Ao completar 35 anos de existência maligna (Evil Existence) o Rotting Christ presenteou sua numerosa horda com uma coletânea contendo 21 faixas raras, algumas até inéditas, covers e versões alternativas que cobrem boa parte de sua carreira. A compilação foi lançada primeiramente em dois volumes em 2022 e ano passado em LP duplo pela Season of Mist e chegou ao Brasil neste ano de 2024 pelo selo Evil Invaders Records. Foram lançadas duas versões em CD duplo, um simples e outro em Duplo Box (caixa gorda) e é um item obrigatório para os colecionadores da música extrema e do Black Metal.
Esse lançamento chega no bojo de outros importantes lançamentos da banda grega. Neste ano também saiu no Brasil “Non Servian” a biografia oficial do Rotting Christ, escrita pelo líder e fundador da banda, Sakis Tolis, em parceria com Dayal Patterson, em edição de luxo pela Editora Estética Torta, que também promoveu a turnê que a banda fez pelo país no final de fevereiro deste ano.
Em maio, foi lançado “Pro Xristou”, décimo quarto álbum de estúdio dos gregos. Esse trabalho está para ser lançado em CD no Brasil pela Urubuz Records, e será resenhado em seu devido tempo neste portal.
Voltando para a compilação, trata-se não de um “Best Of”, algo que a banda já havia lançado em 2018 sob o título “Their Greatest Spells” (também pela Season of Mist), mas de uma reunião de diversas faixas lançadas separadamente em diversos momentos da banda, daí o título “The Apocryphal Spells” que significa “os feitiços apócrifos”, o adjetivo usado para referir-se a escritos não reconhecidos, principalmente no contexto teológico, e que seria sinônimo de “inautênticos” ou mesmo “falsos”. Não se trata, porém, de uma compilação pirata, mas de algo preparado, segundo o próprio Sakis Tolis, “com carinho e amor, pela banda e pelo selo”.
As informações sobre a proveniência de cada uma das 21 faixas são oferecidas no encarte do álbum, e seria, portanto, desnecessário reproduzi-las aqui. Vale dizer, porém, que uma delas é inteiramente inédita (I am the Moonchild), 2 são versões alternativas de faixas já conhecidas, mas ainda não lançadas nessa nova mixagem (Pir Threontai e Demonon Vrosis), outras 4 só foram lançadas em EPs de 7 polegadas (The Call, Spiritus Sancti, Naturdemonernas Lockrop: I 1000 Djävlars Namn e Vicious Joy na Black Delight), 2 são faixas que só foram lançadas em edições especiais de revistas (Fire and Flame e Holy Mountain), 8 foram lançadas como bônus em diversas versões dos álbuns de estúdio, e por fim, 3 são covers, uma do Black Sabbath (o clássico autointitulado da banda inglesa) e 2 do Kreator, Tormentor e Flag of Hate – Pleasure to kill (essas duas últimas condensadas como uma faixa só). Falta uma, que é a faixa I will not serve, lançada como bônus no Best of acima mencionado.
O encarte traz também as letras das faixas, com exceção dos covers, e a informação de quem é o autor de cada faixa (com raras exceções, sempre Sakis Tolis). Faltou apenas informar qual é a formação que gravou cada faixa, já que além de Sakis (guitarra e vocal) e seu irmão Themis (bateria), a formação do Rotting Christ variou bastante ao longo dos anos. Faltou informar também que na faixa “Holy Mountain” há a participação de Lars A. Nedland do Borknagar, como pode ser observado no vídeo clipe que a banda lançou quando o single veio a público (veja abaixo). Essa faixa já mostra o direcionamento da banda nos últimos tempos e em seu novo álbum “Pro Xristou” que explora elementos sinfônicos e progressivos, os quais dividem opiniões, pois ao passo que o som da banda se torna mais acessível e variado, contraria aqueles que preferem a abordagem mais direta do início da carreira da banda. Mas ao longo de seus 35 anos, o Rotting Christ explorou diversas possibilidades sonoras, desde o Black Metal mais cru, passando pelo Gothic Metal, Folk e agora o sinfônico. Sempre seguindo seu próprio rumo e afirmando sua identidade única.