Senhoras e senhores, temos um exemplo de um evento perfeito. Tudo deu certo na realização da etapa paulista do Março Maldito, festival que a Tumba Produções organizou pela primeira vez neste ano de 2025. Com um line-up totalmente coeso e com a credibilidade de anos de experiência em eventos como esse, o sucesso não chega a ser surpresa. Os ingressos esgotados semanas antes já anunciavam o êxito, mas o público que lotou o Carioca Club em Pinheiros presenciou um evento impecável, sem qualquer ocorrência negativa ou imprevisto.
Como eu, boa parte do público apressou-se para chegar no horário do primeiro show, a aguardada apresentação do The Black Spade era não apenas uma boa abertura para um evento que já prometia, mas uma oportunidade rara de ver uma banda que lançou um dos melhores álbuns em 2024. Pontualmente a banda iniciou sua apresentação com “Condessa Sangrenta” e já foi possível perceber a qualidade do som da casa. Ao me aproximar à esquerda do palco vejo os integrantes do Desaster acompanhando empolgados o show da banda brasileira, cujo ponto alto foi a execução de “Soberano Exu Caveira” para grande júbilo de um público que em boa parte já conhecia o repertório da falange brasileira. Ao fim, o discurso do Cavalo Bathory falando da realização de seu sonho ao abrir o evento para bandas clássicas ecoou forte nos corações de todos que estavam lá e que sentiram a emoção expressa pelo carismático frontman.
Após uma breve pausa, pontualmente às 19:20 h como previsto, o Sacramentum iniciou sua apresentação. O Black Death Metal dos suecos foi como sempre bem executado, com o destaque para os gestos contagiantes do vocalista Nisse Karlén. No meio do show encontro Reinaldö Steel do Canal “Na Lâmina da Foice” e compartilho com ele a decepção pela ausência da baixista Julia von Krusenstjerna que brilhou no último Setembro Negro em 2023. De qualquer forma, a banda com dois guitarristas estava soando até melhor em comparação com sua última passagem por aqui. Apesar disso, o público estava mesmo ansioso para as apresentações seguintes do Festival.
Muitos como eu tinham o Desaster como o show mais aguardado da noite, tendo em vista que a banda há muito não se apresentava por aqui. Ao abrir o show com Satans Soldiers Syndikate, os alemães puderam constatar a satisfação do público em matar a saudade da banda. Alguns, como eu mesmo, não tinham visto a banda ao vivo, então a expectativa de fato era grande. E os cinquenta minutos do show passaram tão rápido que o show de fato pareceu ainda mais curto. Momento de êxtase de uma plateia plenamente satisfeita que a essa altura já lotava o Carioca. Vale dizer, embora já tenha sido testemunhado por muitos, o fato de que os músicos, especialmente do Desaster circularam livremente e não se furtaram a tirar fotos com os fãs entre um show e outro do Festival.
Às 21:30h, foi a vez dos suecos do Bewitched entrarem no palco. A expectativa também era grande, já que foi a primeira vez da banda no Brasil. Aqueles que eventualmente não conheciam o Thrash Black Metal do Bewitched devem ter se entusiasmado com as faixas rápidas e cativantes da banda, assim como aqueles que já conheciam se entusiasmaram com a apresentação impecável de vários clássicos. De fato, mais um show marcante que levou o guitarrista e vocalista Vargher prometer um retorno para breve.
Por fim, às 23h entra em palco o Sodom para encerrar o Festival com mais uma apresentação soberba. Fica até difícil dizer se esse show superou o de 2023 no Setembro Negro, mas o melhor seria dizer que no mínimo foi uma apresentação tão boa quanto. Se em 2023 eu fiquei mais contemplativo prestando atenção em cada detalhe da execução de cada uma das faixas, dessa vez fui para a roda banguear o show inteiro e com um setlist tão recheado de clássicos fica até difícil mencionar um ou outro destaque, mas pessoalmente o cover de “Leave me in Hell” do Venom foi um momento de puro êxtase.
Difícil imaginar que alguém tenha saído desse Festival com qualquer insatisfação, pois foi entregue tudo o que se podia esperar. Agora só nos resta aguardar até setembro!