TÍTULO ORIGINAL: Nosferatu | Ano de Produção: 2024 | República Tcheca, Romênia, Alemanha e EUA
DIREÇÃO: Robert Eggers
ROTEIRO: Robert Eggers, Henrik Galeen (controversamente baseado na obra de Bram Stoker).
ELENCO: Lily-Rose Depp (Ellen Hutter), Nicholas Hoult (Thomas Hutter), Bill Skarsgård (Count Orlok), Aaron Taylor-Johnson (Friedrich Harding), Willem Dafoe (Prof. Albin Eberhart von Franz), Emma Corrin (Anna Harding), Ralph Ineson (Dr. Wilhelm Sievers), Simon McBurney (Knock), Adéla Hesová (Clara), Milena Konstantinova (Louise), Stacy Thunes (Head Nurse), Gregory Gudgeon (Hartmann), Robert Russell (FirstClerk), Curtis Matthew (SecondClerk), Claudiu Trandafir (Innkeeper), Georgina Bereghianu (Innkeeper’s Mother-in-Law), Jordan Haj (Vampire Hunter), Katerina Bila (Virgin on Horseback).
PRODUTORA: Regency Enterprises, Studio 8.
DISTRIBUIDORA: Focus Features (EUA), Universal Pictures (internacional).
DURAÇÃO: 132 min
SINOPSE: No século XIX, na Alemanha, Ellen Hutter (Lily-Rose Depp) é uma jovem assombrada por visões perturbadoras. Seu marido, Thomas Hutter (Nicholas Hoult), é enviado para a Transilvânia para negociar com o misterioso Conde Orlok (Bill Skarsgård). Ao chegar, Thomas descobre que Orlok é um vampiro antigo que planeja se mudar para a cidade de Wisborg, trazendo consigo uma praga de terror e morte. Enquanto Thomas luta para escapar do castelo de Orlok, Ellen percebe que suas visões estão conectadas ao vampiro. Determinada a salvar sua cidade e seu marido, Ellen se envolve em uma batalha desesperada contra o mal que ameaça consumir tudo ao seu redor. A história se desenrola em um cenário gótico, repleto de suspense e horror, onde a obsessão e o medo se entrelaçam de maneira aterrorizante.
RESENHA CRÍTICA:
A nova versão de Nosferatu, dirigida por Robert Eggers, é uma obra-prima visual que eleva o cinema a um patamar quase transcendental. A fotografia do filme é um espetáculo à parte, com cada quadro meticulosamente composto para capturar a essência gótica e sombria da narrativa. As sombras profundas e os contrastes marcantes criam uma atmosfera de mistério e terror, transportando o espectador para um mundo onde o sobrenatural é palpável. A utilização de luz e sombra não apenas realça a beleza estética do filme, mas também serve como um poderoso elemento narrativo, simbolizando a eterna luta entre o bem e o mal.
Os elementos góticos são abundantemente presentes, desde os cenários grandiosos e decadentes até os figurinos detalhadamente elaborados. Cada peça de vestuário parece ter sido escolhida a dedo para refletir a personalidade e o estado emocional dos personagens. O Conde Orlok, interpretado magistralmente por Bill Skarsgård, é um exemplo perfeito disso. Seu traje, ao mesmo tempo elegante e perturbador, complementa sua presença ameaçadora e enigmática. A atenção aos detalhes no design de produção é evidente, com cada elemento contribuindo para a construção de um mundo rico em simbolismos místicos e históricos.
A trilha sonora, é outro destaque. A música se entrelaça perfeitamente com a narrativa, amplificando a tensão e o suspense em momentos cruciais. Os temas musicais são hipnotizantes, evocando uma sensação de desespero e inevitabilidade que permeia todo o filme. A combinação de sons orquestrais com elementos eletrônicos cria uma paisagem sonora única que se adapta ao cenário tétrico e misantrópico, elevando a experiência cinematográfica a um nível quase catártico.
As atuações em Nosferatu (2024) são um dos pilares que sustentam a grandiosidade do filme. Bill Skarsgård, como Conde Orlok, entrega uma performance que é ao mesmo tempo hipnotizante e aterrorizante, capturando a essência do personagem com uma profundidade que ressoa com o público. Lily-Rose Depp, no papel de Ellen Hutter, traz uma vulnerabilidade e determinação que enriquecem a narrativa, enquanto Nicholas Hoult, como Thomas Hutter, oferece uma intensidade emocional que complementa perfeitamente o elenco.
O legado de Nosferatu é inegável, e a versão de Robert Eggers se propõe a honrar e expandir essa herança/saga. Ao revisitar a obra original de F.W. Murnau, Eggers não apenas presta homenagem ao expressionismo alemão, mas também atualiza a narrativa para ressoar com o público contemporâneo. Através de uma estética visual inovadora e uma narrativa rica em simbolismo, o filme reafirma a importância de Nosferatu como um ícone do terror gótico.
Nosferatu (2024) consagra um legado que transcende o gênero de terror, transformando-se em uma reflexão sobre os impulsos humanos mais primordiais. A direção e roteiro consegue equilibrar tradição e ousadia, criando uma obra que é ao mesmo tempo fiel ao original e inovadora em sua abordagem. O filme não apenas entretém, mas também provoca uma introspecção sobre os medos e desejos que moldam a existência humana.
Como fã incondicional do gênero, a comparação com outras obras contemporâneas torna-se inevitável, como Van Helsing: Caçador de Monstros (2004), O Farol (2019), Drácula: A Última Viagem do Demeter (2023) e Do Inferno (2001), destaca a atmosfera de mistério e terror que é ao mesmo tempo única e familiar. Esses filmes compartilham uma estética sombria e uma narrativa que explora as profundezas da psique humana, resultando em experiências cinematográficas que são tanto emocionantes quanto perturbadoras.
Nosferatu (2024) e O Farol (2019), ambos dirigidos por Robert Eggers, exemplificam a maestria do diretor em utilizar o isolamento e a claustrofobia para intensificar o terror psicológico. Em O Farol, a relação tensa entre os dois protagonistas em um farol remoto cria uma atmosfera de paranoia e desespero, similar à sensação de aprisionamento que Thomas Hutter sente no castelo do Conde Orlok. A estética gótica e a atenção aos detalhes históricos são elementos comuns que enriquecem a narrativa, proporcionando uma imersão completa no mundo sombrio e misterioso que Eggers constrói.
Por outro lado, filmes como Van Helsing: Caçador de Monstros (2004) e Drácula: A Última Viagem do Demeter (2023) compartilham com Nosferatu (2024) a exploração de figuras icônicas do horror gótico.Essas intersecções estéticas e narrativas criam uma sensação de continuidade e homenagem ao gênero, ao mesmo tempo em que cada obra mantém sua identidade única, neste caso em específico sendo aqui consagrada com Nosferatu, um clássico do cinema que se reinventa e encanta.
Em última análise, Nosferatu (2024) é uma obra que reafirma Robert Eggers como um dos grandes nomes do cinema moderno. Com uma direção magistral, atuações memoráveis e uma estética visual deslumbrante, o filme se estabelece como um marco na história do cinema, garantindo que o legado de Nosferatu continue a fascinar e aterrorizar gerações futuras. Magnifico e dignificante…
*Ivan Rios: O Mago Supremo é sindicalista, historiador, crítico de cinema, escritor e graduando em Direito. Ivan é um militante cultural ativo no Estado da Bahia. Além disso, ele é membro do Comitê Baiano de Solidariedade ao Povo da Palestina. Em 4 de dezembro, a Câmara Municipal de Santo Antônio de Jesus (BA) homenageou-o com a Medalha Pedro Kilkerry, reconhecendo seu compromisso com a cultura, justiça e solidariedade. Inspirado pelo poeta simbolista Pedro Militão Kilkerry, Ivan Rios continua a contribuir para a sociedade compaixão e dedicação.
Instagram: @ivansouzarios
** Resenha originalmente publicada no site Cine Horror.