande, a troca do guitarrista e do baixista (sim, trocar dois integrantes básicos de uma banda de Metal é uma mudança muito grande), todos que ingressaram na banda são músicos experientes e, me pareceu, bem fácil a adaptação. Ademais, uma banda com tantos anos de estrada e sendo tão conhecida na cena, não quero crer que seja difícil para os músicos que ingressaram, sendo alguns do próprio círculo de amizades da banda, terem alguma barreira de se adaptarem as músicas.
“Pandemic Unredemption – Live at Dopesmoke Festival 2021” é um álbum lançado via Blasphemy Productions ainda em 2023, traz 10 músicas sendo da faixa 1 a 6 gravadas do Dopesmoke e de 7 à 10 no Palco do Rock. Importante ressaltar que as formações também são diferentes entre ambos os festivais: 2017 a formação foi Sérgio “Baloff” (Vocal), Paulo Lisboa (Guitarra), George Lessa (Guitarra), Zulbert Buery (Baixo) e Daniel Brandão (Bateria), já em 2021 a formação foi Sérgio “Baloff” (vocal), Tony Assis (Guitarra – que substituiu Paulo), George Lessa (Guitarra), Stanley Serravalle (baixo – que substituiu Zulbert) e Daniel Brandão (bateria).
O disco abre com uma breve introdução e a faixa Dawn of Heresy (álbum – ..In Unholy Mourning…) seguida por Stillborn Messiah (álbum – God’s Spreading Cancer), … And the Sky Turns to Black… (álbum homônimo), Forgotten Existence (álbum – Punishment at Dawn), Am I Crazy (álbum – Born… Suffer… Die…) e Hail Metal of Death (segunda do álbum – ..In Unholy Mourning…) fechando os registros feitos no Dopesmoke. Já a parte do Palco do Rock são as seguintes músicas: Decomposed e Death Vomit (álbum – Born… Suffer… Die…), seguida por God´s Spreading Cancer… (álbum homônimo) e finalizando com The Exorcist (cover do Possessed).
Certamente “Pandemic Unredemption – Live at Dopesmoke Festival 2021” é um prato cheio para os fãs da banda e para os colecionadores que devem estar ansiosos pelo novo álbum da banda, afinal o último lançado já fez aniversário de onze anos. O material foi lançado em digipack com encarte de 12 páginas contendo muitas fotos, um texto de Baloff sobre o que estava acontecendo naquele momento em que gravaram o ao vivo e as experiencias de ambas as apresentações. A capa ficou a cargo do Marcio Blasphemator, Layout de Alcides Burn, masterização e edição das faixas do engenheiro de som Sidnei “Grim” Falcão no estúdio SD, portanto, é um material de alta qualidade que merece toda atenção, principalmente aos que apreciam materiais ao vivo.
