TÍTULO ORIGINAL: Wolfman | Ano de Produção: 2024 | EUA
DIREÇÃO: Leigh Whannell
ROTEIRO: Leigh Whannell
ELENCO: Christopher Abbott (Blake), Julia Garner (Charlotte, esposa de Blake), Matilda Firth (Ginger, filha de Blake e Charlotte), Ben Prendergast, Benedict Hardie, Zac Chandler, Beatriz Romilly, Sam Jaeger, Milo Cawthorne
PRODUTORA: Blumhouse Productions
DISTRIBUIDORA: Universal Pictures
DURAÇÃO: 110 min
SINOPSE: Na trama, um homem luta para proteger sua família quando eles se tornam alvos de um lobisomem mortal. À medida que a lua cheia ilumina a noite, o grupo é perseguido e aterrorizado por uma criatura que materializa seus piores pesadelo.
RESENHA CRÍTICA (**):
“Lobisomem” é um filme que começa com grande potencial, apresentando cenários naturais deslumbrantes e uma trilha sonora magnífica que cria uma atmosfera profunda e envolvente, digna de indicação ao Oscar. No entanto, todo esse encanto se sustenta apenas na primeira fase do filme, onde as melhores atuações são entregues por Sam Jaeger e Milo Cawthorne. A relação entre pai e filho, ambientada nas florestas do Oregon em 1995, associada à lenda do lobisomem, gera um clima místico magnífico. Infelizmente, o restante do filme não consegue manter esse nível de qualidade, há um prejuízo na cadência da obra que salta aos olhos de qualquer leigo, resultando em uma experiência superficial, desconexa e decepcionante.
Embora não queira causar decepção antecipada, é importante destacar que os primeiros 15 minutos do filme concentram tudo o que há de melhor na obra. A interação entre pai e filho é tocante e bem executada, criando uma conexão emocional com o público. Infelizmente, o restante do filme não consegue manter esse nível de qualidade, deixando uma sensação de oportunidade perdida. É profundamente lamentável que o filme não tenha sustentado essa pegada arrebatadora, pois é algo lindo de se ver. A impressão é de que o filme esteve a um fio de dar certo.
A história avança 30 anos, já em um cenário urbano, mostrando Blake como um adulto, pai de Charlotte e parceiro de Julia Garner, com quem enfrenta uma crise. Ao receber a notícia da oficialização da morte de seu pai,após anos desaparecido, Blake retorna ao Oregon para lidar com a herança e tentar salvar seu relacionamento. No entanto, as atuações dos atores principais e coadjuvantes são decepcionantes, sem emoção ou profundidade, falhando em transmitir a complexidade emocional necessária.
A trilha sonora, que é grandiosa e magnífica, acaba sendo desperdiçada em um filme que não consegue corresponder às expectativas. Desde o início, a combinação de uma trilha sonora tão poderosa com cenários deslumbrantes sugeria que estávamos talvez diante de uma obra-prima do gênero. No entanto, o desdobramento é sofrível e a experiência se torna absurdamente superficial, especialmente do ponto de vista das atuações.
O roteiro e a direção são fracos e desprovidos de originalidade, optando pelo caminho mais difícil e tortuoso, apesar da riqueza de elementos que as histórias de lobisomem proporcionam. Na tentativa de compensar a falta de originalidade e toda a confusão promovida no enredo, o filme apela, na reta final, para um “dramalhão caricatural”, que causa dó até mesmo em qualquer leigo no melodrama.
A mística inicial do filme, que prometia uma narrativa envolvente e cheia de suspense, se perde em um enredo confuso e mal desenvolvido. A direção não consegue manter a coesão da história, resultando em uma obra desconexa, sem impacto e empatia. As atuações são tão esdrúxulas quanto o restante da produção, falhando em transmitir qualquer profundidade emocional.
Embora a figura do “lobisomem” permaneça oculta durante a maior parte do filme, quando finalmente surge, a impressão está longe de causar espanto no telespectador. A revelação da criatura sobrenatural é decepcionante e não corresponde à expectativa criada ao longo da narrativa. Seria preferível que o lobisomem permanecesse apenas no plano do subentendimento, mantendo o mistério e a tensão que a presença oculta sugeria. A falta de impacto visual e emocional na aparição do lobisomem acaba por enfraquecer ainda mais a experiência geral do filme.
Por fim, o filme é uma tentativa frustrada de criar algo grandioso, mas que acaba se tornando uma experiência superficial. A falta de coesão, a ausência de uma direção firme e as atuações medíocres transformam o que poderia ser uma obra-prima em algo pífio, banal, esquecível…
*Ivan Rios: O Mago Supremo é sindicalista, historiador, crítico de cinema, escritor e graduando em Direito. Ivan é um militante cultural ativo no Estado da Bahia. Além disso, ele é membro do Comitê Baiano de Solidariedade ao Povo da Palestina. Em 4 de dezembro, a Câmara Municipal de Santo Antônio de Jesus (BA) homenageou-o com a Medalha Pedro Kilkerry, reconhecendo seu compromisso com a cultura, justiça e solidariedade. Inspirado pelo poeta simbolista Pedro Militão Kilkerry, Ivan Rios continua a contribuir para a sociedade compaixão e dedicação.
Instagram: @ivansouzarios
** Resenha originalmente publicada no site Cine Horror.