TATIANA BELLINI (SATVRNVS NOCTVRNA) – Mulheres No Underground

"Pertenço à natureza do tempo, da morte e da impermanência, mas que a arte transcenda a mortalidade, manifestando a vontade do imaginário e do espírito imortal"

Lucy's Women

Nascida e crescida em São Paulo, Tatiana começou com aquela história de desenhar desde criança, instigada por fortes influências de jogos, animações, filmes, livros, HQs e etc. Voltados sempre para algo épico e pro tema de fantasia medieval, magia, mitologia e etc. Com uma pitada de algo obscuro, que de alguma forma lhe causavam curiosidade.

Tatiana Bellini (Satvrnvs Noctvrna): “ Ao que lembro meu primeiro contato com algo do tipo, foram algumas revistas do Conan que via em bancas de jornais, filme e livros do Senhor dos Anéis, e vários jogos de Videogames  que trouxeram o fundamental pra estimular minha imaginação e me dar vontade de criar algo, partindo para a prática de desenhar.”

Também desde criança, tinha fascínio por música e cresceu basicamente ouvindo Dark Wave, post-punk e música eletrônica por conta do seu pai que colecionava CDs. A música atmosférica que também estavam presentes em jogos de vídeo-game no qual despertou tanto seu gosto e inspiração pela arte gráfica, quanto para a música ambiente/atmosférica, que hoje justifica seu gosto pelo Dungeon Synth e projetos do tipo.

Desde muito cedo, também se interessava muito por história, geografia, e tudo que envolvesse civilizações antigas. Isso fez com que Tatiana mergulhasse de cabeça sobre temas étnico-culturais, na qual é obcecada até os dias atuais; principalmente na parte filosófica e mitológica. Tudo isso foi influenciando fortemente no seu gosto pela música étnica, folclórica, e posteriormente na fase adulta, a levando ao politeísmo, em que hoje é devota e leva em  prática o panteão greco-romano há sete anos (Cultus Deorum Romanorum). Tendo em busca por entender e conhecer, estudando sobre diversos panteões pagãos politeístas, sobre as ligações de entidades e deuses com cada Ethos civilizacional, sempre aprendendo a respeito de espiritualidade e filosofias tanto pela busca por conhecimento quanto pela experiência da prática, fazendo assim, manifestar tais entendimentos em arte, cujos elementos são muito presentes em seus trabalhos.

Aos 12 anos passou a desenvolver seu gosto pelo metal, ouvindo de primeira; bandas de Metal sinfônico, NuMetal, e depois cheguei em bandas como Slayer, Venom, e finalmente no metal extremo. O que mais lhe chamou atenção no gênero, foi a abordagem filosófica e espiritualmente obscura e até mesmo existencialista.

Tatiana Bellini (Satvrnvs Noctvrna): “A primeira que ouvi foi Emperor, e aquilo me chamou atenção de forma absurda, me fazendo consumir bandas similares, que fez que eu adotasse o gênero totalmente ao meu estilo de vida e também na influência artística, que tenho hoje. Essa foi a porta de entrada para eu procurar e me interessar em conhecer mais bandas, e o que me chamava atenção eram sempre as capas. Lembro posteriormente de ter visto as capas do Archgoat feitas pelo Chris Moyen, que através de suas artes descobri bandas como o Blasphemy, tomando gosto pelo War/Raw Black Metal, e as capas feitas pelo Necrolord que ilustrou também a capa do Emperor “In The nightside Eclipse”, do Dissection e entre outras, e me sentir inspirada tendo de forma direta a influência nos meus traços, pensando que um dia talvez pudesse ver minha arte em capas de álbum. E foi através do Dissection com sua abordagem caosgnóstica, que fui chegando em bandas numa linha até mesmo ortodoxa como por exemplo o Behexen, entre demais bandas que abordavam essa questão mais ritualística e espiritual sobre deuses e entidades ctônicas, como o Acherontas também; até chegar no “Folk Black Metal” como o Al-Namrood por exemplo, da Arábia Saudita, que mescla seus elementos étnicos com o metal. A fusão de coisas que eu sempre gostei, como mencionado acima, música étnica com metal. Tanto que além do metal, ouço muita música folclórica, ethereal wave e world music, tais como Dead Can Dance, Irfan, Arcana, Rajna….”

Passou a frequentar o centro de São Paulo aos 14/15 anos, onde começou a ter contato pessoalmente com pessoas da cena. E com a ascensão das redes sociais, postava suas artes que já continham temas de tudo que consumia e lhe inspiravam até então, com inserção de elementos que compõe o metal extremo. Divulgar esses desenhos passou a chamar a atenção de algumas pessoas do cenário underground, até receber sua primeira encomenda, que foi um logotipo, que no começo aceitava fazer por divulgação apenas.

Nisso, esporadicamente, recebia cada vez mais pedidos de arte conforme evoluía seu estilo, artes para projetos underground, arte para tatuagem; chegando ao ponto que já se sentia a vontade para pedir um valor simbólico, mas tudo isso sem sonhar que um dia poderia viver de arte. Com isso em mente, tratava apenas como um hobby, e lhe fez seguir trabalhando em diversos empregos CLT, área de vendas como corretora de imóveis, recepção e na área de administração, que foi sua formação depois.

Aos 19 anos entrou para academia, naquela ideia de “a vida imita a arte”, porque sempre admirou pinturas e ilustrações que representavam mulheres fortes, tais como as pinturas da Julie Bell, Boris Vallejo, e as artes do Conan feitas pelo Frazetta, em que teve seu primeiro contato ainda criança, como dito anteriormente, vendo nas revistas em banca de jornal.

Tatiana Bellini (Satvrnvs Noctvrna): “Gostava até do rótulo de catuaba selvagem, e nunca me esqueço, ainda criança, de ter visto um adesivo de carro com uma succubus peladona e corpulenta, em que fiquei admirando. Era basicamente o que a Tatiana criança queria ser quando fosse adulta, e também como as personagens de vídeo game. Obviamente essa projeção passou a ser manifestada nas artes.”

Para o final de 2019 e começo de 2020 logo após ser desligada da última empresa que trabalhou, no início da pandemia; foi onde começou a ter a sua ascensão artística. Foi o ano da introspecção, mas o ano que mais evoluiu os seus trabalhos devido ao isolamento, se dedicando muito à arte, consumindo muita arte também; aumentando sua coleção de CDs, e foi quando alcançou diversas pessoas online, participou mais de projetos pessoais e de mais bandas, principalmente na gringa. Foi neste período, que vendeu pela primeira vez sua arte para o exterior e as portas para isso se abriram.

Tatiana Bellini (Satvrnvs Noctvrna): “Fiz artes para os projetos do finlandês Werwolf, que passou a me contratar quando alguma banda da sua gravadora/produtora, precisasse de arte. Fiz arte para a banda Kawir da Grécia, banda que sempre estimei por abordar tema sobre o paganismo helênico, entre outras diversas bandas. E de forma muito orgânica, foram surgindo trabalhos em tal ponto que estava conseguindo me manter com dinheiro de arte.’’

Foi a partir de então, que passou a viver de arte e que ainda vive há cinco anos, fazendo o que mais ama, fazendo o que lhe faz sentir viva. Tanto que não procurou mais trabalho CLT.

Tatiana Bellini (Satvrnvs Noctvrna): “Aqui no Brasil já fiz trabalho para a banda Heia, Guerreiros Headbangers, Justabeli, Imperador Belial, Power From Hell e etc… Kastiphas, tive o prazer de ver a arte de capa que fiz para o álbum “Intense Bewitched Instinct”; estar como background no palco do Brazilian Ritual de 2023.  Entre outros trabalhos para alguns selos brasileiros, e flyers de eventos como o famigerado Natimorto no mesmo ano de 2023.’’

Tatiana segue realizando e trabalhando em muitos projetos, não só para projetos musicais, fazendo arte para a cena nacional e internacional, mas como participação em artes ritualísticas de consagração, de movimentos ocultistas. Segue em projetos pessoais também, criando arte autoral, como quadros e demais ilustrações, onde traz mais do seu imaginário, deixando alguns disponíveis para aquisição.

No final de 2022 surgiu a marca Be Bestial, que mistura a estética e gosto pela música extrema com o hábito de musculação. A marca veio da ideia da sua rotina de ouvir Blasphemy, Revenge, Archgoat durante seus treinos. Tatiana pensava sobre, como as letras dessas bandas que por vezes aborda poder satânico e vontade de potência, com a rigorosidade do treinamento, do expurgo de tudo que é fraco. Então quis trazer essas características fundidas em uma coisa só, em forma de arte nas estampas para os amantes do metal e do bodybuilding, onde essas estampas trazem referência à músicas e bandas, com essa abordagem da brutalidade e força.

Tatiana Bellini (Satvrnvs Noctvrna): “Hoje busco não só trazer o sentido obscuro, mórbido, satânico e oculto manifestados nas minhas artes, mas também a projeção de entidades e deuses tais como são representados, com o toque da minha interpretação consciente ou inconsciente; criaturas e entidades que por vezes surgem como ideias de forma muito intuitiva e esporádica, e também a somatória da natureza  visceral e tenebrosa que o ser humano tem, com elementos esotéricos que representam a mente e o espírito, sobre a destruição e construção que nossa natureza vil permite à uma possível distopia. Mas gosto, principalmente, de trazer a essência feminina. Trago muito a imagem de mulheres bestas e deusas, pois para mim o feminino é enigmático e a mulher é mágica por natureza. Tento representar essa magia nas minhas artes tanto de uma forma selvagem, crua, bruta e agressiva, quanto bela e etérea, numa forma mais nua, que o feminino possa a ser. Posso dizer que eu trabalho com a vontade do imaginário, do meu mundo interior e sobre o que entendo do meu espírito artístico, como também de outras pessoas. É manifestar o que está em mente para o material, trazer um pouco desse mundo para esse plano. É disso que se trata a arte. E é nisso que me encontro realizada atualmente.’’

Tatiana Bellini (Satvrnvs Noctvrna): “Pertenço à natureza do tempo, da morte e da impermanência, mas que a arte transcenda a mortalidade, manifestando a vontade do imaginário e do espírito imortal”

 

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