NERVOSA E TORTURE SQUAD

DARK DIMENSIONS FEST – SP, Carioca Club 25/01/2025

Shows e Eventos

A produtora Dark Dimensions realizou um bem sucedido festival na data de aniversário da cidade de São Paulo, no último sábado dia 25 de janeiro, comemorando seus 25 anos de atividade. Com um line-up de bandas que atraem um grande e jovem público, o Carioca Club em Pinheiros ficou bem cheio para presenciar as bandas, tendo como principal atração a Nervosa em seu primeiro show da turnê que comemora os 15 anos da carreira da banda paulistana, ainda que hoje a mesma esteja radicada na Europa. Ao recebermos a chance de acompanhar o evento, pelo que agradecemos à produtora, pudemos acompanhar esse importante evento no início desse ano.

Antes, uma breve observação. Já há algum tempo eventos como esse tem se estendido por um horário que cobre toda a tarde e se encerra antes das 22 horas. Por um lado, isso traz um benefício para aqueles que necessitam do transporte público e terão ainda a noite toda para aproveitar. Por outro lado, sou daqueles que não curtem passar uma tarde toda num local fechado, ainda mais num dia ensolarado como foi no último sábado. Além da minha resistência a “matinês”, pesa também o fato de que num lugar assim você fica preso a ter que consumir apenas o que a casa oferece. No caso, o Carioca não é dos mais caros, mas em muitos casos fica uma experiência muito penosa e é também por isso que muitos acabam chegando apenas na hora do show principal. Por conta disso, não pude acompanhar as primeiras bandas que se apresentaram no evento, as bandas The Damnation e Throw Me To The Wolves. Cheguei no final do show do Eskröta e vi o Elm Street, banda de Heavy Metal formada por jovens da Austrália que está acompanhando a Nervosa em sua turnê latino-americana. Vou comentar aqui então apenas os shows da Nervosa e do Torture Squad.

Formado em 1990, o Torture Squad não conta mais com membros fundadores em sua atual formação, mas fez um show dedicado à memória de Cristiano Fusco, guitarrista fundador da banda falecido no último dia 16 de janeiro, aos 53 anos, de câncer. Também por conta disso, a banda tocou muitas faixas mais antigas como “The Unholy Spell”, “Abduction was the case” e “Horror and Torture” além de faixas do último álbum “Devilish” lançado em 2023. Assim como no Summer Breeze, Leather Leone que está novamente em turnê pelo Brasil entrou para cantar “Warrior” junto com Mayara Puertas. Com um Death-Thrash Metal bastante técnico, a banda conta atualmente com Castor no baixo, Amílcar Christófaro na bateria (membros mais antigos, desde 1993 na banda), além de Rene Simionato na guitarra e a já menciona vocalista Mayara “Undead” Puertas (ambos na banda desde 2015). Um show impecável, como sempre.

Por volta das 20h15 a Nervosa entrou no palco com a abertura de Seed of Death e já emendando com “Behind the Wall”, duas faixas do aclamado “Jailbreak”, lançado em 2023, quinto álbum da banda e o primeiro com Prika Amaral nos vocais. Em minha modesta opinião, com Prika nos vocais a Nervosa está soando melhor que nunca. Além de excelente musicista, Prika fez bem em assumir totalmente a liderança da banda, pois seu carisma e presença de palco deixa a banda mais confortável e coesa em palco. Além de outras faixas do último álbum, como a faixa título “Jailbreak” e “Nail the Coffin”, o setlist contou com faixas de todos os álbuns da banda, como “Death”, “Into Mosh Pit” e “Venomous”. O show também contou com algumas participações especiais, como a de Alex Camargo em “Ungrateful” – uma apresentação um tanto constrangedora, pois o vocalista e baixista do Krisiun parecia desconhecer a letra da música, além de Mayara Puertas e Yasmin Amaral da Eskröta na faixa “Cultura do Estupro” (escrita por João Gordo, que não pôde estar presente por estar se apresentando no mesmo dia, mas que já foi anunciado para o show em Santo André no próximo final de semana).

Prika Amaral definiu esse como o show mais longo da carreira da Nervosa, mesmo tendo a apresentação do quarteto durado aproximadamente 1h15. A banda atualmente é composta por ela, a guitarrista grega Helena Kotina, a baixista holandesa Emmelie Herwegh (substituindo temporariamente a grega Hel Pyre) e a baterista brasileira Gabriela Abud. Outro momento importante se deu antes da apresentação de “Kill the Silence”, música que discute o sofrimento de pessoas — especialmente mulheres — vítimas de abuso, Prika explicou que a baixista Hel Pyre segue na banda, mas nem sempre poderá participar das excursões por precisar cuidar de sua filha pequena, atualmente com 2 anos. “Não quero ser aquela que diz ‘não’ por conta de a outra ter engravidado, então, estamos descobrindo como fazer”, disse.

Enfim, a banda vem enfrentando seus desafios e chega à “maturidade” com essa turnê como Headliner provando-se como uma das referências da cena contemporânea.