Com mais de duas décadas desde sua formação, os paulistanos do JUSTABELI sempre se mostraram uma potência na cena Black\Death Metal nacional. A qualidade de seus lançamentos desde a primeira demo “Eternal War” de 2001 sempre foram acima da média, mas a maturidade de suas composições manteve uma trajetória ascendente constante durante os anos e eis que agora, em 2023 testemunhamos o lançamento de “Screaming Triumph”, quarto álbum da banda e uma verdadeira ogiva nuclear que é arremessada no amago do cenário obscuro em um ano particularmente repleto de fortes lançamentos no metal extremo nacional. Um dos maiores pontos positivos de “Screaming Triumph”, para mim, é a diversidade entre as composições. Sei que muitas bandas conseguem manter uma variedade musical entre as faixas de um mesmo álbum, porém conseguir fazer isso mantendo uma mesma tonalidade musical, um mesmo conceito e unidade instrumental e principalmente uma identidade própria que permeie várias paisagens sonoras distintas é algo que raras vezes eu vi uma banda realizar com tanta desenvoltura e sucesso quanto nos é apresentado nas nove faixas que compõem esse álbum. “Screaming Triumph” se inicia com a faixa “Death to the Weak” que após uma breve introdução nos despeja um Black Metal altamente impregnado com elementos Death Metal extremamente violento com alguns toques a la Marduk e que já nos mostra a precisão cirúrgica das linhas de bateria a cargo de The Big Beast e o trabalho excepcional de guitarras em uma sucessão de riffs cortantes que vai ser uma constante por todas as nove músicas. Destaco principalmente o trabalho da guitarra base sob tutela de Julio Blasphemer que traz uma grande variedade de palhetadas e mudanças ritmicas e cria o alicerce perfeito para elevar o trabalho da banda para um outro nível. Essa faixa traz uma pitada de influência Thrash Metal que soa muito interessante. A diversidade nos vocais de War Pherys já é notada quando a banda usa os elementos da breve introdução pra fechar de forma magistral a composição. Na sequencia temos a faixa titulo que traz um elemento meio “oriental” nas melodias de guitarra em seu inicio, nessa composição também temos a primeira incursão de vocais mais épicos e cantados que conseguem trazer uma identidade muito própria e um sentimento de grandiosidade à musica do Justabeli . “Kneel Before Satan” vem na sequência e é a faixa mais extrema das três até aqui apresentadas com seus blastbeats e pedais duplos logo no inicio, sua parte central feita pra não deixar cabeças sem bater, seu solo bem encaixado e suas vocalizações dobradas extremamente agressivas. A próxima faixa é a introspectiva “Baphomet” mais lenta, melódica, com algumas belíssimas guitarras dedilhadas em seu arranjo e que traz um sentimento mais reflexivo. Seu solo mais melodioso com algumas ótimas harmonias e sua letra em português só a tornam uma peça única em “Screaming Triumph” e possivelmente uma das melhores composições que a banda já fez em toda a sua história. “Hell’s Lireres Attack” é a próxima e aqui voltam a intensidade incontidas e a brutalidade; “Clemency is not our Way” traz algumas belas harmonias e linhas de guitarras que evidenciam um certo flerte com o Heavy Metal tradicional, algo que se torna paixão declarada em “It’s Time to Fight” algo que não sei se foi feito de forma intencional ou não, mas essa é uma música que em alguns momentos me trouxe à mente lembranças de nomes como Iron Angel e Manilla Road, tudo em uma roupagem Metal Extremo, mas talvez eu esteja apenas ficando velho e insano rsrs, o solo dessa faixa tem uma conotação mais clássica e caiu como uma luva à composição. “The Gate of Nanna” cover do lendário Beherit vem na sequência e confesso que a principio minha maior curiosidade em ouvir “Screaming Triumph” era por causa dessa versão cover. Primeiro porque acho a versão original uma das composições mais icônicas e emblemáticas da história do Black Metal e segundo porque queria ver como o JUSTABELI, uma banda que musicalmente soa bem diferente trabalharia essa música e devo dizer que o resultado ficou bastante impressionante com a banda conseguindo trazer sua própria identidade à faixa acrescentando inclusive algumas harmonias de guitarra em sua parte final sem descaracterizar a composição. O álbum se encerra com “White as the Snow” com os vocais de War Pherys todos cantados, essa música tem uma carga melancólica mais acentuada e um elemento meio bluesy em seus solos e fraseados que é muito bem utilizado. Uma faixa perfeita para encerrar uma obra que beira a perfeição e que certamente vai estar em minha lista de melhores álbuns nacionais de 2023. A produção ficou a cargo de Victor Prospero, um cara que realmente entende muito desse tipo de sonoridade, a parte gráfica de layout e design foi feita por Alan Luvarth e a arte de capa é de Tatiana Belini . Se recomendo ¿¿ Óbviamente que sim, aliás mais do que isso diria que se “Screaming Triumph” ainda não é , com certeza se tornará um item obrigatório. Ouçam e corram para adquirir .