KANVASS – Dedicação e profissionalismo gerando excelentes álbuns.

"Quanto mais músicos, mais gente precisa se alinhar sob a mesma idéia."

Entrevista

O Kanvass vem se destacando muito com seus ótimos trabalhos e de fortes influências escandinavas, com seus trabalhos “Downfall of Individuality” e “Generation of Deserters” que aliás é um excelente trabalho… o Kanvass vem abrindo as portas e se colocando entre as bandas da elite de nosso atual underground, vamos conversar com seu guitarrista e vocalista dessa duo band…

O Kanvass foi formado em 2008, gravou uma demo somente em 2014 e depois voltou às gravações somente em 2021, esses intervalos são consequências de outros trabalhos?
Ammonoch – Saudações! Aqui é o Ammonoch.
Em partes. Além da participação em alguns outros projetos, seja através de gravações ou segurando shows ao vivo, também tivemos diversas mudanças pessoais e profissionais neste meio tempo, com os quais acreditávamos que o Kanvass não estava recebendo a atenção que merecia.

A demo “The Southern Thunder Roars” é uma demo de uma excelente qualidade, que inclusive ganhou algumas versões lançadas, era pra ser apenas um trabalho de um único projeto ou já tinha essa pretensão de futuros trabalhos?
Ammonoch – The Southern Thunder Roars foi nossa primeira experiência compondo Black Metal, um teste para encontrarmos qual linha de som gostaríamos de seguir, no sentido de encontrar uma identidade musical para o Kanvass. De fato, já pensávamos em levar o projeto à frente desde o começo.

“Generation of Deserters” foi gravado pela Hammer of Damnation, assim como o álbum debut “Downfall of Individuality”, como é trabalhar com uma gravadora como a HOD?
Ammonoch – Dentre diversas tentativas de lançamento que fizemos com várias gravadoras, sempre surgiu algum empecilho por parte dos selos e os materiais por muitas vezes ficaram parados. A HOD é de longe a mais profissional com a qual já trabalhamos. O selo encontra soluções para os problemas ao invés de arranjar empecilhos para o lançamento.

Atualmente temos muitas bandas com dois integrantes, Wolflust, Agios Luciferi, Anhaguama… entre outras, é mais fácil o desenvolvimento e trabalho em uma banda quando se trata de uma duo band? comente….
Ammonoch – Em nossa experiência, sim. Sempre tivemos uma afinidade nas bandas que curtimos e na linha de som que gostamos de compor, o que ajuda a evitar atritos e perda de foco. Acredito que o fator humano de ter de lidar com egos, dedicação, tempo e postura moral também sejam de grande peso para atrasar o desenvolvimento de diversas bandas. Quanto mais músicos, mais gente precisa se alinhar sob a mesma ideia.

O álbum “Genertation of Deserters” pra mim já está entre os melhores trabalhos de 2023, conte como foi o processo de gravação do álbum?
Ammonoch – O processo de composição e gravação foi relativamente rápido. Assim que o Downfall of Individuality foi lançado em Abril de 2022, comecei a compor as guitarras para o Generation of Deserters. Já havia uma série de ideias e riffs na minha mente há muitos meses que eu ainda não tinha tido tempo para sentar e pôr no papel. Passados os compromissos do lançamento e apresentação do primeiro álbum, pude me dedicar completamente a compor o segundo. A parte de gravação de cordas e voz é simples, pois tenho a possibilidade de gravá-los em casa. Após passar alguns meses ouvindo e refinando os sons, gravamos a bateria acústica no Necropole Hall.

Curto muito os trabalhos de design de capa no geral… conte como surgiu a ideia da arte da capa?… que aliás, ficou muito brutal!!
Ammonoch – Estávamos buscando uma capa que casasse com o nome do álbum e com a “brincadeira” de significados filosóficos que buscamos fazer com a temática. Nada fazia mais sentido do que buscar por fotos de época de execuções de desertores. Após alguns testes com diversas fotos, fizemos a edição para o efeito de pintura à óleo, que também se mantém nas artes do encarte.
Temos buscado unificar as temáticas filosóficas das letras com capas expressivas.

Tanto Morbus como você Ammonoch, tiveram passagens na formação de outras bandas como Depressed e o Justabeli, inclusive foram excelentes trabalhos gravados, principalmente com Justabeli, comentem o motivo da saída dessas bandas…
Ammonoch – Ambos tivemos uma passagem breve pelo Depressed quando a mesma retornou à ativa, realizando algumas apresentações ao vivo. Morbus chegou a gravar bateria para um álbum de estúdio. Acredito que nunca tivemos um compromisso ideológico com o projeto, além da comum troca de membros que o projeto tinha na época.
Já no Justabeli permanecemos um período mais extenso. Eu saí por questões de tempo, já que havíamos terminado a divulgação do Intense Heavy Clash e o projeto iria começar a compor um novo álbum. Morbus também saiu algum tempo depois pelos mesmos motivos. Ambos ficamos alguns meses em hiato, o que acabou possibilitando o retorno do Kanvass.

Notamos uma boa influência de bandas escandinavas nas composições do Kanvass, porém as composições soam de uma certa forma original e com a cara da banda, como funciona os trabalhos de composições da banda?
Ammonoch – O Kanvass constrói suas composições baseadas nas guitarras. Busco compor duas variedades de riffs, o primeiro tipo é “temático”; riffs longos, com atmosfera, personalidade, variação de finalizações das repetições, e o segundo tipo, mais genérico, de menor intensidade, que serve como ponte para conectar as partes mais marcantes. Depois de já ter uma ideia de estrutura básica com começo, meio e fim, nos reunimos para definir as baterias, discutir ideias e adicionar detalhes em viradas. Ainda sim, as músicas passam por algumas versões antes de chegar na sua encarnação final.

A banda nunca pensou em ter mais um integrante, para fazer do “Bass” em shows?
Ammonoch – Já consideramos a possibilidade, mas os pesos e conflitos de adicionar um integrante a mais nunca pesou a favor da escolha. Buscamos balancear a falta do baixo com qualidade dos equipamentos utilizados ao vivo. Um bom entendimento de mixagem do pedal de efeitos, utilização de dois amplificadores, um balanço de grave/médio, uso de chorus, fazem uma grande diferença. Frequentemente ouvimos que a banda soa “completa” ao vivo, dado o peso da guitarra.

Uma pergunta mais pessoal, quais os 5 melhores álbuns de metal extremo na opinião da banda?
Ammonoch – Esta é dificílima. Respondemos dentro do contexto das influências do Kanvass; Panzer Division Marduk (Marduk), Sons of the Northern Darkness (Immortal), Through Times of War (Keep of Kalessin), De Mysteriis Dom Sathanas (Mayhem), Mk. IV (Mor Dagor).

Quais bandas nacionais mais impressionam vocês do Kanvass?
Ammonoch – Mysteriis, Wolflust, Ocultan, Sardonic Impious, Throne…

Quero parabenizar vocês pelo excelente trabalho, e deixo com vocês as palavras finais para os admiradores do Kanvass…
Ammonoch – Agradecemos pelo espaço e apoio! Continuamos na busca de nos apresentarmos pelo território brasileiro e divulgar nossos ideais de individualismo, senso-crítico, responsabilidade existencial e negação de narrativas. Ave Sathanas.