Claro que se trata da clássica música do Exodus “Another Lesson in Violence” que tem por obrigação abrir a segunda parte desta série de artigos sobre o Thrash Metal. Nenhum título de música é mais significativo, simbólico e sintético para tratarmos desta parte da história. Na primeira parte, me ative a falar das origens mais profundas do estilo falando um pouco do que teria sido a formação das bandas, principalmente Metallica, Anthrax e Megadeth.
Agora trarei outras três bandas, pioneiras no estilo Thrash Metal que tinha como principais precursores o Judas Priest, Diamond Head, Iron Maiden e, principalmente Motorhead e Venom, ambas traziam uma marca que ficou muito evidente no Thrash que era a velocidade e em algumas bandas, como as que vou falar hoje Exodus e Slayer, tiveram no Venom o espelho para trilhar o caminho das letras que versavam sobre Ocultismo e Satanismo, além de toda a sujeira peculiar do som feito pelos britânicos.
Exodus foi uma banda que se formou em 1979, assim como outras bandas do underground da época se dedicou a buscar fazer um tipo de som um pouco mais rápido, que tem muito o perfil da juventude que apontava na época, uma pressa e uma certa dose de selvageria, drogas lícitas e ilícitas, transes e muita, mas muita violência. Quando mencionei as arruaças dos integrantes do Metallica elas nem passavam perto do que os integrantes e os amigos do Exodus poderiam fazer com seu poder de destruição.
Nunca é de mais dizer que o Hardcore, com sua batida rápida, (como não domino teoria musical não saberia dizer que se trata de um compasso binário, mas quero crer que se aproxima sendo que o compasso binário é o compasso mais curto de dois tempos) foi, com toda certeza a maior influência do Thrash Metal no quesito velocidade e por admiração ao que o Motorhead fazia, superá-los era quase um desafio, assim como foi para as demais bandas que criaram o gênero dentro do Metal, aliás não só superar o Motorhead como fazer as músicas soarem mais Metal que Punk, para isso a distorção das guitarras, o peso e a forte influência da NWOBHM, foram os maiores trunfos das bandas que iniciaram esse processo de fusão de ritmos.
Considero o Exodus uma banda injustiçada, o Metallica foi uma banda que ganhou notoriedade primeiro e subiu rapidamente, o Exodus era uma banda que tinha excelentes músicas, porém sua maior fama foi sobre suas atitudes extra palco que continuaram repercutindo mesmo com o lançamento do apoteótico “Bonded by Blood” 1985 (Torrid Records) que, em minha opinião é um dos melhores discos de Thrash Metal da história junto com “Reign in Blood” 1986 (Def Jam Recordings) do Slayer e “Darkness Descends” 1986 (Combat Records) do Dark Angel. Fato é que eles se envolviam em muitas confusões, mas mesmo assim eram extremamente criativos e rápidos em suas composições, também a banda ia e voltava constantemente, não estabilizava, além de muitos artistas afirmarem que seu talento era incrível e que, se o Metallica não tivesse ascendido tão rapidamente, certamente Exodus faria um grande sucesso, mas isso acabou demorando de acontecer e a demo do “Bonded By Blood” circulou na mesma época em que o Metallica lançou “Ride the Lighting”, e se dizia que quando o Metallica estava em seu segundo álbum o Exodus deveria estar no seu quarto ou quinto álbum, mas ainda estava lançando demos.
As gravações do “Bonded by Blood” foram feitas num estúdio afastado da cidade de São Francisco e os integrantes da banda se hospedaram em uns casebres para poder gravar o álbum. As noites eles faziam festas e convidavam amigos, estas festas eram regadas de tudo que já sabemos e mais um quebra-quebra infernal. Os caras eram do tipo de jovens que não aparentavam ser os marginais que eram, mas eles quebravam janelas das casas, mijavam nos aquários e frascos de shampoo, ou seja, eles eram “personas non grata” em qualquer lugar. Era o tipo de jovens que tinha gangue e, talvez tenha sido o maior empecilho que eles tiveram na carreira.
Das principais histórias da Exodus, podemos destacar a do próprio Paul Baloff, primeiro e mais emblemático vocalista da banda “nasceu com o nome de Pavel Nikolayevitch Balchishkov (cuja informação foi revelada por Rick Hunolt no documentário “Murder In the Front Row”), mas era mais conhecido como Paul Nicholas Baloff, que é seu nome equivalente ao inglês. Sua mãe é dos Estados Unidos e seu pai é da Rússia (antiga URSS).” Lembrando novamente do nosso primeiro artigo, o Glam Rock (Metal) era um estilo combatido pela maior parte dos jovens do underground da época, principalmente aqueles ligados ao estilo que estava se formando que era o Thrash Metal, que não apenas pregava violência nas músicas, mas eram violentos de fato e o Paul Baloff era a encarnação simbólica maior desta violência do movimento Thrash no início dos anos 80 que durou pela década adentro.
Paul Baloff era o tipo do cara que andava com um taco de baseball pra cima e para baixo, quebrando aparelhos de TV e tudo que tivesse em desacordo com sua adrenalina no momento. Ele abordava os caras que estivessem com camisas de bandas de Glam e odiava o Ratt (banda de Glam Metal de São Diego, California dos anos 1980), ele rasgava as camisas e ficava com retalhos como relíquia e amarrava no braço como troféus, as pessoas achavam que eram simples pulseiras, era nada, eram os retalhos das camisas rasgadas por Baloff e sua gang que era chamada internamente de Slay Team (time de assassinos), romântico, não? (risos). Tony Rage era um dos integrantes mais violentos da Slay Team, existem narrativas sobre suas atuações em shows da Exodus, aterradores como andar cerca de 6 metros pisando nas cabeças do público, ou quebrar braços e causar contusões graves nas pessoas, Tony chegou a figurar no clipe de “The Toxic Waltz” – Terceira faixa do disco “Fabulous Desaster” de 1989 (Music for Nations) com o vocalista Steve Souza, Paul só gravou o primeiro álbum.
A célebre frase “kill the posers” é de autoria da gangue Slay Team, que rapidamente se espalhou por toda Bay Area, e ultrapassou as fronteiras. Tal termo foi largamente usado aqui no Brasil, não necessariamente pelos Thrashers, mas pelo ambiente ultrarradical protagonizado pelo movimento Death/Black do final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Aqui na minha cidade (Salvador/Ba), era muito comum o embate aos que considerávamos posers utilizando de métodos muito similares ao do Slay Team, tomando camisas e rasgando, usando da violência física e discursos de puro ódio aqueles que não estavam integrados na conduta underground. Os cartazes de shows aqui eram carregados de mensagens anti-posers e isso assustava de fato aqueles que não “pertenciam” àquele círculo de pessoas e bandas da época e isso durou por praticamente toda a década de noventa e ainda invadiu parte dos anos dois mil.
Nessa odisseia protagonizada pelo Exodus e sua gangue, houve a contaminação de outras bandas e outros grupos fazendo com que essas atitudes se tornassem “comuns” naquele período, por tanto, comparando o que Dave Mustane e o Metallica fez nessa época é fichinha perto do que foi o Exodus e seus asseclas. O que a Exodus teve de mais especial, não apenas em minha opinião, mas na opinião da maioria dos contemporâneos da banda, músicos e fãs foi o primeiro álbum “Bonded by Blood” e seu exímio vocalista Paul Baloff que, infelizmente só gravou este álbum. Por volta de 1996/97, Paul chegou a retornar a banda e gravou um álbum ao vivo carregando o título de sua mais simbólica: “Another Lesson in Violence”, porém não houve tempo para que ele gravasse algo novo devido seu falecimento em 2002. Baloff ficou em coma após um derrame e morreu depois que os médicos o retiraram do aparelho de suporte vital. O álbum do Exodus, “Tempo of the Damned” 2004 (Nuclear Blast), no qual ele deveria cantar, foi dedicado à sua memória.
Outra banda que causou grande impacto, principalmente a esse que vos escreve, foi o Slayer, por dois álbuns seminais: “Show no Mercy” 1983 (Metal Balde Records) e o assassino “Reign in Blood” 1986 (óbvio que os mais atentos vão estranhar eu não ter citado o “Hell Awaits”, o segundo álbum, porém esse não foi tão marcante para mim como os dois supracitados). Slayer tinha uma aura Satânica que me cativava demais, talvez alguns aqui não saibam muito sobre este que vos escreve, mas minha história de vida é pautada no estudo do ocultismo/satanismo, que comecei por volta dos 12/13 anos, e foi esse estudo que me levou ao metal depois de um amigo de escola ter comentado que Possessed era uma banda Satânica e eu ter enlouquecido procurando essa maldita entidade e pude conhecer assim o Metal. Por isso Slayer, Exodus e Dark Angel tenham sido as bandas de Thrash que mais me cativaram em detrimento das bandas que tinha uma linha sonora e lírica diferentes, mesmo fazendo Thrash Metal (falarei especificamente desta bifurcação sonora em um dos episódios sobre o Thrash).
Certamente o perfil pessoal dos integrantes do Slayer não se aproximava tanto do Exodus, mas em termos sonoros eles eram o que havia de mais extremo se tratando de Thrash Metal, era uma sonoridade extremamente violenta, rápida e cortante feito facas amoladas. A influência dos estilos do Venom, Motorhead e do Hardcore californiano estavam ali muito bem representadas pelo gosto musical que os integrantes tinham.
Kerry King era um músico que, perto dos outros músicos contemporâneos, podia ser chamado de careta, porque ele nem bebia até os 20 anos por seu pai ser rígido e policial. Mas as ideias musicais que ele tinha eram nada ortodoxas, muito pelo contrário. Kerry foi o cara que podemos dizer, criou os spikes. Ele fabricava seus braceletes colocando pregos longos e spikes jamais vistos até então e isso era um visual aterrador. Slayer também foi uma das primeiras bandas a tirar fotos com corpse paint e na época o publico em geral os comparava com a banda Misfits (banda de punk rock fundada por Genn Dazing em Nova Jersey). Na foto que serviria para o encarte do álbum “Show no Mercy” eles iriam tirar as fotos com a namorada do Tom Araya, que desistiu em cima da hora e a esposa de Jeff acabou sendo a modelo no final, as fotos com essa carga visual começou e findou no “Show no Mercy”, porém isso foi uma grande influência para a cena alemã de speed/black metal e para bandas brasileiras como Sarcófago a época.
Slayer tinha uma veia muito teatral inspirada pelo Venom, a diferença era de orçamento, enquanto o Venom era uma banda que tinha uma superprodução pirotécnica sofisticada, o Slayer tentava produzir explosões e fumaça usando pólvora feito de forma artesanal com painéis de madeira, tubos de pvc e pregos, quase chega a incendiar o local em uma das vezes, porém nunca aconteceu nenhum incidente. Musicalmente, Slayer foi ganhando um espaço diferente do espaço que o Metallica, mas diante de sua competência e criatividade foi rotulada como uma das grandes quatro bandas da Bay Area junto com Metallica, Anthrax e Megadeth.
O Slayer fincava sua bandeira numa base de fãs, enquanto isso Metallica se tornava uma banda internacional com seu álbum “Ride the Lighting” e emplacava música em rádio comercial com “Fade to Black” que, para muitos, era uma balada e não uma música que seguia as características do Thrash Metal, certamente ali estavam alguns indícios do que o Metallica iria buscar para seu futuro, não um futuro tão próximo de 1985 ou 1986…
Slayer entrou no Big Four, mas muitos acreditam que Exodus deveria ser considerada uma grande banda, Gery Holt acredita que as atitudes de Paul Baloff tenham sido as principais causas da Exodus ter sido uma banda que não cresceu quanto as demais e, por esse motivo ele entende que a banda teve mais “sucesso” com a saída de Baloff e a inserção de Steve “Zetro” Souza e é verdade, porém Exodus nunca mais foi a mesma, nunca mais lançou um disco próximo ao que foi o “Bonded by Blood” e teve seu nome eternamente vinculado a Paul Baloff e o lamento dele não ter continuado na banda.
Outra banda que talvez merecesse o “status” de Big seria o Testament, mesmo que, com esse nome, Testament tenha surgido para o Thrash Metal na sua segunda onda, a banda já existia com outro nome: “Legacy”, porém por questões judiciais não pode permanecer com o mesmo e precisou mudá-lo escolhendo Testament. Eric Peterson e Louie Clemente se conheceram no tempo de colégio, se viram num parque onde o Louie usava uma jaqueta jeans com um path nas costas do Iron Maiden e o Louie perguntou ao Eric se ele sabia onde comprar maconha! (risos), assim eles começaram a ser amigos e se juntaram para formar o Legacy em 1983 com: Greg Christian (Baixo), Louie Clemente (Bateria), Alex Skolnick (Guitara), Eric Peterson (Guitarra rítmica), Chuck Billy (Vocais).
A assunção do nome Testament só é ratificada em 1987 quando eles lançam o álbum “The Legacy” pela Megaforce Records em homenagem ao seu antigo nome num cenário onde o Thrash Metal já era uma realidade após a explosão do estilo em 1985 (que também terá um capítulo especial da série). Chuck Billy conta como foi sua entrada para o Testament após um telefonema do Zetro (Zetro era vocalista do Legacy/Testament até então), que lhe disse que havia entrado no Exodus e que era para ele, Chuck, ligar para Alex Skolnick, dizer-lhes que se conheciam e que queria fazer teste para o Legacy.
Chuck era estudante de canto e instrumentos de corda na faculdade, mas também era um banger que fazia parte de uma gang rival a Slay Team chamada Dublin Death Patrol e ele metia medo porque era/é um cara grande. Após ter ligado para Alex, ele foi para o apartamento onde o Legacy estava ensaiando, levou um amplificador e um pack de cerveja (risos), nada mais típico. O espaço era pequeno e não cabia todos no cômodo, por isso Chuck Billy cantou no corredor. Ele nem conhecia o Thrash ainda e cantava numa banda de Heavy Metal chamada Guilt e sua performance era uma verdadeira afronta, Chuck costumava insultar o público e os chamava de covardes.
Fato é que o Testament só caiu nas graças do público graças ao “Master of Puppets” do Metallica, que já trazia um Thrash mais progressivo, uma sonoridade mais “clear” sem deixar de lado a velocidade, que já não era a tônica do som deles e a sonoridade do Testament tinha essa configuração principalmente nos álbuns: “The New Order” de 1988 (Megaforce Records) e “Practice What You Preach” de 1989 (Megaforde Records) segundo e terceiro álbum respectivamente. O “Master of Puppets” foi um divisor de águas na vida do Thrash Metal, não apenas pela sonoridade do disco, mas pelas declarações de Lars, que chegou a dizer que o Metallica era uma banda de Heavy Metal e não de “Thrash” apesar de terem sido um dos pioneiros do Thrash, Lars parecia ter um pouco de mágoa por ele acreditar que até então (no seu terceiro álbum) eles ainda não eram levados a sério e aquele álbum era uma espécie de resposta.
Fato é que, mesmo sendo um disco diferente do que o público esperava e sobre a explosão do estilo a partir de 1985, aquele álbum do Metallica ainda era um álbum de Thrash Metal mesmo que mais polido. O Cliff se dedicou muito nas composições do “Master…”, porque estudava música e tinha uma inspiração que também foi se tornando refinada. Infelizmente, foi na turnê do “Master of Puppets” que aconteceu o fatídico acidente que matou Cliff Burton. A morte dele na época repercute até hoje e muitos lamentam a ponto de dizerem que foi uma das maiores perdas para o Metal na história. Para os que não sabem, o veículo que os integrantes do Metallica estavam viajando de uma cidade para outra na Europa, derrapou no gelo e capotou arremessando Cliff para fora do veículo, e este mesmo veículo tombou sobre o corpo de Cliff o esmagando, aconteceu numa estrada para Copenhague (DIN) as 5h da manhã do dia 26 de setembro de 1986.
A morte de Cliff foi extremamente impactante para o Metallica e foi difícil seguir a carreira, assim mesmo a banda seguiu, substituindo Cliff pelo baixista de uma banda promissora da época, Flotsam and Jetsam, banda que tinha acabado de assinar com a Metal Blade e feito seu primeiro álbum “Doomsday for the Deceiver” 1986, e assim Jason Newsted foi recrutado para o Metallica deixando a Flotsam and Jetsam. Fato é que o Metallica nunca mais foi o mesmo depois de Cliff, lançou dois álbuns muito fracos: “…And Justice for All” 1988 e “Metallica” 1991 (conhecido como Black Album). Claro que para além das histórias que quero trazer nestes artigos, obvio que também minha opinião se fará presente, eu achava esses discos muito ruins e depois só piorou a ponto de não conseguir identificar aquele Metallica do “Kill´Em All” ou do “Ride the Lighting”, certamente outras bandas deram seguimento ao seu legado, exceto ela mesma.
Enquanto o Metallica mudava os rumos sonoros de suas composições o Slayer, simplesmente, lançava o disco de Thrash Metal mais letal da história, o “Reign in Blood”, solidificando uma ramificação sonora com identidade num período extremamente conturbado que foi a década de oitenta do século vinte. Nos Estados Unidos estava uma onda do politicamente correto e o Slayer, através de sua música, significava tudo que havia de mais repugnante, contrário, mesmo sem esquecer que foi nesse momento que as bandas de Death Metal também causavam algum alvoroço, mas ainda nada comparado ao Slayer. Aquelas influências do Harcore, Venom e Motorhead estavam na maior rotação em “Reign in Blood” um dos discos mais matadores do Thrash Metal, ele era/é tão rápido que suas dez faixas não duram meia hora. Ali sim, está uma das inspirações mais perfeitas do que eu acredito ser a essência do desenvolvimento do Thrash, apesar de toda suspeita que paira sobre minha opinião, justamente por apreciar Metal Satanico, o Slayer soube fazer isso como ninguém, tanto liricamente (talvez hoje soe até infantil perto do que as bandas de Black Metal passaram a escrever), quanto musicalmente.
Salyer levou consigo diversas acusações, desde apologia ao crime como o Nazismo através da música “Angel of Death” que foi imediatamente associado a Josef Megele um oficial alemão da Schutzstaffel (SS) e médico no campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial. Bom, era uma conexão clara com uma narrativa aos olhos de Mengele, mas não podemos esquecer que a arte lida com a fantasia, nem sempre com a realidade, as pessoas precisam se capacitar sensivelmente para compreender que, em determinados casos, a ficção, ainda que baseada em fatos, vai trazer uma narrativa hipotética, não necessariamente realista ou que exalte figuras nefastas como foi o Josef. Tom Araya é Chileno e ele chega a dizer o quão era ridículo o Slayer ser chamado de banda nazista por causa dessa música, já que ele era chileno e ser “nazista” seria o mesmo que ser contra ele mesmo. Os músicos da banda, reiteradas vezes, declaravam que suas músicas falavam sobre o mal, porém que não era exaltação de figuras como terroristas, nazistas ou assassinos em série, era uma tentativa de dar a perspectiva destas figuras como personagens narrando naquelas composições, e por que eles faziam isso? Porque era a representação do mal!
Slayer por essas e outras se tornou uma banda absolutamente polemica, dividindo opiniões, mesmo assim ganhando muitos fãs e influenciando muitas bandas a se formarem ou a seguirem seu legado, principalmente bandas alemãs, mas que buscavam abordar o “mal” diferente do que Slayer fazia, não entrando nessas polemicas, mas sendo admiradas por muitas bandas de Thrash que vieram em seguida, não só as bandas alemãs como as brasileiras.
Neste episódio sobre o Thrash, eu busquei trazer mais três bandas seminais para a formação do Thrash Metal da Bay Ares, apenas quatro foram consideradas big, mas nestas quatro eleitas caberia, pelo menos, mais duas: Exodus e Testament, apesar de acreditar que muito mais Exodus que Testament, alguns ocorridos na carreira das bandas destituem ambas desse pódio das maiores bandas do Thrash da Bay Area. Na sequência dos artigos, no terceiro mais especificamente, irei abordar as bandas de Thrash Metal Alemãs, tentando fazer um panorama que diferencia a sonoridade dessas bandas que não iniciaram como Thrash e tinham recursos sonoros, visuais e líricos mais próximos ao speed/black metal e, somente depois de 1985, as bandas começaram a modificar não apenas o som, mas o visual em suas fotos promocionais.
Como fiz na primeira parte, irei aqui deixar uma nova lista de álbuns básicos para acompanhar o início e evolução do Thrash Metal e até a próxima.
Slayer – “Show no Mercy” 1983, Metal Blade Records
Slayer – “Hell Awaits” 1985, Metal Blade Records
Slayer – “Reign in Blood” 1986, Def Jam Records (o maior clássico da banda, o disco mais revolucionário e rápido já lançado na história do Thrash Metal até então)
Exodus – “Bonded by Blood” 1985, Torrid Records (primeiro e único álbum de estúdio gravado por Paul Baloff, um marco do Thrash Metal Bay Area, depois disso Paul foi sacado da banda e aconteceram diversas mudanças sonoras e visuais na banda, tornando-a uma banda mais “comercial”)
Testament – “The Legacy” 1987, Megaforce Records
Testament – “The New Order” 1988, Megaforce Records (considerado o disco que recebeu a maior influencia do Metallica e o melhor álbum do Testament de sua primeira fase)
Observação: é importante ressaltar que a discografia recomendada é de álbuns escolhidos por critérios pessoais, ainda que haja algum caráter histórico. Ademais, é uma discografia básica que não pretende ser infinita, mesmo porque, outros artigos se seguirão com novas recomendações.