WARFORGED – Competência de dedicação à música extrema.

"Nesta jornada encontrei muito mais do que respostas, encontrei um caminho..."

Entrevista

Warforged é uma banda “One Man Band” de black metal que representa bem toda sua sonoridade dentro do nosso underground, vamos saber mais sobre os planos futuros e sobre o novo álbum conversando com seu mentor e idealizador de todo o projeto, meu amigo Daeroth.

Warforged foi formado em 2007, conte nos como foi essa trajetória até os dias atuais?

Daeroth – Saudações Luvarth e a todos os leitores! Em primeiro lugar quero agradecê-lo pelo convite, pois como você sabe, tenho muito respeito e admiração pelo trabalho que você realiza frente à seus projetos. É uma honra para nós do Warforged compartilharmos algumas visões com vocês através deste canal tão importante para o underground.
Desde 2007 quando iniciei os trabalhos de composições no Warforged, nunca tive a intenção de estruturá-lo como uma banda efetivamente focada em lançamentos e apresentações ao vivo, mas sim, como uma entidade onde eu pudesse dedicar meus estudos pessoais e perpetuá-los em forma de arte através da música.
Desde então, tudo o que aconteceu na trajetória do Warforged foi para somar a esse propósito, principalmente em 2014 quando o Warforged deixou de ser um One Man Band e se tornou um Duo com a entrada do Demogorgon, que compartilha da mesma visão e essência.

Você como uma “One man band”, qual a maior dificuldade por ser uma banda de um único membro?

Daeroth – Estar à frente de um one man band te ensina muito sobre suas próprias limitações. Exige uma busca constante ainda mais aprofundada por conhecimentos diversos que se fazem necessários para expressar sua arte com maestria, e nem todos que se arriscam neste universo entendem o quão complexo isso pode ser.
Vejo como um grande desafio pessoal e introspectivo, e mesmo hoje o Warforged contando com mais um membro fundamental, os desafios são basicamente semelhantes, pois o objetivo continua sendo o mesmo.
Mas ao meu ver, isso é fascinante. Traz ainda mais valor e significado para as obras.

Em 2010 foi lançado o álbum de estreia da banda, “The Black Age of Light ‘s Fall”, como este álbum foi recebido pelo público extremo?

Daeroth – Quando o “The Black Age of Light’s Fall” foi lançado, o underground estava em um momento fantástico, onde a comunicação entre as bandas e headbangers de todo o mundo eram muito próximas devido aos canais digitais.
No Underground Brasileiro, felizmente o álbum teve um reconhecimento muito forte, mas fora do Brasil o impacto foi ainda maior, pois no mesmo período diversas gravadoras undergrounds e zines que estavam acompanhando o cenário brasileiro por obras como o Suici.De.Pression do Thy Light, Hymns of Victory and Death do Pátria, Ossos, Ódio & Angústia do Vulturine, Lucifer Rex I & II do Spell Forest, entre outras fantásticas…
Isso colocou o The Black Age of Light’s Fall no radar de descoberta dessa galera, o que acabou evoluindo para os primeiros convites de lançamentos em vários países.

No evento “Profana Aliança Nacional” de 2013, eu estive presente, e o Warforged foi uma das melhores bandas a se apresentar, como foi essa sensação do primeiro live de uma “One Man Band”?

Daeroth – Sem sombra de dúvidas é um dos momentos mais especiais e marcantes da nossa história, pois eu nunca imaginei que seria possível, e foi uma soma de acontecimentos que contribuíram para que a apresentação acontecesse.
Nossa banda de Death Metal, o Hurtgen, que sempre foi nossa banda principal, vinha em um momento muito forte no underground, realizando uma série de shows e se aproximando de um pessoal muito sério e competente nas organizações.
E foi isso que possibilitou o Warforged subir no palco, pois estávamos em uma confraternização na casa de uma banda parceira na época, onde o Flávio Necrovisceral comentou que estava finalizando os detalhes para o próximo Profana Aliança Nacional, e o pessoal que estava na confraternização de imediato comentou para colocar o Warforged em uma apresentação especial.
Naquele mesmo momento eu estava conversando com o Demogorgon (Que conheci pessoalmente neste dia) e o Arnahell, outro grande amigo, e como eu já conhecia o trabalho da banda anterior do Demogorgon, o Hargonath, fiz o convite se ele toparia participar do show como baterista e os demais membros do Hurtgen seriam a banda de suporte.
Enfim, a oportunidade certa no momento certo. Sempre fui muito grato a todos os amigos e antigos colegas que contribuíram para esse momento, aos meus parceiros que subiram ao palco conosco, e ao Necrovisceral por uma das organizações mais profissionais e competentes que tive o privilégio de presenciar.

Conte sobre o contexto da capa do álbum “Quintessence”, quem foi o criador da obra?

Daeroth – Desde quando iniciei meus estudos sobre o que é a Quintessência, que acredito ser a fonte de energia do universo que dá origem a tudo, e podemos nos conectar com essa fonte e utilizá-la como nosso poder espiritual, tenho em mente a imagem de um arquétipo de Lúcifer e de tudo o que ele representa como ideal, sem a face, se conectando com essa energia alcançando a iluminação.
Para mim, ao nos conectarmos com essa energia universal, temos o poder de Deuses. É isso que acredito ser o caminho da iluminação. Essa foi minha inspiração para representar o conceito do álbum.
A arte eu mesmo criei reunindo diversas referências, pois sempre tive muita afinidade e paixão pela fotografia, artes gráficas, etc. Inclusive são pilares muito importantes da minha carreira profissional, pois antes de atuar efetivamente como estrategista de negócios, por diversos anos atuei como designer.

No anúncio de divulgação da capa de “Quintessence”, a frase…”fechando um ciclo muito importante na jornada de evolução do espírito de guerra da entidade Warforged.”, realmente será uma despedida com Warforged?

Daeroth – Por mais de duas décadas estive em busca constante por respostas para questões diversas, e justamente essa busca foi o que me trouxe para o estudo do oculto, da filosofia, da história antiga, e me aproximou do Black Metal em forma de arte.
Nesta jornada encontrei muito mais do que respostas, encontrei um caminho. E isso é o que a obra Quintessence representa, transcender as questões mundanas de uma batalha religiosa e política, para seguir a jornada em um caminho muito maior e mais nobre, o caminho da ascensão e iluminação pessoal.
Esse é o fim do ciclo do “Legado do Anticristo” que iniciei com o Warforged escrevendo sobre batalhas e guerras no cenário do Paraíso Perdido.
Agora que tenho todas essas questões respondidas e transcendidas, abro espaço para um novo caminho mais amplo e nobre.

Na atualidade em que vivemos dentro do underground, aparece muitos “pseudos black metallers” com essa onda de “cancelar”, seja por um motivo mais fútil, o que acha dessa cultura atual em que vivemos dentro do nosso Underground?

Daeroth – A conquista de poder e o medo da rejeição são dois sentimentos intimamente ligados à natureza humana. Quando você “rejeita” alguém, é um ataque para impedir que aquela pessoa conquiste poder, e você ao mesmo tempo se torne mais relevante dentro de um círculo social ou ambiente. Quando você apoia um ataque destes, por mais absurdo que seja, você é aceito por ser um “aliado”, caso contrário, você é mais um alvo.
Em todos ambientes, encontramos pessoas que querem tomar propriedade de algo para eles, seja na religião, na política, e nos próprios movimentos underground. No metal extremo então, mesmo com todo o papo de liberdade, querem te controlar a todo momento.
Tudo é uma grande guerra por atenção e poder, e existem pessoas que vão ficar acorrentadas a isso pelo resto de suas medíocres vidas, inventando mentiras e atacando aquilo que consideram ameaça para tirá-las de um palco ilusório.
Criticam política e religião, mas fazem exatamente o mesmo… Enfim, “Eternal Fight”…

Anthems of Desecration and Demise é um split com o Dodsferd, como foi a ideia de fazer o split?

Daeroth – O Wrath é um contato de longa data, que conheci em uma oportunidade de lançarmos o Dodsferd aqui no Brasil através da minha antiga gravadora, a Wolves Curse Records. Depois que o lançamento foi concretizado, surgiu a ideia de lançarmos um split com ambas as bandas para divulgarmos o Dodsferd aqui nas Américas, o Warforged ser divulgado na Grécia e países vizinhos.
Foi uma experiência fantástica que nos proporcionou alcançar um público incrível, além de ter o prazer de apresentar o quão poderoso é o som do Dodsferd para nossos amigos aqui no Brasil e países vizinhos.

Cite um álbum que você gostaria de ter composto, aquela verdadeira obra prima!

Daeroth – Quem me conhece sabe que de cara eu diria aqui que é o “Anthems to the Welkin at Dusk” do Emperor, mas na verdade, existe um álbum ainda mais importante que inclusive é inspiração para o próprio Emperor.
Seventh Son of a Seventh Son do Iron Maiden. Definitivamente é uma das obras mais geniais já compostas na história.

Uma decepção dentro do underground..?

Daeroth – Principalmente no Black Metal, falarem tanto sobre evolução e liberdade e caírem em mentiras sobre difamações como se fossem umas crianças de 6 anos. É impressionante o quão atrofiado é o intelecto de algumas pessoas que simplesmente julgam tudo e a todos como se estivessem presos décadas atrás.
Mas é aquela, aos desprezíveis, o desprezo. Aos notáveis, nosso reconhecimento. Existem muitos nomes de valor que merecem nosso reconhecimento por suas contribuições.

O EP “The Battle of Belial Against Gabriel” ganhará uma versão física ou apenas digital mesmo, ou gostaria de acrescentar em algum futuro lançamento?

Daeroth – Com certeza! Até porque diariamente me pedem muito e todos os materiais que lançamos até então, se esgotaram já faz alguns anos.
Mas acredito que no momento certo, todos os trabalhos do Warforged terão edições e re-edições especiais em formatos físicos, sejam CDs, Tapes, etc.
Hoje fico muito feliz em ver o nível absurdo de qualidade que as gravadoras nacionais conseguem produzir seus materiais, coisa que antes era muito difícil de alcançar, inclusive diversos materiais optamos prensar fora do Brasil, pois os que fizemos internos tivemos problemas. Mas hoje, o nível é fantástico. Quem ganha com isso é o próprio público colecionador.

Agradeço por aceitar nossa entrevista, deixe as palavras finais para todos os cultuadores e admiradores do Warforged…

Daeroth – Em nome do Warforged, nós que agradecemos pelo espaço e pelo profissionalismo. Aos amigos e parceiros de longa data, muito obrigado pelo suporte, é sempre um prazer compartilharmos um pouco mais sobre nossa arte com todos vocês.

Hail Chaos! A.L.R.!